Primeiro dia com os trigêmeos

Segundo depois, Ulisses enviou um áudio comemorando que Natália havia aceitado o emprego, além de um arquivo com informações sobre as crianças. Pediu para que ela viesse às 7 horas. Para discutir os detalhes do emprego e assinar a carteira.

No outro dia pela manhã, Natália levantou cedo e se arrumou para o trabalho. Colocou uma calça jeans, blusa branca básica, tênis e partiu. Eram três crianças, ela precisava estar no mínimo confortável para conseguir lidar com elas durante todo o dia.

Na chegada, ela já tinha seu acesso liberado na portaria. Enquanto caminhava pelo lugar, se deslumbrava com as casas enormes e lindas do condomínio. Logo chegou na casa, que tinha um enorme gramado verde na frente, alguns brinquedos e uma árvore com um balanço. A casa era enorme e luxuosa, mas contrastava com a frente, que era bastante bagunçada.

Natália chamou na porta, mas se surpreendeu ao ver que era Ulisses abrindo a porta, esperava que outro funcionário fizesse isso.

— Bom dia! — Natália sorriu tímida. Não sabia exatamente como deveria agir naquela situação. Ulisses estava completamente bagunçado. Parecia irreconhecível em comparação ao dia anterior. Vestia apenas um pijama, com o cabelo bagunçado e olheiras enormes.

— É você! Graças a Deus! Eu pensei que acabaria enlouquecendo hoje. Passei boa parte da madrugada em reunião com algumas pessoas de fora, às cinco horas da manhã esses seres maravilhosos que são meus filhos acordaram com toda energia que nunca tive na minha vida. Você é um anjo, vai salvar meu dia. — Ulisses puxava Natália para dentro, animado e aliviado, precisava de ao menos duas horas de sono para revigorar.

— Você está bem diferente de ontem. Quase irreconhecível. — Natália não acreditava que aquele cara de terno perfeitamente arrumado de ontem, estava destruído no outro dia pela manhã, mas ao olhar a casa enquanto passava, notou como não apenas Ulisses estava caótico, mas dentro de casa tinha brinquedos que até no teto.

— Sério? Bem, na rua preciso parecer minimamente apresentável por conta da empresa, as pessoas julgam muito pela imagem. Dentro de casa sou apenas um pai solo com trigêmeos que colocam todas as babás para correr. Vamos dizer que não sobra muita energia. — Ulisses foi tão sincero que surpreendeu Natália.

— Nath! Você veio mesmo! — Lisa correu agarrando na perna de Natália.

— Olá, você é a Lisa, certo? Seu pai me falou um pouco sobre vocês ontem a noite. Melhor dizendo, mandou um arquivo com todas as informações sobre vocês, ele é absurdamente organizado. Onde estão o Lucas e o Lenin? — Natália leu por cima o arquivo com as informações sobre as crianças. Tinha desde ficha médica até os alimentos que eles comiam e aqueles que não suportavam.

— Eles estão na sala. Estávamos esperando o café da manhã, mas acho que vai demorar, o papai dormiu. — Lisa apontava para o pai que estava jogado no chão roncando.

— Quê? Isso é sério? Como ele ficou nesse estado. — Natália olhava ao redor onde poderia colocar Ulisses para que ficasse mais confortável que no corredor. Sem conhecer muito a casa, decidiu puxar ele até o tapete, que parecia incrivelmente confortável. — Onde tem lençol, Lisa?

— Não sei, mas no escritório do papai sempre tem um para ele se cobrir de noite enquanto trabalha. — Lisa explicou.

Natália pediu para que mostrasse onde era o escritório. Notou que lá era o único lugar organizado da casa, ou seja, deveria ser onde as crianças não tinham acesso. Pegou o lençol que estava perfeitamente dobrado em cima de um sofá, voltou para sala, sobrou Ulisses e colocou um travesseiro debaixo de sua cabeça.

— Agora, onde estão os outros? Vamos organizar algo para vocês comerem. Acho que sei pai precisa descansar um pouco. — Natália começou a compreender a atitude confusa de Ulisses ontem. Ele estava completamente esgotado da rotina de empresário e pai.

Para o completo desespero de Natália, o quarto onde estavam os outros dois estava ainda mais caótico que o resto da casa. Mal podia caminhar no lugar, por tanto brinquedo que estava espalhado.

— Bom dia, crianças. Esse lugar tá uma bagunça, né? Que tal a gente fazer assim, tomamos café, voltamos para arrumar tudo isso e como presente por organizarem a bagunça de vocês, podemos fazer um bolo bem chocolatudo? — Natália aprendeu com sua mãe que deveria ensinar que bagunçou a arruma, mas naquele caso, ela não poderia simplesmente forçar as crianças a arrumarem tudo. E aquele lugar como estava, não era nenhum pouco seguro para crianças.

As crianças olharam uma para outra por um tempo, como se tivessem conversando com o olhar, depois acenaram concordando. O café da manhã foi mais prático do que Natália esperava, as crianças quiseram apenas tomar cereal e logo já estava organizando a bagunça. Um pouco depois, já estavam todos na cozinha ajudando a preparar o bolo.

— Incrível! — Ulisses nem acreditou no que tinha visto ao passar pela sala de lazer e ver ela impecável. Ele nem lembrava mais como era o piso dela.

— Oh, o senhor acordou. Bom dia. — Natália disse sorrindo com farinha na bochecha.

Ulisses se aproximou sorrindo, limpou a farinha que está na bochecha de Natalia. Quando seus olhos se encontraram, ela sentiu seu coração acelerar.