Aos primeiros raios de sol, Luciana acordou assustada.
"Ufa! Ainda bem que foi só um pesadelo, tenho que levantar e ir cuidar das roupas dos meus irmãos, ou a minha mãe vai-me bater quando chegar, e reclamar de mim para o meu pai." Luciana murmurou.
Assim que tentou se espreguiçar, uma dor alucinante correu por todo o seu corpo, isso a tirou do seu devaneio familiar.
Todo o seu corpo doía, ela estava mais quente que o normal, e para piorar estava com muita fome.
Deus sabe quanto tempo ela dormiu dessa vez.
Deixa eu me levantar, preciso trocar os meus curativos.
Procurando na sua mochila, ela encontrou uma garrafa vazia de plástico, onde guardava água para ir para os campos ou trabalhar.
Hoje o seu corpo estava tão dolorido, e os seus movimentos estavam bem mais lentos.
Na margem ela retirou as suas bandagens, tirou a sua roupa e começou a se lavar.
A água estava muito fria, mas isso era bom também porque ela estava muito quente, então precisava baixar a temperatura.
"Estou tão cansada, nossa, tô quebrada."
Algum tempo depois ela pegou mais duas bolachas da sua mochila, e os comeu com grandes goles de água.
Sabendo dever descansar, ela deitou-se, contudo dessa vez o sol brilhava e por ser verão estava quentinho, combinando com a umidade e o ar gelado da cachoeira tudo estava ótimo.
E asim ela passou os dias, ainda bem que havia água e as suas bolachas, mas estavam no final também.
Pelas contas estou aqui há quase 8 dias já, preciso-me mover.
O seu pé estava em um esverdeado com manchas roxas de sangue pisado, as suas pernas e braços estavam cheios de cascas de cicatrização, mas também havia alguns cortes infeccionados, o inchaço na testa ainda doía.
Após ver o seu reflexo na água, percebeu estar com um lado do rosto num tom roxo escuro, ainda havia o corte próximo à nuca, era profundo e largo, inchado e doloroso, mas não havia nada que ela pudesse fazer.
A ferida costurada também tinha sinais de infecção, mas ela não tinha mais nada na sua mochila, por isso todos os seus ferimentos eram limpos, somente com água nos últimos dias.
Sozinha nessa situação já havia dado o seu melhor.
Hoje ela iria descansar e ir atrás de uma saída amanhã quando amanhecer.
No dia seguinte
Com a sua muleta improvisada, Luciana pegou a sua pequena mochila e caminhou devagar, seguindo a margem do rio.
Depois de uma parada para se refrescar e comer algo, ela continuou em frente sem descanso.
Já era noite quando a garota avistou de longe, algumas casas e ruas pavimentadas.
Exausta, após atingir o seu objetivo a garotinha parou e ficou num canto mais escuro.
Pela manhã havia sons de carros, crianças seguindo em direção a escola, e de pessoas conversando a caminho do trabalho.
Ela desceu devagar, ninguém que passava dava-lhe atenção.
Um criança de cerca de 3 anos comia bolinhos de carne, quando a viu passar, com os cabelos desgrenhados, a sua cabeça estava ligeiramente abaixada e os seus olhos estavam vazios, como se tivesse perdido a alma.
A criança era muito fofa e gordinha com um sorriso meio vazio, a boca cheia de farelos e mãos oleosas parou na sua frente de repente, colocou um bolinho de carne nas suas mãos e saiu correndo.
Quando a sua mãe que estava na barraca pagando a conta virou, essa foi a cena que ela viu.
Ela pegou a criança nos braços, e correu até onde a ela estava e bateu nas suas mãos, o bolinho caiu das suas mãos e rolou pela calçada, caindo num bueiro.
Então a mulher começou a gritar. "Como ousa roubar coisas das mãos das pessoas nas ruas? Criatura sem vergonha, tão jovem com um coração tão negro. Fique onde está, eu vou chamar a polícia, tem que ir para cadeia e aprender com os seus atos."
Era horário de pico pela manhã e as ruas estavam lotadas de pessoas, que observaram a confusão, todos aguardavam um bom ‘show’, ninguém queria saber quem está certo ou errado.
"Que criança descarada, tão jovem e já roubando de outras pessoas, onde este mundo vai parar."
"Olha lá, ela nem levanta a cabeça, deve estar com vergonha já que vai para um reformatório."
"Essas crianças de hoje estão cada vez piores, essa daí deve ter fugido de casa após roubar os pais."
"Tenho tanta pena desses pais, quão desesperados eles devem estar."
"Tem que mandar para cadeia e abandonar, tirar do registro familiar e deixar órfão. Somente assim esses ingratos, vão valorizar os seus parentes mais próximos."
Luciana ainda estava com a cabeça baixa, ainda em choque por ser acusada de algo, que ela não fez.
Todos apontavam e batiam as suas línguas sem parar, amaldiçoando a.
A polícia logo chegou, o policial encarregado da ocorrência veio até o solicitante para saber qual era a queixa..
"Senhor policial olhe para essa garota miserável, que sem nenhum escrúpulo roubou a comida das mãos do meu filho."
"Como podemos viver tranquilos, e andar nas ruas se hoje começam a roubar tão cedo?"
Várias vozes na multidão, começaram a jorrar as suas maldições contra Luciana.
Ela realmente queria ir à delegacia de polícia para prestar queixa contra os seus pais, por isso aguardou todo esse tempo para ver qual é a atitude desse policial em relação mulher louca parada a sua frente, mas vendo como as coisas estão, logo vão colocar toda a culpa sobre ela, sem nenhuma dúvida.
Luciana levantou a cabeça lentamente, olhou para a mulher a sua frente que mandava o seu filho calar a boca, e descrevia a farsa para o policial.
Os seus olhos estavam frios, enquanto os encarava.
"Acabaram com a farsa?"
Em alto e bom sim, todos ouviram a garotinha falar, o policial e a mulher olharam para aquele rosto e ficaram chocados.
"Menina me siga a delegacia, vou enviar você para o reformatório juvenil por roubo e desacato a autoridade." O policial ordenou.
"Oh!" Respondeu Luciana
O policial esticou as mãos para agarrá-la, quando ela falou de repente
"Tio policial o senhor sempre prende as pessoas com base numa declaração unilateral, ao invés de conversar com as testemunhas e com as partes envolvidas?"
\*Tio policial para prender alguém é necessário evidências, onde estão as desse caso?\*
"Eu ia em direção a delegacia por que esperava que a polícia poderia-me ajudar a resolver o meu caso, mas vendo como o Tio policial faz justiça, acho melhor procurar outro caminho, ou posso ser presa por algo que não fiz ou serei simplesmente presa por desacato, somente por dizer a verdade.\* Luciana zombou.
"E a senhora Tia, não tem vergonha de caluniar uma criança de 7 anos como eu, você não se envergonha de menosprezar a bondade no coração do seu filho?"
"A criança veio até mim com o bolinho, e o colocou nas minhas mãos e depois saiu correndo."
"Ao invés de parabenizar o seu filho por ter compaixão e ser bondoso com os outros, a senhora crítica a sua boa intenção."
"Com certeza ele não aprendeu a fazer o bem com a senhora,jáque é uma pessoa mesquinha, e grita justiça para outros porque só visa lucros, assim como pessoas fodoqueiras que amam caluniar os outros, mas se esquecem de falar após ver se é isso de fato o que aconteceu."
Todos estavam chocados, e não podiam descrever oque sentiam naquele momento, uma criança tão jovem, tem uma língua tão afiada.
"Tio policial o senhor ainda vai me prender ou vai investigar o caso? hum?"
O polícial olhou a punk miserável que cruzou o seu caminho hoje, e jurou a si mesmo que assim que ela entrar no seu carro, ia dar-lhe uma boa surra.
Ele olhava ferozmente para a garotinha e estava pronto para descarregar todas as suas queixas, onde já se viu eu, um homem de quase quarenta anos tomar esporro de uma pirralha?
"Vamos!"
"Tsk"
Do meio da multidão uma voz preguiçoso disse:
"ESPERE"
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Atualizado até capítulo 83
Comments
joana Almeida lima
Que mulher sem noção falar tanta besteira de uma criança tão pequena. É uma idiota.
2023-08-05
6
Marcia Ramalho Mecias
uau gostei
2023-06-18
1