Ana Brenda
Aqui eu começo a contar a vocês, como tudo começou a mudar na minha vida.
Seja forte, não volte atrás... apenas siga em frente!
— Sejam todos bem-vindos ao nosso grupo de apoio. — Ela olhou para cada um de nós. — Alguém gostaria de dividir conosco sua história, Ana Brenda já se sente à vontade para compartilhar?
Eu já estava a meses participando daquele grupo e ouvindo aquelas histórias, relatos tão tristes e trágicos parecidos com tudo o que passei, mas eu ainda não havia conseguido externar tudo o que estava guardado e era como se falar no assunto, me transportasse de volta as mesmas sensações, dores e horrores daqueles meses.
— Desculpe-me, mas ainda não me sinto pronta!
Eu saí daquela sala aos prantos e fui para na igreja, era o meu refúgio. O local onde eu conseguia me lembrar de tudo, sem que a angústia a sufocasse por completo, mas bastaria colocar os meus pés novamente do lado de fora e dor me afogar mais uma vez.
Flashback há aproximadamente 6 anos atrás
Era mais um dia comum, eu fazia faculdade de história no período noturno e já cursava o quarto semestre, estava com vinte anos e já fazia planos de trabalhar no museu da cidade onde eu morava. Era perdidamente apaixonada por história antiga e sonhava em fazer viagens para conhecer o Egito e mergulhar nesse universo que eu tanto amava, sempre amei os filmes como: A múmia e isso me despertou o sonho de conhecer mais sobre esse universo tão misterioso do passado.
Trabalhava durante metade do dia no refeitório da faculdade, para poder pagar o aluguel do quarto que dividia com a minha colega. Eu e Andréia pouco nos víamos e nossas personalidades distintas, também dificultavam um pouco uma relação mais estreita de amizade e troca de segredos.
Por não ter conhecido os meus pais, sempre existiu um vazio grande em meu coração. Sinto falta do colo da minha mãe, de um abraço e da proteção paternal.
[...]
Ana Brenda era calma e muito centrada nos estudos, já Andréia, era acelerada papai e mamãe pagavam a faculdade ela gostava de aventuras amorosas e não se dedicava muito ao curso de Direito e colecionava notas ruins.
— Hoje nem tive tempo de pegar nos livros, passei dia com o Bruno fazendo...você sabe né? — Andréia sorriu para Ana Brenda. — Ou não, você vive de livros e parece que quer morrer virgem!
Ana Brenda joga um travesseiro nela.
— Não seja boba, claro que imagino o que ficaram fazendo, mas vê se toma cuidado. Seus pais ameaçaram te levar de volta para casa se reprovar mais uma vez.
— Se eles acham que vou viver só de leis se enganam, quero curtir agora enquanto jovem e eles vão ter que aceitar e mais, hoje não vou para a aula nem amarrada! — Ela caiu na cama mais uma vez, Ana Brenda negou com a cabeça.
— Triste sou eu quem deveria estar, tenho as cinco aulas e então se for sair, vê se tranca direito essa porta e toma cuidado!
Ana Brenda avisa, enquanto arruma os livros para sair.
— Tá bom Maria "Madalena", boa aula.
Chegando na faculdade, sua grande amiga e confidente Luzía a esperava na sala de aula e as duas se sentavam bem próximas.
— Essa noite eu tive um sonho estranho.
— Estranho como Ana? — Luzía se vira mais para prestar atenção, Ana Brenda parecia triste ao se lembrar.
— Eu estava presa, mas não haviam correntes ou cordas em meu corpo, eu só sentia como se não pudesse sair mesmo se eu quisesse!
— Era uma casa?
— Eu não sei Luzía, eram muitas grades...acordei gritando com Andréia me dando tapas no rosto e rindo do meu desespero.
— Que estranho isso, mas mudando de assunto, amiga você soube o que aconteceu com o professor Luís?
— Não, o que aconteceu? — questionou.
— O coitado teve um AVC a uns dois dias, mas também o coroa fumava feito uma chaminé e bebia igual a um louco, cedo ou tarde conta iria chegar para ele.
— Nossa, coitado e agora o que serão das nossas aulas de História Medieval?
No mesmo instante em Ana se perguntou isso, um homem jovem alto e forte entra na sala de aula, era branco, cabelos escuros, tinha olhos verdes e estava muito bem vestido e nada de aliança!!!!
— Boa noite a todos, infelizmente o professor Luís teve que se ausentar por problemas de saúde, me chamo Alexandre e o substituirei por tempo indeterminado.
As palavras daquele belo e charmoso homem despertaram interesse instantâneo de muitas alunas e Érika não perdeu a chance de jogar um charme mordendo a ponta do lápis e sorrindo insinuante para ele.
— Muitíssimo prazer!
A resposta dela em tom bem incisivo no fundo da sala, era comum, o seu jeito atirado principalmente com os professores bonitos e jovens como ele e nada disso deixou seus colegas surpresos.
Luzía e Ana Brenda sorriem da situação.
Aquele professor não era só um belo homem de uns trinta anos, mas também um verdadeiro poço de inteligência, como dominava as palavras, os conteúdos e usava uma linguagem moderna, que surpreendia a todos e em especial, as mulheres presentes.
Porém, ele não pode ficar alheio a beleza daquela jovem da terceira fila, acima de tudo, era homem e ficou impressionado com aqueles olhos verdes e o sorriso tão espontâneo de Ana Brenda.
— Para nossa próxima aula, eu quero que redijam um texto sobre Lendas Medievais e apresentem para a turma. Assim eu posso conhecer melhor do que os meus alunos são capazes!
Mas aquele pedido não agradou a todos e Luíz logo se posicionou.
— Ah professor, estava indo tudo tão bem...a próxima aula já é na sexta-feira?
— Exatamente mocinha, tempo suficiente para vocês aprontarem o trabalho.
Ele olha para Ana Brenda, sorri e ela retribui.
— Fim da aula!
As duas saem juntas.
— Ana B eu estou em transe ainda, que professor é esse? Um pedaço de mal caminho. Eu não vou faltar as aulas de história Medieval nunca mais.
— Diz Luzía se abanando e sorrindo.
— Você não existe amiga, e o que mais surpreende nele é inteligência, que aula perfeita. Sequer pega nos livros, parece que tudo está ali na sua mente em uma fonte ilimitada de conhecimento.
Luzía revirou os olhos ao notar que a amiga não estava reparando no mesmo que ela.
— Você só pensa em estudo, Deus me livre! Vai dizer também que não percebeu como ele te olhava né?
— Como assim? Ele olhava normal, como olhava para todos e não inventa coisas Luzía.
— Ai Ana Brenda, você não tem mesmo malícia...ele olhava sim e para sua boca e já imagino o que pensava, afinal a imaginação dos homens é muito previsível.
Ela gargalhou e Ana Brenda pediu que ela mantivesse mais discrição ao falar essas coisas, pois alguém poderia ouvi-las.
— Você é mesmo maluca!
— Nem precisa estudar Aninha, você já está aprovada e com dez.
— Está é muito enganada, isso sim!
As duas saem sorrindo.
Dia seguinte...
Trabalhando no refeitório Ana Brenda limpava algumas mesas desocupadas, quando sentiu um toque delicado em seu antebraço, ela se assusta e se afasta em um reflexo rápido.
— Me desculpe Ana, não queria te assustar.
Ele a olha fixamente.
— Professor Alexandre, eu que peço desculpas, eu não vi que era o senhor — Ela passa a mão ajeitando os cabelos, estava nervosa e sem saber agir perto dele. — Venha comigo, essa mesa aqui já está arrumada!
Diz ela, levando-o até uma mesa limpa.
— Por que não se senta comigo um instante?
Ana Brenda
Com esse convite, era impossível não lembrar do que Luzía havia dito para mim a poucos instantes, porém era só uma conversa amigável e estávamos no campus da faculdade, o que poderia haver de mal nisso?
— Tudo bem!
[...]
Ela se senta e ele em sua frente.
— Eu percebo que a turma de vocês é meio “fechada”. Gostaria de conhecer mais sobre meus alunos, você pode me ajudar?
Ele arqueia a sobrancelha.
— Bom professor, somos como qualquer outra turma de faculdade, mas o que posso dizer é que a maioria é bem esforçada nos estudos...principalmente os bolsistas como eu!
Ele sorriu.
— Então você é bolsista, me fale mais de você...
Ela se incomoda com a pergunta, mas responde sem muita empolgação.
— Não tenho muita história como nosso curso, sou órfã e assim que saí do orfanato, vim morar aqui na república da faculdade. Trabalho aqui, como o senhor já viu e não há muito o que contar.
Ela abaixa o semblante.
— Posso te trazer um café ou outra coisa?
— Um café, por favor Ana Brenda!
Ela sai e volta momentos depois, com o café. Comunica a ele que precisa servir as outras mesas, afinal já tinham mais alunos no local e todos esperando por atendimento.
Alexandre agradece e a observa trabalhar, era linda...tinha um belo corpo, uma voz doce e agradável e já podia imaginar muitas outras coisas com ela.
Já era quarta-feira e só neste dia Ana Brenda conseguiu tempo para aquele fatídico trabalho de Lendas Medievais, estava sentada na frente do computador naquela biblioteca e buscando inspiração. Até que encontra algo que lhe chama atenção, sim será sobre isto que irei escrever, pensou ela.
Na sexta-feira...
Ana Brenda se arrumava para sua aula, quando Andréia chega toda animada, pula na cama e olha a outra para ela através do espelho...
— Garota passa pelo menos um brilho labial nessa boca!
Ana Brenda era vaidosa. mas nunca buscava se destacar demais, ainda mais para ir estudar, achava totalmente desnecessário todos aqueles exageros. Porém, um brilho era algo delicado e sutil, decidiu acatar.
Chegando na faculdade.
— Amiga todo mundo está comentando sobre você e o professor novo. —
Diz Luzía puxando Ana Brenda pelo braço e indo em direção ao banheiro onde sairiam do meio de todos aqueles olhares.
— Como assim, ficaram malucos?
— Estão dizendo que viram vocês juntinhos no refeitório e quase se beijando...
— Isso é mentira, apenas sentei com ele uns instantes e ele me perguntou coisas sobre a nossa turma.
— Eu sei Ana Brenda, claro que não acreditei nessa bobagem, mas ainda acho que ele está afim de você!
— Você e todos esses otários estão enganados, ele é meu professor e eu só mais uma aluna entre tantas. E vamos para sala de aula que não quero que além disso tudo, a gente perca a nota desse trabalho estúpido.
Ana Brenda
Eu sempre cuidei tanto da minha reputação, mas deram um jeito de me envolver em uma história sórdida e absurda como aquela. Pessoas sem amor a própria vida e que passam o tempo todo buscando por erros alheios para se sentirem melhores com os seus próprios.
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Atualizado até capítulo 54
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