5 meses depois...
Henrique 🚔
Acordo pra mais um dia de trabalho, visto minha farda, pego minha arma, meu distintivo, minha carteira. Depois de tomar um rápido café, eu sigo meu caminho no trânsito do Rio até a delegacia.
Estaciono o carro na minha vaga, pego minhas coisas e vou iniciar minha jornada de trabalho. Adentrando o prédio, sou rendido pelo delegado, ele me chama até sua sala e eu o acompanho, assim que entro ele pede que eu feche a porta e então faço.
- Henrique, depois desses 5 meses, eu pude ver que você está bastante focado e tem capacidade pra pegar seu primeiro caso. - fala e eu não posso evitar de sorrir.
- Obrigado, senhor. - ele me entrega uma pasta.
- Nessa pasta estão todas as informações do caso em questão, você poderá selecionar duas pessoas para serem seus parceiros de equipe.
- Rubi e Anthony. - digo sem pensar duas vezes.
- Então está tudo certo, avise-os e mande que eles venham em minha sala. - saio em direção a minha mesa e coloco a pasta dentro da gaveta, quando chegar em casa eu dou uma olhada no caso.
- Rubi, Anthony! - chamo-os.
- Fala aí. - Rubi diz se aproximando.
- O Souza me deu um caso, vou checar tudo quando chegar em casa. - ele comemoram.
- Parabéns, cara. - Anthony me parabeniza.
- Ele pediu pra escolher dois policiais pra trabalhar comigo, escolhi vocês.
- Sério? - Rubi pergunta.
- Muito sério, inclusive ele quer que vocês vão na sala dele. - eles me agradecem e seguem até a sala do delegado.
Após terminar meu expediente às exatas 19:00, eu sigo meu caminho até meu apartamento, chego em casa, tomo banho e resolvo assistir alguma série. Anthony me mandou uma mensagem perguntando se poderia vir aqui, queria conversar sobre o caso e outras coisas mais, aproximadamente às 21:00 eu escuto o interfone tocar e libero sua entrada.
Dentro de alguns minutos ele está em minha porta, abro-a e o deixo entrar, convido para que se sente no sofá e assim ele faz.
- Quer alguma coisa, água, cerveja? - ele sorri.
- Cerveja. - vou até a geladeira e pego duas, entrego a dele e abro a minha dando meu primeiro gole.
- O que te trouxe aqui? Além do caso, claro. - pergunto.
- Eu andei conversando com a Tábata, você sabe né, mês que vem a Lua tá aí. - fala sobre sua filha, lembro que no dia que todos descobriram, no chá revelação, foi uma alegria, principalmente minha e da Rubi, que ganhamos a aposta, no final deixamos o dinheiro com os futuros papais, eles irão precisar mais que eu.
- Sim, tenho certeza que está muito ansioso. - constato e ele concorda.
- A questão é, a Tábata já escolheu a madrinha, vai ser uma das irmãs dela, eu fiquei encarregado de escolher o padrinho e como não tenho irmãos, os meus únicos amigos são os de farda, bom, dentre todos que conheço você é a melhor opção, aceitaria ser padrinho da Lua? - Anthony pergunta meio receoso, eu confesso que estou surpreso, afinal de contas só nos conhecemos a 5 meses, mas sabem aquelas amizades que parecem de anos? É assim que me sinto em relação a todos eles.
- É claro que aceito, me sinto honrado. - ele aperta minha mão com força.
- Estou feliz, compadre. - nós bebemos a cerveja.
- Vamos ao assunto de trabalho. - levanto e pego a pasta. - Ainda não abri.
Abro a pasta e me deparo com um mundo completamente paralelo, os relatórios falam sobre um bar que funciona de dia e a noite abre as portas pra um mundo de cassino clandestino, drogas e prostituição, não temos provas suficientes pra emitir o mandado de busca e apreensão, além de que pelo que parece o negócio é mais embaixo, tem gente poderosa envolvida nisso.
- Cara, temos um longo trabalho pela frente. - ele fala.
- Quem vai fazer as rondas? - pergunto.
- Temos que falar com Rubi, alguém vai ter que ir lá pela tarde, com o bar funcionando, pra averiguar o local e passar pra equipe.
- Vamos resolver com ela, mas agora é melhor mudarmos de assunto, trabalhar depois do expediente só em casos de missão.
Continuamos a boa conversa e depois das 22:00 ele vai embora, eu jogo as garrafas fora, escovo os dentes e me jogo na cama, uma boa noite de sono é tudo que preciso.
Julia 🏡
Tem 5 meses que estou nessa maldita casa, não sei o que fiz pra merecer isso, sou humilhada, destratada, espancada, fico refém a esse lugar, não posso sair, não tenho amigos, por que simplesmente não posso trazer eles pra cá e nem posso ir na casa deles, o único consolo que tenho é conversar com Pri e Dona Gleice, não falo nada a elas, pois vivo em constante ameaça, inclusive envolvendo elas. Augusto deixou de frequentar a casa, as visitas acabaram e agora o Gustavo não precisa mais se segurar, ele pode me bater até me deixar roxa.
Já são 18:00 da noite, eu já terminei de arrumar e cozinhar lá embaixo, como, tomo banho e me deito na cama para esperar a ligação da Pri. Escuto um forte barulho do lado de fora, mas tento ignorar, não quero problemas e já tenho hematomas suficientes pra isso.
- Julia! - uma voz grogue me chama do outro lado da porta.
Finjo que não escutei e volto a mexer no celular, porém ele não liga pra o meu silêncio e arromba a porta, Gustavo entra totalmente alterado com os olhos vermelhos, ele se aproxima de mim e me puxa pelo braço.
- Eu vou precisar desse quarto, cê não vai mais ficar aqui.
- Mas como? Pra que? - ele me olha feio.
- Pegue suas roupas fedelha, vou te levar pra seu novo quarto. - levanto sobre a mira da sua loucura e começo a separar todos os meus pertences.
Desço guiada por ele, com minhas coisas em uma mochila, no andar de baixo, em uma salinha fechada, ele abre a porta e me revela uma escada, que me leva pra um porão na parte de baixo.
- Eu vou ficar aqui? - Gustavo desce comigo e me apresenta a minha nova cela.
Tem uma cama antiga, com lençóis velhos, um lugar pouco arejado, mas grande e até um pouco assustador, ele olha pra todo o ambiente ensopado de poeira e em seguida pra mim.
- Bem vinda a seu novo palácio, princesinha. - aperta minhas boca com força.
-Por que você me aceitou? Por que não me mandou pra um orfanato? - pergunto em meio ao choro.
- Porque eu consegui uma boa grana com você tolinha, seus pais lhe deixaram bem. - ele se vira pra subir quando meu telefone começa a tocar, se talvez ele nunca tivesse pensado nisso agora ela sabe, eu conversava com pessoas sem ele está presente. - Sua vagabunda.
Ele me dá uma bofetada que me faz cair no chão, pega o celular da minha mão e lê na tela quem está ligando.
- Você falou alguma coisa? - pergunta pra mim agressivo.
- Não, eu não... - ele me bate de novo, cortando o lábio inferior da minha boca.
- Eu fui bom com você, pensei que poderia confiar em você, mas você traiu a minha confiança. - Gustavo joga meu celular na parede e me assusta com o barulho.
- Não! - começo a soluçar e ele me suspende me jogando na cama.
- Você não vai ter contato com mais ninguém, só vai terminar a escola pois sei que se você sair vão vir atrás de mim e eu não quero problemas com a polícia.
Gustavo me deixa sozinha, nesse porão imundo, eu me encolho em posição fetal e começo a chorar, a minha vida mudou tanto, eu só queria que meus pais nunca tivessem entrado naquele carro, queria que eles estivessem aqui, choro a noite toda, até pegar no sono.
...
Tive um sonho muito real na noite passada, meus pais vinham até mim, faziam carinho em meu cabelo e me diziam que tudo ia ficar bem, o que me encheu de esperança e de vontade de lutar, mas eu me pergunto se sou forte o suficiente pra lidar com tudo isso que estou vivendo.
Acordo com o rosto levemente inchado, a boca cortada e por causa disso não fui até a escola, fiquei o dia todo trancada na casa, limpei tudo que ele mandou, fiz o café e adiantei o almoço. Depois de um dia altamente inútil e maçante, eu me recolho ao meu porão, ele tranca a porta pra realizar as sua festinhas clandestinas regadas a álcool e droga, eu deito na cama e acabo pegando no sono, passar o dia todo limpando toda essa enorme casa tem sua utilidade.
Me pego sonhando em como seriam meus dias no futuro caso tudo fosse diferente, mas eu não poderia saber, só posso rezar e pedir que o tempo seja bom comigo, que eu consiga me livrar dessa prisão.
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Atualizado até capítulo 84
Comments
Gilda Marcia Cunha Silva
CARA DESGRAÇADO, SÓ FICOU COM ELA POR CAUSA DO DINHEIRO E PARA TORTURA-LA,COVARDE!😡😡😡
2024-01-14
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