Nicolas levou Melissa para o seu apartamento, que se situava no edifício chamado Banespa, não era de conhecimento público que o 33º andar do prédio pertencia ao um investidor recluso. Para o mundo, o prédio tinha sido comprado por uma instituição financeira de alto nome, o que ninguém sabia era que por trás disso, ele tinha o adquirido por sua localização. Tendo uma visão privilegiada de 360º de toda capital.
Assim transformou aquele andar em seu lar. Usando de determinadas magias ele conseguiu criar uma ilusão onde um dos quatorze elevadores sempre estava quebrado, para os olhos humanos era aleatória, porém o primeiro da esquerda era de seu uso exclusivo.
Levando nos braços sua preciosa carga, Nicolas não parava de olhar para a jovem. Extremamente parecida com sua amada Alicia e, ao mesmo tempo, diferente. Ao sair do elevador encontrou André sangrando em seu hall, olhou com repugnância.
— Senhor... — ofegou André.
— Sai daqui criatura patética — disse ríspido — você me decepcionou muito.
— Os cães eram muitos, senhor. Tenho certeza que se eu tivesse...
— Poupe de suas desculpas esfarrapadas — Olhou para toda sujeira, vampiros sangravam negro, seu corpo de não morto não conseguia deixar vivo o sangue deles. — Sua sorte que, consegui parte do que queria. Caso contrário você já não estaria respirando. Agora saia.
Ele não esperou para ver se sua ordem foi acatada, caminhou para o seu quarto. As luzes se acenderam quando chegou. Com um movimento de mão usando seu próprio poder, afastou os lençóis pretos da cama e depositou o corpo da jovem. Afastou os cabelos do rosto e contemplou a beleza etérea. Não pôde deixar de compará-la com sua Alicia.
Alicia tinha a pele alva, quase translúcida, vivia rindo dela como ficava vermelha por qualquer coisa. Os cabelos eram loiríssimos, quase brancos, tinha os olhos azuis iguais a um céu de verão.
Já a garota em sua frente era o completo oposto, cabelos negros como a noite meio ondulados, a pele de um tom de chocolate derretido cremoso, que fazia com que ele desejasse lambê-la, já que tinha um pequeno fraco por aquela iguaria. Pequenas ruguinhas nos cantos da boca demostravam que sorria com muita facilidade. Outro contraste com Alicia, que não sorria com facilidade. Tirando estes pequenos detalhes era como se tivesse a versão negra de Alicia em sua frente. Iguais, mas totalmente diferentes, a jovem controlava o fogo já a outra a água. O perfeito yin-yang.
Suspirando, caminhou até o banheiro de sua suíte e acendeu as luzes, preparou a banheira com água temperada com sais de banho com cheiro de flores que sempre deixava preparado para aquele dia, o dia que Alicia voltaria para ele.
Voltou para o corpo e despiu a jovem das roupas horríveis. Pegou-a nos braços, levando-a e a depositando dentro da banheira. Sem pressa, lavou desde os cabelos até os dedos dos pés. Sempre cuidadoso e carinhoso. Quando se deu por satisfeito, alcançou as toalhas e a secou. Voltou para o quarto a deixando na cama. Caminhou para o grande guarda-roupas em um canto do quarto, como tudo o móvel era de um tom escuro. Abrindo uma das gavetas escolheu uma camisola vermelho sangue. Colocou nela, dando por satisfeito com seu trabalho, dirigiu-se para o banheiro, tomou uma ducha, colocou a calça preta de seda do seu pijama e deitou-se ao lado da moça.
— Dorme, minha garota de fogo. — Alcançando um colar com um pingente de coração de um cristal, colocou em volta de seu pescoço. A gema passou transparente para um vermelho pulsante.
Com a mente se certificou que estavam sozinhos no andar, acionou as proteções mágicas e finalmente descansou com sua amada nos braços.
***
— Ai meu Deus! — Gritou Liz quando seis homens pararam na frente dela e se ajoelharam. As asas recolhidas nas costas e as espadas douradas com a ponta cravadas no concreto. Tinha dois loiros, um ruivo e dois morenos e um negro. Todos vestidos com túnicas e malha de aço, pareciam cavaleiros templários.
— E as fadinhas chegaram. — Colocando as espadas gêmeas no coldre das costas. Adam caminhou ao encontro das três meninas, a cada passo voltava mais ao normal. — Não espere que eu ajoelhe aos seus pés. — Piscou para a ruiva.
— Você deveria ser mais respeitoso com a sua senhora. — Disse o loiro e maior deles.
— Senhora. — Fez uma reverência exagerada. — Permita-me a não ajoelhar aos seus lindos pezinhos e assim ter mais mobilidade para salvar seu bonito traseiro. — Terminou a frase piscando para ela.
Karen soltou uma sonora gargalhada. — Certo estranho homem sanfona. — Com a cara de interrogação dele ela explicou. — Você era gigante, agora é pequeno. — Gaguejou. — Quer dizer, não tão pequeno, já que é mais alto que é... — Olhando para ele, engoliu em seco. — Manterei minha boca fechada.
— Para onde levaram Melissa? — Perguntou Clara. — Quem são ou o que são vocês? Que porra está acontecendo aqui? — Ela mostrou sinais de histeria.
Adam estava confuso. — Somos seus guardiões, viemos buscá-las e levá-las para os reinos, até a hora certa.
— Cara, até algumas horas atrás eu estava me afogando no meu próprio sangue por ter sido atingida por uma bala, acordei dentro de um necrotério, fui atacada por vampiros, a menina que estava comigo e que solta fogo pelas mãos foi levada e a voz na minha cabeça está me deixando doida. — Sorveu ar. — Então quando minha colega diz, que porra está acontecendo aqui, é porque não estamos entendo nada.
— Vocês, por favor, poderiam se levantar. — Liz sussurrou para os silfos. O que foi prontamente atendida. Os seis levantaram como se fosse uma unidade e se postaram lado a lado em uma atitude protetora.
— Acho que aqui não é o melhor lugar para termos este tipo de conversa, minha senhora. — Diz o alto loiro.
— Eu acho um bom lugar. — Clara cruzou os braços e encarou de cara feia todos.
Adam rosnou para ela, mas vendo que as outras seguiam o exemplo, suspirou. — Vamos para a versão resumida, vocês são os elementais, terra, água, fogo e ar...
— Tá. Pula essa parte. — Disse Clara impaciente.
— Então, cada um de nós. — Continuou como se não tivesse sido interrompido. — Temos o dever de proteger uma de vocês. Meu bando. — Apontou para os homens parados no beco os olhando. — Estão aqui para proteger a ruivinha, ela tem o chamado da terra mais presente, pelo que posso sentir. — Apontando para os alados. — As fadinhas aí devem estar protegendo a loirinha. Como a garota que controla o fogo, foi levada por alguém que eu desconheço, já que os magos de fogo há muitos anos não existem. Acredito que você seja da água. — Fez uma careta. — Então tenho que te proteger também, já que tenho uma dívida de honra com os guardiões das águas e eles não conseguem chegar até aqui.
— Por quê? — Clara questionou.
— Os rios da cidade estão muito poluídos. Eles não conseguem viajar por eles. — Disse com pena.
— Não é verdade, que os magos do fogo não existem. — Disse o loiro. — Eles estão escondidos. De todos nós, eles são os que menos têm.
— Tá de brincadeira. — Gritou Adam. — Onde estão estes putos que não vieram nos ajudar.
— Só conheço um. E ele está no lugar que chamam de ABC.
— Por que no ABC? — Perguntou Liz.
— Por causa, das chamas. Lá tem uma fábrica que as chamas nunca acabam. Se fosse antigamente, eles estariam perto de vulcões.
— Então temos que ir para o polo petroquímico achar o mago do fogo? — Perguntou Karen. — Foi ele que levou a Melissa?
— Não. Eu posso sentir os elementos e os guardiões deles. — Falou Adam. — Eu não sei quem levou a amiga de vocês, mas meu trabalho é manter vocês duas seguras...
— Sem os quatro elementos não podemos restaurar a energia da terra. — Interrompeu o loiro. — Temos que achar o elemento fogo.
— Cara! — A paciência de Adam estava acabando. — Eu ainda não sei como a polícia não chegou até aqui, mas acredito que não tarda...
— Controlamos os humanos, eles estão a dois quilômetros daqui em transe. — Adam olhou para alto loiro e balançou a cabeça.
— Tinha esquecido desta particularidade de você.
— Mas com o nascer do sol, isso irá acabar. — Apontou o céu começando a clarear.
— Temos que ir. — Olhou para as meninas. — Vocês vão precisar de roupas.
— Eu não vou com você. — Clara indagou. — Estou indo para casa. Meus pais devem estar a minha procura... — Ela parou de falar e colocou a mão no pescoço, olhou em direção aos silfos. E só não caiu no chão porque Adam a segurou.
— Eu não sei qual o problema com vocês. — O silfo loiro falou. — Os elementais estão diferentes, mas não podemos deixar os humanos verem vocês.
— Lupus disse que não sabe o que aconteceu. — Karen colocou uma mecha acobreada atrás da orelha. — Que desta vez é diferente, que a alma da hospedeira — apontou para si mesma — misturou-se com a alma do elemental, agora somos um só.
— Aquila, esse é o nome do meu elementar confirma a informação. — Liz disse, e se aproximou do loiro. — Ele disse que posso confiar em você, e eu realmente não sei o que está acontecendo. Precisamos achar Melissa também.
— Estou a seus serviços senhorita...
— Me chamou Megaliz ou somente Liz. — Ela sorriu para o loiro. — E como vocês se chamam?
— Traduzindo meu nome seria iluminado, mas o nome humano seria Lucas. — Apontando para cada guerreiro foi dizendo os nomes. — Bento, Marcos, Pedro, Nathan, Bruno.
Karen olhou para o moreno, que estava segurando a Clara. — Sou Karen.
— Sou Adam, e apresento a você aos meus homens quando estivemos em segurança.
— Venha senhorita Liz, irei levá-la...
— Sem ofensa, cara. — Adam interrompeu. — Está amanhecendo e vocês terão que voar muito alto para não serem vistos pelos humanos. Devido a esta nova condição dos elementares, pode ser que a menina aí, congele lá em cima. Um dos meus homens irá levá-la e vocês nos seguem. É um lugar seguro aqui na capital.
— Bixiga, o lugar da melhor macarronada de São Paulo. — Adam caminhou pelo beco com a menina no colo.
Os Silfos guardaram suas espadas e levantaram voo. Por entre as nuvens vigiava o grupo de motociclistas cortando a cidade de São Paulo, na garupa deles, as garotas viajam sem saber o que o destino reservava para elas.
***
Na manhã daquele dia, todos os noticiários do estado de São Paulo anunciaram o estranho sumiço de quatro corpos do IML dos Jardins. Todos na rua comentavam o fato. Como o prédio foi brutalmente vandalizado. As autoridades não sabiam o que fazer, pois não tinham nenhuma pista. Nada nas imagens das câmeras e nenhuma testemunha confiável. Um morador de rua jurava que viu monstros de olhos vermelhos, homens gigantes e anjos levando as meninas para longe. O pobre coitado foi admitido na Santa Casa de Misericórdia e se encontra fortemente dopado.
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Atualizado até capítulo 24
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