De manhã, acordo e estico a mão para o lado. A cama está vazia. Olho o relógio: dez horas. Levanto devagar, vou ao banheiro, troco de roupa e desço. Encontro Murilo na área externa, com as crianças brincando pelo quintal.
— Bom dia, amor — digo, dando-lhe um beijo rápido.
— Bom dia. Acordou tarde hoje.
— Que horas você levantou?
— Umas oito. As crianças acordaram às nove.
— Entendi.
Ele me olha curioso.
— O que foi?
— Já tomaram café?
— Já.
— E não esperaram por mim?
— Você estava dormindo... não quis te acordar.
— Tá... então vou tomar o meu agora.
— Quer que eu te acompanhe?
— Não precisa.
Saio dali um pouco chateada. Antes, tomávamos café juntos; agora, nem isso. Tomo o meu sozinha e, assim que termino, o telefone toca. É minha amiga Roberta.
Ligação 📞
— Bom diaaa!
— Bom dia...
— Nossa, sua animação me contagia, Aisha!
— Desculpe, Roberta.
— Tem planos pra hoje?
— Queria fazer algo em família com Murilo e as crianças, mas não sei se vai dar certo.
— Se não der, me avisa. Tava pensando em sairmos com as crianças.
— Tá bem. Qualquer coisa te aviso.
— Combinado. Beijo, Aisha.
— Beijo.
Desligo e começo a ajeitar a cozinha. Quando termino, volto para a área externa. Murilo está sentado à mesa, as crianças correndo pelo quintal. Sento no colo dele e passo os braços pelo pescoço.
— Vamos fazer algo em família hoje? E, à noite, podíamos dar um jeito de sair só nós dois, termos uma noite só pra nós.
— E as crianças?
— Posso pedir pra babá ficar com elas. Pago um extra.
— Não sei não, amor... ela já fica a semana toda.
— Eu sei. Mas a gente pode dar outro jeito. Faz tempo que não temos um momento só de casal, Murilo.
Ele suspira, mas acaba cedendo:
— Tá bom. Pode ser, então.
— Mesmo?
— Mesmo.
— Ótimo!
Meu coração se enche de esperança. Ficamos um tempo observando as crianças e depois entramos. Mais tarde, decidimos ir ao parque.
No gramado, estendemos a toalha e organizamos o piquenique. As crianças correm de um lado para o outro, rindo. Apoio a cabeça no ombro de Murilo.
— Me surpreendeu você ter aceitado vir.
— Não era isso que queria?
— Era.
Levanto a cabeça e o beijo.
— E à noite? Vamos sair nós dois?
— Vamos.
— Mesmo?
— Sim.
— Tá bom.
Voltamos para casa felizes. Roberta se oferece para ficar com as crianças, e eu aceito. Murilo, porém, avisa que precisa dar uma saída rápida e pede que eu comece a me arrumar. Obedeço.
Escolho um vestido preto de mangas longas, ajustado ao corpo. Solto o cabelo, me maquio com capricho, passo perfume. Me olho no espelho e sorrio. Estou linda.
Enquanto ele não chega, ligo para Roberta para conferir as crianças.
Ligação 📞
— Oi, Aisha!
— Oi! As crianças estão se comportando?
— Pode ficar tranquila. Estão brincando com a Luíza na sala. Se bagunçarem, puxo a orelha.
— Pode puxar mesmo. Qualquer coisa, me liga.
— Vai curtir seu marido. Deixa as crianças comigo!
— Tá bom. Obrigada, Roberta. Até mais!
— Até!
Desligo e vou beber água na cozinha. Depois, fico só aguardando Murilo.
...MURILO:...
Aviso a Aisha que vou sair rápido e que ela pode ir se arrumando. Entro no carro e sigo para encontrar uns amigos no bar. Adam, meu vizinho e amigo mais próximo, já está lá com os outros.
— E aí, caras! — cumprimento.
— Até que enfim, Murilo! — dizem, rindo.
— Passei a tarde no parque com a Aisha e as crianças.
— Hm, coisa boa!
— E aí, já beberam muito?
— Ainda não. Começamos agora. Senta aí!
— Me vê um uísque.
Sento ao balcão com eles. O papo flui e acabo bebendo mais do que devia. O tempo passa sem que eu perceba.
De repente, entra uma mulher no bar. Todos olham. Adam quase não disfarça. Eu também noto. Olhar não faz mal, penso.
— Gata, né, Murilo?
— Pra caramba.
— Ei, vocês são casados! — Adam provoca.
— E não posso olhar?
— Olhar... até pode. Mas imagina se a Aisha souber. Eu sou solteiro, tenho esse direito. Vocês, não.
Dou de ombros.
— Que nada.
Um dos caras ri:
— Relaxa, Adam. Quando casar, vai ser igual a gente. Só olhar não faz mal.
Adam retruca:
— Se eu fosse casado, não estaria aqui numa noite de sábado. Estaria com a minha mulher, agarradinho.
Balanço a cabeça e resolvo encerrar a noite:
— Falando nisso, preciso ir. Combinei com a Aisha de jantar fora. Ela já deve estar pronta.
— Então o que tá fazendo aqui ainda? Vai logo, Murilo! — diz Adam.
— Vou.
Levanto, pago a conta e saio. Só então percebo: bebi demais. Entro no carro mesmo assim e sigo para casa.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Amélia Rabelo
safado não tem um pingo de respeito pela sua esposa
2025-09-01
1
Ira Rosa 🌹
Perdi as contas de quantas xs fiquei sozinha com as minhas filhas em casa e o ex o dia todo no bar com "amigos"
2025-06-23
1
imaculada lima
passei por isso, eu me arrumava e ele no boteco com os amigos, me cansei e me separei...agora fica mandando msgs, fotos...eu não volto mais ele que seja feliz com os amigos...
2025-02-21
3