Capítulo 2

A casa da matilha estava sempre aquecida, graças ao excelente sistema de calefação que contrastava com o frio implacável do exterior. Terminei de me arrumar, colocando uma camiseta de manga comprida cor rosa pastel e um jeans preto desgastado. Dirigi-me à cozinha para preparar o café da manhã dos quadrigêmeos.

Era a semana dos quadrigêmeos, e desde pequenos, uma semana antes de seu aniversário, começavam a ser mimados e consentidos em tudo o que desejavam. Era como um aniversário de sete dias, culminando numa celebração extravagante no sétimo dia.

Preparei uma variedade de pratos, incluindo waffles fofinhos, panquecas douradas, bacon crocante, ovos mexidos e suculentas salsichas. Coloquei a manteiga e a calda de bordo na mesa. Preparei café. Bebi rapidamente um pouco de café doce com leite para ter energia e comecei a arrumar a mesa. Não me era permitido tomar café da manhã com eles, nem comer o mesmo que eles comiam. Deveria preparar primeiro o café deles, deixar que comessem e depois preparar o meu.

Luna Ivy, uma mulher de pele pálida, olhos verdes e cachos dourados, entrou na sala de jantar para verificar se tudo estava como ela desejava. Olhou-me com desagrado.

— Você lavou a louça? Certifique-se de fazer isso direito antes de comer. Os quadrigêmeos vão descer logo — disse Luna Ivy friamente.

O Alfa Caspian entrou calmamente, beijou sua luna com profundo amor e assentiu com a cabeça para mim. Ele era alguém neutro em relação a mim; não era severo, não exigia coisas, mas também não me tratava com gentileza. Era como se minha existência fosse indiferente para ele. Como uma comitiva atrás dele, vieram meus "algozes", os quadrigêmeos.

Mediam um metro e noventa e cinco, vinte centímetros mais altos que eu. Pareciam com seu pai com seus cabelos pretos brilhantes até os ombros, rostos cinzelados, olhos azuis de bebê, covinhas e fendas no queixo. Como eram Alfas, todos tinham ombros largos e musculosos, abençoados com super velocidade e super força até mesmo além do que se considerava extraordinário para um lobisomem.

Eram perfeitamente idênticos e perfeitamente atrozes, ao menos para mim. Suas vozes profundas ecoavam enquanto gritavam com entusiasmo, empurrando-se uns aos outros brincalhões. Fariam vinte e um anos amanhã, mas ainda agiam como se tivessem doze.

Alex era o mais velho e o mais sério, aquele que certamente governaria com mão de ferro. Também era o mais difícil de se aproximar. Eu o respeitava muito; não era de ter namoradas, sempre que alguém perguntava o motivo sua resposta era a mesma: esse título só cabia à sua Luna.

Depois vinha Samuel, ou Sam, como todos na matilha o chamavam. Ele era o segundo em ordem descendente. Embora também fosse sério, costumava ser um pouco mais acessível, embora quando se irritava era melhor não estar por perto. Também era o mais explosivo. Ao contrário de Alex, sempre andava com uma loba ao seu braço, mas não costumavam durar muito. O relacionamento mais longo que teve foi de três meses.

Seguia-se Axel, o típico playboy e bad boy. Suas namoradas rodavam a cada dois meses, algo quase religioso. Nunca ficava com a mesma garota por mais desse tempo; às vezes até menos. Também era quem fazia minha vida um inferno sempre que podia, e isso era sempre. Ele e Sam eram os que mais me metiam medo.

Por fim, vinha Ian, o mais novo dos quatro. Ele era o mais doce, mimado e carismático. Nunca teve namorada. Pelo que eu via, era o melhor dos quatro.

Nunca ficou com uma loba. No início, quis experimentar e tentou ficar com algumas garotas, mas sempre voltava decepcionado. Um dia, do nada, declarou-se celibatário. Disse que se guardaria para sua luna. Suas palavras foram: “Nenhuma loba conseguiu acender a faísca no meu coração. Não vou perder meu tempo em relações vazias. Esperarei minha Luna e quando ela chegar, a amarei com todo o meu ser, fazendo-a sentir-se como a joia brilhante que é.” Lembro que Luna Ivy estava eufórica quando ouviu isso. Depois do Alfa, Ian era quem ela mais protegia. Havia algo em Ian que me chamava a atenção. Talvez fosse porque sempre tentava me fazer rir ou me salvava de seus irmãos, realmente não sei. O único que eu sabia é que sem ele, minha vida seria pior do que já é.

— Você preparou tudo isso, Kattie? — disse Ian com um lindo sorriso, tirando-me dos meus pensamentos.

Enquanto passava por mim, tentou tirar o laço do meu cabelo e deixá-lo solto. A Ian eu não tinha medo; ele costumava dizer que gostava do meu cabelo solto e, sempre que podia, roubava meus laços. Mas este era o último que eu tinha; não podia deixar que o tirasse. Eu o esquivei, dando alguns passos para trás sem olhar, e esbarrei em algo duro. Virei-me e lá estava Axel, olhando-me com um sorriso travesso. Sabia que isso não era nada bom. Ele segurou-me pelos ombros, aproximando seu rosto perigosamente do meu até que nossos narizes se tocaram.

— Gatinha travessa — disse com um sorriso no rosto.

— Se Ian quer esse laço, você deve dá-lo, entendeu? — terminou dizendo Sam, colocando-se atrás de mim e acabou tirando-me o laço.

Virou-se e lançou-o para Alex, que o pegou e guardou no bolso. Com um de cada lado, começaram a me apertar, enterrando seus rostos em meu pescoço e aspirando meu cheiro. Eu me sentia presa, quase sufocada.

Comecei a questionar o que estava acontecendo; nunca tinham se comportado dessa maneira. Meus olhos encheram-se de lágrimas ao sentir sua tentativa de humilhar-me, mas recusei-me a deixá-las cair. Eu tinha prometido não chorar por eles, não ia dar-lhes essa satisfação.

Com um movimento rápido, libertei-me de seu agarre; era meu último laço, não podia perdê-lo, mas os futuros Alfas não estavam dispostos a deixar-me ir tão facilmente. Ian, ao ver minha tentativa de resistência, ficou imóvel, enquanto Axel e Sam trocavam olhares cheios de cumplicidade, desfrutando da situação.

— Vamos, Gatinha, você não quer que isso fique mais complicado, né? — disse Axel, aproximando-se um pouco mais. Seu tom era brincalhão, mas havia uma borda de ameaça em sua voz.

— Não me toque, Axel. Devolva-me meu laço! — gritei, tentando manter a voz firme, embora soubesse que estava perdendo a batalha.

Sam soltou uma risada que ecoou no ar, e isso fez com que minhas bochechas queimassem de vergonha e raiva. Eles desfrutavam da minha luta; alimentavam seu ego com pequenas derrotas. Tentei dar um passo para trás, mas as costas de Sam bloquearam meu caminho.

— Por que você não desiste? — murmurou Sam, inclinando-se para mim, com seu hálito quente roçando minha pele. — Você não pode ganhar.

Meu coração batia forte, e um nó formava-se em minha garganta. Nunca quis cair em seu jogo, a pressão de seus corpos e suas palavras ia desgastando minha resistência. Olhei para Ian, que ainda contemplava a cena com interesse, sem fazer nenhum movimento para me ajudar. A decepção apoderou-se de mim; ele, o mais doce e carinhoso entre eles, apenas observava como se isso fosse um espetáculo.

— Por que vocês são assim? — gritei, sentindo que as lágrimas começavam a surgir nos meus olhos.

Sabia que devia permanecer forte, mas a sensação de impotência era esmagadora.

— Porque podemos — respondeu Axel, exibindo um sorriso de escárnio. Ergui a cabeça, tentando desafiá-lo, mas no fundo, minha determinação desvanecia.

Naquele momento, senti como se aproximassem mais, o ar tornava-se denso com o desafio que me lançavam. Desesperada, empurrei Axel para me libertar, mas só consegui que ele risse mais.

— Ei, calma. Estamos apenas brincando — disse Sam, como se isso justificasse.

Minha resistência valente desmoronava lentamente, e ante sua risada escarnecedora, sua crueldade e a sensação de estar presa, deixei que os soluços escapassem. Já não podia lutar, o choro era iminente e me rendi à diversão deles, olhando para o chão, derrotada.

— Tudo bem, podem ficar com ele, Alfas — sussurrei entre lágrimas, com minha voz quebrada. — Só... me deixem em paz.

Axel e Sam trocaram olhares surpresos antes de sorrir em uníssono.

— Essa é a nossa Gatinha — disse Sam, enquanto estendia a mão para tocar meu braço com uma falsa gentileza.

Axel riu.

À medida que se afastavam, deixando-me tremendo e com a vergonha agarrada ao meu peito, compreendi que, embora tivesse perdido essa batalha, a guerra ainda não havia terminado. Teria que encontrar a maneira de mudar as regras do jogo.

— Estou com fome, parem de brincar — disse Ian em uma tentativa vã de aliviar o ambiente.

Quando girei para tentar escapar, pude ver como Luna Ivy me olhava com ódio, se seu olhar pudesse matar, já estaria três metros abaixo da terra.

Antes de que pudesse escapar, Alex se aproximou de mim. Sempre tentava evitá-lo e não olhá-lo diretamente nos olhos; tinha terror de fazê-lo se zangar, embora ele seja um dos mais calmos dos quatro, quando se zanga é o mais impiedoso. Inclinou-se ficando à minha altura e levantou meu queixo, fazendo com que eu o olhasse nos olhos.

— Você deve respeitar seus Alfas, Kattie. Entendeu? — perguntou olhando-me de forma severa.

Olhando-o nos olhos, assenti com a cabeça, já sem forças sequer para responder.

— Palavras, Kattie — disse sem desviar seu olhar do meu.

— Sim, Alfa Alex — disse quase em um sussurro, sabendo que ele podia me ouvir.

Quando Alex me soltou, corri para a cozinha. Meu coração batia tão rápido que parecia que a qualquer momento sairia do meu peito.

Comecei a arrumar e limpar todos os pratos. Ainda não tinha comido nada, só tinha no estômago o café que pude tomar de maneira rápida, e estava com muita fome. Sentia-me um pouco tonta. Essa era uma característica minha: quando passava um tempo sem ingerir sólidos, começava a ficar tonta e a ter dor de cabeça. Essa manhã só tinha tomado uns goles de café e ainda não tinha comido nada.

Quando saí para limpar a sala de jantar, vi que restava um waffle com um pouco de bacon e ovo. Deu-me água na boca de tanta fome que tinha. 'Perfeito, não terei que cozinhar para mim' pensei, já que não tinha tempo; ia chegar tarde à escola. Apressada, fui pegar o prato, quando ouvi uma voz que me fez gelar o sangue.

— O que você acha que está fazendo, Kattie? — perguntou Axel, seu tom era calmo, mas carregado de zombaria. Fiquei congelada, com o waffle nas mãos, lembrando o acontecido apenas alguns minutos antes, incapaz de responder.

— Você não pode esperar até terminar suas tarefas? — disse Sam com um sorriso malicioso.

— Deixem ela comer — interveio Ian, com uma voz mais suave — Ela também precisa de energia para trabalhar.

Ambos o olharam, mas não disseram mais nada. Olhando para Ian, assenti rapidamente, agradecida por sua intervenção. Levei o waffle para a cozinha e comi rapidamente, mal saboreando a comida. Depois, voltei para a sala de jantar para terminar de limpar. Enquanto limpava, sentia os olhos de três dos quadrilhos sobre mim, especialmente os de Sam, sempre me observando com aquele sorriso que me fazia estremecer.

Finalmente, terminei minhas tarefas e me dirigi à escola, tentando deixar para trás o peso do café da manhã. Sabia que o dia apenas começava e que me esperavam mais desafios, mas também sabia que tinha de ser forte.

Capítulos
1 Capítulo 1
2 Capítulo 2
3 Capítulo 3
4 Capítulo 4
5 Capítulo 5
6 Capítulo 6
7 Capítulo 7
8 Capítulo 8
9 Capítulo 9
10 Capítulo 10
11 Capítulo 11
12 Capítulo 12
13 Capítulo 13
14 Capítulo 14
15 Capítulo 15
16 Capítulo 16
17 Capítulo 17
18 Capítulo 18
19 Capítulo 19
20 Capítulo 20
21 Capítulo 21
22 Capítulo 22
23 Capítulo 23
24 Capítulo 24
25 Capítulo 25
26 Capítulo 26
27 Capítulo 27
28 Capítulo 28
29 Capítulo 29
30 Capítulo 30
31 Capítulo 31
32 Capítulo 32
33 Capítulo 33
34 Capítulo 34
35 Capítulo 35
36 Capítulo 36
37 Capítulo 37
38 Capítulo 38
39 Capítulo 39
40 Capítulo 40
41 Capítulo 41
42 Capítulo 42
43 Capítulo 43
44 Capítulo 44
45 Capítulo 45
46 Capítulo 46
47 Capítulo 47
48 Capítulo 48
49 Capítulo 49
50 Capítulo 50
51 Capítulo 51
52 Capítulo 52
53 Capítulo 53
54 Capítulo 54
55 Capítulo 55
56 Capítulo 56
57 Capítulo 57
58 Capítulo 58
59 Capítulo 59
60 Capítulo 60
61 Capítulo 61
62 Capítulo 62
63 Capítulo 63
64 Capítulo 64
65 Capítulo 65
66 Capítulo 66
67 Capítulo 67
68 Capítulo 68
69 Capítulo 69
70 Capítulo 70
71 Capítulo 71
72 Capítulo 72
73 Capítulo 73
74 Capítulo 74
75 Capítulo 75
76 Capítulo 76
77 Capítulo 77
78 Capítulo 78
79 Capítulo 79
80 Capítulo 80
81 Capítulo 81
82 Capítulo 82
83 Capítulo 83
84 Capítulo 84
85 Capítulo 85
86 Capítulo 86
87 Capítulo 87
88 Capítulo 88
89 Capítulo 89
90 Capítulo 90
91 Capítulo 91
92 Capítulo 92
93 Capítulo 93
94 Capítulo 94
95 Capítulo 95
96 Capítulo 96
97 Capítulo 97
Capítulos

Atualizado até capítulo 97

1
Capítulo 1
2
Capítulo 2
3
Capítulo 3
4
Capítulo 4
5
Capítulo 5
6
Capítulo 6
7
Capítulo 7
8
Capítulo 8
9
Capítulo 9
10
Capítulo 10
11
Capítulo 11
12
Capítulo 12
13
Capítulo 13
14
Capítulo 14
15
Capítulo 15
16
Capítulo 16
17
Capítulo 17
18
Capítulo 18
19
Capítulo 19
20
Capítulo 20
21
Capítulo 21
22
Capítulo 22
23
Capítulo 23
24
Capítulo 24
25
Capítulo 25
26
Capítulo 26
27
Capítulo 27
28
Capítulo 28
29
Capítulo 29
30
Capítulo 30
31
Capítulo 31
32
Capítulo 32
33
Capítulo 33
34
Capítulo 34
35
Capítulo 35
36
Capítulo 36
37
Capítulo 37
38
Capítulo 38
39
Capítulo 39
40
Capítulo 40
41
Capítulo 41
42
Capítulo 42
43
Capítulo 43
44
Capítulo 44
45
Capítulo 45
46
Capítulo 46
47
Capítulo 47
48
Capítulo 48
49
Capítulo 49
50
Capítulo 50
51
Capítulo 51
52
Capítulo 52
53
Capítulo 53
54
Capítulo 54
55
Capítulo 55
56
Capítulo 56
57
Capítulo 57
58
Capítulo 58
59
Capítulo 59
60
Capítulo 60
61
Capítulo 61
62
Capítulo 62
63
Capítulo 63
64
Capítulo 64
65
Capítulo 65
66
Capítulo 66
67
Capítulo 67
68
Capítulo 68
69
Capítulo 69
70
Capítulo 70
71
Capítulo 71
72
Capítulo 72
73
Capítulo 73
74
Capítulo 74
75
Capítulo 75
76
Capítulo 76
77
Capítulo 77
78
Capítulo 78
79
Capítulo 79
80
Capítulo 80
81
Capítulo 81
82
Capítulo 82
83
Capítulo 83
84
Capítulo 84
85
Capítulo 85
86
Capítulo 86
87
Capítulo 87
88
Capítulo 88
89
Capítulo 89
90
Capítulo 90
91
Capítulo 91
92
Capítulo 92
93
Capítulo 93
94
Capítulo 94
95
Capítulo 95
96
Capítulo 96
97
Capítulo 97

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!