— Por que você é pequena! — meu irmão Castor diz, e após bagunça o meu cabelo.
— Os demônios da floresta fariam picadinho de você, fácil fácil. — Pólux se agacha e faz um movimento de garras com as mãos, tentando me assustar.
Eu cruzo meus braços, levanto uma sobrancelha, me viro de costas e saio andando batendo os pés. Eles acham que só por eu ter oito anos iria acreditar nessas histórias de assustar criancinhas.
— Isso aí, é o sangue ruim de Estela. — ouço meu pai dizendo pelas minhas costas, me comparando novamente com minha mãe.
É claro que quando chegamos em casa, recebi um sermão e meu pai me proibiu de chegar perto do Aiden.
Meus irmãos ficaram insistindo, contando histórias de pessoas que entraram na floresta e nunca mais foram vistas, que provavelmente os demônios as levaram para o inferno.
Disseram que o povo de Aiden, tinham um pacto com esses demônios e por isso podiam caminhar por lá.
Eu não acreditei, é óbvio! Pensei que meus irmãos estavam me contando aquilo para me assustar.
Porém, descobri que todos na cidade acreditavam naquela história. Todos diziam que a floresta era perigosa e tinham demônios.
Depois disso passei a acreditar?
Claro que não! A partir desse momento percebi que existia um delírio coletivo naquela cidade, eram todos loucos.
Na escola, através das grades que separavam a área dos meninos das meninas, eu sempre observava Aiden.
Ele realmente era excluído. Ele comia sozinho e brincava sozinho. Nenhum dos meninos se aproximavam dele. Aquilo era chato e de cortar o coração. Então, em um dia o chamei através da grade:
— Ei bobão! Vem aqui!
Ele me olha e aponta o dedo para si.
— Você mesmo! Vem logo, antes que alguém nos veja.
Ele olha para os lados, receoso e se aproxima.
— Olha, vamos fugir novamente. Mas dessa vez vamos fazer direito, tá?
Eu olho no meu relógio de pulso em formato de flor e continuo:
— Temos meia hora até acabar o intervalo, então a gente foge, brinca um pouco e depois volta, sem ninguém perceber.
Ele sorri, todo animado e diz:
— Tá!
Antes que ele dissesse mais alguma coisa eu já tinha escalado as grades de separação e estava no topo.
— Menino! Me segure aí! — eu grito e ele estendo os braços para me pegar. Eu pulo e caio em cima dele novamente, rolamos no chão, mas no segundo seguinte estávamos correndo, fugindo para a floresta.
E foi assim que eu e Aiden crescemos, nos encontrando às escondidas de nossos pais.
Com o tempo, achamos um esconderijo perfeito na montanha, onde podíamos passar mais tempo brincando.
Fomos ficando maiores e começamos a ir para a floresta a noite, pois por causa do toque de recolher, era mais difícil de alguém nos ver.
De criança, me tornei uma adolescente e Aiden também. Meu corpo mudou e o dele nem se fala!
Acho que ele puxou o pai, porque de uma hora para outra, ele se tornava maior e maior. Juro que eu piscava e ele estava diferente do que o segundo anterior.
Me perguntava se um adolescente podia passar tanto tempo malhando, porque aqueles músculos eram anormais.
Algumas vezes percebi a sua camisa se rasgando em alguns pontos, mostrando que ele realmente estava crescendo muito rápido.
O que crescia rápido também era o meu interesse por ele. As vezes me pegava admirando o seu sorriso bobo, os seus olhos negros e grandes. Quando ele chegava muito perto, o seu cheiro invadia todo o meu ser, me deixando inebriada.
Me sentia diferente ao lado dele, meio abobada, sorrindo em momentos que não precisava. Me sentia ansiosa para vê-lo nos horários marcados e meu dia só ficava bom quando estávamos lado a lado.
Foi nessa época que em um dia, na hora marcada, fui ao esconderijo e ele não estava lá.
Passei quase a noite toda lá o esperando, mas ele não apareceu.
Me senti péssima, mas pensei que talvez ele tinha uma ótima explicação para tudo.
Voltei no dia seguinte e nada!
Ele sumiu de verdade, nem na escola o via mais.
Passou-se um ano inteiro sem vê-lo. Eu fiz dezesseis e ele nem apareceu para me desejar feliz aniversário.
Comecei a me comportar como o meu pai queria. Não o questionando e apenas respirando.
Tanto faz, não é? Nada na vida conseguia me fazer sentir o que o Aiden fazia.
Percebi que eu estava apaixonada pelo meu melhor amigo e nada no mundo conseguia preencher o buraco que havia em meu coração.
Até que um dia, meu pai trouxe um garoto para minha casa. Disse que ele iria me cortejar.
Acreditam? Cortejar! Quando digo que os costumes dessa cidade são estranhos, é porque são mesmo!
O garoto ficou lá, me contando um monte de coisas. Se gabando pelos feitos de sua família e um monte de coisas que eu não prestei atenção.
O meu pai tinha me deixado sozinha com ele na sala e no fim, de repente ele tentou me beijar!
Levei um susto tão grande e por impulso dei um tapa no rosto dele e corri para o meu quarto.
Chorei muito naquela noite, imaginando que meu futuro seria casando com um garoto chato, como aquele, e não com o garoto mais encantador que conheci na vida.
Fiquei tão triste que tive pesadelos, sonhava estar correndo pelas montanhas e chamando por Aiden.
Estava escuro e ouvia por entre as árvores rosnados e uivos. Isso tudo me dava muito medo e eu acho que poderia ser um reflexo dos mitos que ouvia sobre os demônios da floresta.
Eu gritava e gritava, até que tudo começou a clarear e ficar verde e bonito, parei de ouvir os rosnados e abri os olhos. Aiden estava lá no meu quarto segurando a minha mão.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Silvaneide Ágatha
que fofo 🩷🩷🩷
2024-10-05
0
Silvaneide Ágatha
tadinho
2024-10-05
0
Silvaneide Ágatha
😂😂😂😂😂
2024-10-05
0