Capítulo 2

De manhã, acordo e estico a mão para o lado. A cama está vazia. Olho o relógio: dez horas. Levanto devagar, vou ao banheiro, troco de roupa e desço. Encontro Murilo na área externa, com as crianças brincando pelo quintal.

— Bom dia, amor — digo, dando-lhe um beijo rápido.

— Bom dia. Acordou tarde hoje.

— Que horas você levantou?

— Umas oito. As crianças acordaram às nove.

— Entendi.

Ele me olha curioso.

— O que foi?

— Já tomaram café?

— Já.

— E não esperaram por mim?

— Você estava dormindo... não quis te acordar.

— Tá... então vou tomar o meu agora.

— Quer que eu te acompanhe?

— Não precisa.

Saio dali um pouco chateada. Antes, tomávamos café juntos; agora, nem isso. Tomo o meu sozinha e, assim que termino, o telefone toca. É minha amiga Roberta.

Ligação 📞

— Bom diaaa!

— Bom dia...

— Nossa, sua animação me contagia, Aisha!

— Desculpe, Roberta.

— Tem planos pra hoje?

— Queria fazer algo em família com Murilo e as crianças, mas não sei se vai dar certo.

— Se não der, me avisa. Tava pensando em sairmos com as crianças.

— Tá bem. Qualquer coisa te aviso.

— Combinado. Beijo, Aisha.

— Beijo.

Desligo e começo a ajeitar a cozinha. Quando termino, volto para a área externa. Murilo está sentado à mesa, as crianças correndo pelo quintal. Sento no colo dele e passo os braços pelo pescoço.

— Vamos fazer algo em família hoje? E, à noite, podíamos dar um jeito de sair só nós dois, termos uma noite só pra nós.

— E as crianças?

— Posso pedir pra babá ficar com elas. Pago um extra.

— Não sei não, amor... ela já fica a semana toda.

— Eu sei. Mas a gente pode dar outro jeito. Faz tempo que não temos um momento só de casal, Murilo.

Ele suspira, mas acaba cedendo:

— Tá bom. Pode ser, então.

— Mesmo?

— Mesmo.

— Ótimo!

Meu coração se enche de esperança. Ficamos um tempo observando as crianças e depois entramos. Mais tarde, decidimos ir ao parque.

No gramado, estendemos a toalha e organizamos o piquenique. As crianças correm de um lado para o outro, rindo. Apoio a cabeça no ombro de Murilo.

— Me surpreendeu você ter aceitado vir.

— Não era isso que queria?

— Era.

Levanto a cabeça e o beijo.

— E à noite? Vamos sair nós dois?

— Vamos.

— Mesmo?

— Sim.

— Tá bom.

Voltamos para casa felizes. Roberta se oferece para ficar com as crianças, e eu aceito. Murilo, porém, avisa que precisa dar uma saída rápida e pede que eu comece a me arrumar. Obedeço.

Escolho um vestido preto de mangas longas, ajustado ao corpo. Solto o cabelo, me maquio com capricho, passo perfume. Me olho no espelho e sorrio. Estou linda.

Enquanto ele não chega, ligo para Roberta para conferir as crianças.

Ligação 📞

— Oi, Aisha!

— Oi! As crianças estão se comportando?

— Pode ficar tranquila. Estão brincando com a Luíza na sala. Se bagunçarem, puxo a orelha.

— Pode puxar mesmo. Qualquer coisa, me liga.

— Vai curtir seu marido. Deixa as crianças comigo!

— Tá bom. Obrigada, Roberta. Até mais!

— Até!

Desligo e vou beber água na cozinha. Depois, fico só aguardando Murilo.

...MURILO:...

Aviso a Aisha que vou sair rápido e que ela pode ir se arrumando. Entro no carro e sigo para encontrar uns amigos no bar. Adam, meu vizinho e amigo mais próximo, já está lá com os outros.

— E aí, caras! — cumprimento.

— Até que enfim, Murilo! — dizem, rindo.

— Passei a tarde no parque com a Aisha e as crianças.

— Hm, coisa boa!

— E aí, já beberam muito?

— Ainda não. Começamos agora. Senta aí!

— Me vê um uísque.

Sento ao balcão com eles. O papo flui e acabo bebendo mais do que devia. O tempo passa sem que eu perceba.

De repente, entra uma mulher no bar. Todos olham. Adam quase não disfarça. Eu também noto. Olhar não faz mal, penso.

— Gata, né, Murilo?

— Pra caramba.

— Ei, vocês são casados! — Adam provoca.

— E não posso olhar?

— Olhar... até pode. Mas imagina se a Aisha souber. Eu sou solteiro, tenho esse direito. Vocês, não.

Dou de ombros.

— Que nada.

Um dos caras ri:

— Relaxa, Adam. Quando casar, vai ser igual a gente. Só olhar não faz mal.

Adam retruca:

— Se eu fosse casado, não estaria aqui numa noite de sábado. Estaria com a minha mulher, agarradinho.

Balanço a cabeça e resolvo encerrar a noite:

— Falando nisso, preciso ir. Combinei com a Aisha de jantar fora. Ela já deve estar pronta.

— Então o que tá fazendo aqui ainda? Vai logo, Murilo! — diz Adam.

— Vou.

Levanto, pago a conta e saio. Só então percebo: bebi demais. Entro no carro mesmo assim e sigo para casa.

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Comments

Amélia Rabelo

Amélia Rabelo

safado não tem um pingo de respeito pela sua esposa

2025-09-01

1

Ira Rosa 🌹

Ira Rosa 🌹

Perdi as contas de quantas xs fiquei sozinha com as minhas filhas em casa e o ex o dia todo no bar com "amigos"

2025-06-23

1

imaculada lima

imaculada lima

passei por isso, eu me arrumava e ele no boteco com os amigos, me cansei e me separei...agora fica mandando msgs, fotos...eu não volto mais ele que seja feliz com os amigos...

2025-02-21

3

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