Julia 🏡
Os dias se passaram e aos poucos eu me sinto menos pior, pra melhorar vai precisar de mais tempo, pois como dizem, o tempo cura tudo, amanhã eu me despeço de tudo que tenho e que um dia já tive, viajo pra o Rio, vou morar com um estranho, um primo que nunca vi, não sabia nem que existia.
- Como está se sentindo com isso? - Pri pergunta enquanto me ajuda a empacotar meus pertences.
- Mais conformada, porém não estou contente. - ela me abraça.
- Promete pra mim que você vai mandar mensagem todo dia, que vamos passar horas conversando, falando dos gatinhos que vai conhecer por lá? - sorrio com seu comentário.
- Prometo.
Depois de tudo organizado, eu minha melhor amiga vamos até a sala e colocamos algo na tv, assistimos alguma série qualquer e ficamos conversando e aproveitando a última noite que iremos passar juntas, sentirei muita saudade.
...
No dia seguinte a assistente social vem me buscar na casa de Dona Gleice, me despeço dela, da Priscila, de alguns amigos que vieram me ver, coloco minhas coisas no porta malas e sigo rumo ao aeroporto. Assim que despachamos as malas eu embarco no avião, um assistente de lá do Rio de Janeiro me esperará pra levar até a casa do meu primo.
Me acomodo no banco, coloco o fone no ouvido e acabo pegando no sono, afinal de contas ontem eu não dormi quase nada. 1h e 45 min depois estamos aterrissando em solo carioca, saio do avião, pego minhas malas e vou até o portão de desembarque, assim que me aproximo avisto um homem segurando uma plaquinha com meu nome, me aproximo dele que me cumprimenta e me ajuda com as malas.
- Olá, sou Augusto, sou encarregado de te levar até a casa do seu primo. - seguimos até um táxi que nos espera do lado de fora e ele coloca as malas no porta malas e entra ao meu lado no carro.
O caminho todo é feito em silêncio, sinto um enorme incômodo em estar passando por tudo isso, eu só espero que tudo corra bem.
- Você já foi matriculada em uma escola. - diz quebrando o silêncio.
Permaneço sem responder e dentro de alguns minutos me vejo estacionando em frente a um enorme casarão bastante antigo, não imaginei que tinha um primo e que esse primo tinha uma propriedade tão enorme.
O assistente social sai do carro, retira minhas malas e me conduz até a porta, ele toca a campainha e alguns minutos depois um homem aparece, ele é forte e tem uma enorme cabelo preso em cocó em cima da cabeça.
...Gustavo Passos - 30 anos....
- Julia? - ele pergunta enquanto me encara, ignorando completamente a presença do cara ao meu lado. - Julinha. - ele me abraça com força, o que sinceramente eu não entendo, não temos esse tipo de laço afetivo.
- Oi. - se afasta de mim me olhando de cima abaixo.
- Você cresceu pirralha, tá quase uma mulher. Entrem. - ele diz pegando as malas da mão de Augusto e assim fazemos.
Todos sentamos em um sofá na sala, Augusto analisa todo o ambiente e me olha perguntando com o olhar o que achei, sinalizo que está tudo bem.
- Senhor Gustavo, sou Augusto, assistente social, estou responsável por averiguar as condições em que a menina viverá, virei semanalmente visitá-los, ela já foi matrículada na escola, precisa estudar. - Gustavo assente e garante que cuidará de mim da melhor maneira possível.
- Pode ficar tranquilo, a Julinha será bem tratada. - ele bagunça meu cabelo como se eu fosse uma pirralha.
- Então está tudo certo, sábado estarei por aqui, tome meu número Julia, qualquer coisa é só me ligar. - ele me entrega um cartão, se levanta e vai embora.
Assim que eu e Gustavo ficamos sozinhos, ele se levanta e estende a mão, sinalizando para que algo seja entregue.
- O papel. - permaneço parada, sem entender nada - O papel com o número dele. - ele insiste.
- Por que está me pedindo isso? - o afronto,mas algo me diz que ele é capaz de tudo pra acabar com quem o ameace, então resolvo colaborar.
- Não gostei do jeito que ele te olhava, esse cara tá com segundas intenções, falei que ia te proteger, pequena. - neste exato momento, um arrepio percorre toda minha espinha, o jeito que ele fala, parece ameaçador.
- Vamos, vou te levar a seu quarto. - ele diz, pega minhas malas e eu o sigo, subo as escadas e logo entro em um quarto simples, ele entra comigo, deixa as malas no chão e ameaça se retirar do local.
- Obrigada. - meu primo senta ao meu lado na cama e passa o braço em volta de mim.
- Não há de que, mas agora é a hora de passar as regrinhas da casa. Bom, você não vai morar, nem comer de graça, vai fazer as tarefas da casa, todos os dias, vai pra escola, volta pra casa e se tranca no quarto, não quero você zanzando pela casa a noite, se isso acontecer eu não me responsabilizo pelo seu fim, a casa a noite está sempre cheia, tranque o quarto e não saia mais. Você entendeu? - ele pergunta de forma intimidadora e eu rapidamente assinto.
Gustavo se levanta, sai, bate a porta com força e me deixa sozinha no quarto, levanto pra poder analisar bem o ambiente, um quarto arejado, levemente espaçoso, não é igual a meu quarto em Minas, mas é melhor que nada.
Pego meu telefone e coloco pra carregar, mas antes disso mando uma mensagem pra Pri, avisando que cheguei, que estou bem, ela manda beijos, diz que está com saudades e que a noite vamos fazer ligação.
...
São 19:00 da noite, amanhã será meu primeiro dia de aula, Gustavo trouxe uma mochila vinho e uns cadernos, lápis e algumas canetas, parece até que ele se esforçou pra comprar isso tudo, o que eu duvido muito, inclusive até uma garrafa de água veio dentro da bolsa.
Arrumo tudo da melhor maneira possível e vou tomar banho pra dormir, ao entrar no chuveiro eu permito-me relaxar, a água fria cai em meu corpo, lavo meus cabelos, amanhã eles estarão limpos pra meu primeiro dia, assim que termino o banho eu me enrolo em uma toalha e volto pra o quarto.
- Oi! - levo um susto ao me deparar com meu primo sentado na cama, ele ignora o fato ter entrado no meu quarto sem bater, o fato de eu estar de toalha e simplesmente me ordena.- Uns amigos estão vindo pra cá, não saia do quarto. - ele se levanta e sai do quarto sem olhar pra trás, vou imediatamente até a porta a trancando e então me permito respirar.
Logo escuto barulhos na parte de baixo, uma música alta é colocada no lugar, mas não me atrevo a olhar, converso um pouco com Pri, conto como estou me sentindo e depois desligo e tento dormir, afinal, amanhã é meu primeiro dia em uma nova escola.
Henrique 🚔
Depois de quase uma semana trabalhando nessa corporação, eu posso dizer que estou gostando? Talvez seja cedo, mas eu digo mesmo assim, estou gostando, já me enturmei com algumas poucas pessoas, não fui com a cara de algumas e criei uma rotina.
Ontem falei com minha mãe, ela disse que quer vir ao Rio conhecer minha casa, mas sinceramente, não faço questão, ela só vem tentar fazer minha cabeça a seguir os planos do meu pai. "Filho, você tem que colocar a cabeça no lugar, isso não é pra você", por que pra eles o que é pra mim é ser um engravatado numa sala com ar condicionado, fazendo o que eu não gosto.
Termino de guardar a carga de canabis apreendida nessa madrugada e termino meu turno, hoje foi plantão e me encontro largando do trabalho exatamente as 06:00 da manhã.
- Cansado? - Rubi pergunta.
- Um pouco, vou pra casa dormir. - ela guarda uma pasta no fichário e vem até mim.
- A galera tá marcando de sair hoje, vamos num barzinho, temos o dia todo pra aproveitar. Bora? - penso seriamente se é isso que quero, levando em consideração que toda minha vida social ficou em Sampa, eu preciso realmente me distrair.
- Fechado, que horas é pra tá lá.
- As 19:00, mando a localização. - bato o ponto, pego meu carro na garagem e sigo até meu apartamento, estou cansado e tudo que preciso agora é dormir.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 84
Comments
lucivania oliveira
está parecendo que ele encontrou uma empregada 0800 . e que ainda cai ter um bom rendimento visto que ele está em poder do que é dela
2023-12-04
0
lucivania oliveira
muito estranho 😕😕
2023-12-04
0
lucivania oliveira
aterrizando?
2023-12-04
0