1- O Primeiro Encontro

Eu moro na cidade mais estranha do planeta. Não tenho dúvidas disso!

Qual lugar que não é tomado por violência que tem toque de recolher? Aqui! 

Para se divertir você é obrigado a quebrar regras e ainda corre o risco de algum fofoqueiro te dedurar. As pessoas daqui acham super normal ficar se metendo em sua vida.

Além do toque de recolher, tem um grupo de homens que se intitulam os zeladores da moral e dos bons costumes, os quais adoram ditar regras principalmente para as mulheres sobre como devem se comportar.

Eles tem até um “clube do Bolinha”, onde fazem reuniões secretas para conversar sei lá o quê! Não me pergunte o que deve ser, porque não tenho a mínima curiosidade em descobrir.

Aí você pode pensar que do jeito que eu falo, a minha família tem as únicas mentes equilibradas da cidade, só que não! Meu pai e meus irmãos mais velhos lideram esse grupo de loucos.

Não tem nada que compense morar aqui, o clima não é agradável, está sempre frio e parece que não existe verão nesse lugar. Não recomendo vir para cá.

Sem contar que existem muitos mistérios envolvendo a floresta que cobre as montanhas que circundam a cidade.

Alguns dizem que vivem lá demônios devoradores de alma. Que quem se atreve a adentrar a floresta é sugado para o inferno e nunca mais voltará.

Pura superstição! É óbvio que são histórias para assustar crianças. Eu conheço aquela floresta com a palma da minha mão.

Bem, meu nome é Milena Gordon e não nasci aqui, nasci no Bronxs, em Nova York. Meu pai que é daqui.

No passado, ele e minha mãe se conheceram e ele aceitou ir morar em Nova York quando se casaram.

Até hoje não entendo como o casamento deles deu certo por tanto tempo, porque meu pai é um homem rústico, machista e dominador e minha mãe é formada em arqueologia, sonhadora e aventureira.

Mas o casamento deles até que durou bastante, viu? Porém o fim iminente aconteceu. Em um dia minha mãe decidiu seguir pelo mundo, se aventurando atrás dos mitos e lendas do passado e nos deixou para trás com o papai.

E foi assim que vim parar aqui, Dreamwood, no Oregon. Uma cidade que de “Dream” não tem nada.

Não foi fácil me adaptar, se é que eu me adaptei. Mesmo com pouca idade, já estava acostumada com Nova York e quando cheguei aqui parecia que voltei no tempo, para uma cidade medieval. 

Roupas diferentes, regras e costumes… tudo isso foi jogado na minha cara de imediato junto com a frase: “Vou cuidar para que você não seja como a sua mãe.”

 

Agora tudo era motivo para que eu fosse comparada a ela e isso é um saco!

Na escola, as meninas eram separadas dos meninos e em um dia, acabei parando no pátio dos meninos, quando resolvi fugir.

Sim, eu não seria domesticada sem lutar, então aproveitei de uma distração para dar o fora daquele lugar.

Escalei o muro e pulei para o outro lado e cai bem em cima do menino que eu não podia chegar perto. Aiden Kiliam.

Pedi desculpas e peguei na gola da camisa dele dizendo:

— Não conte que me viu, hein?

Após, me levantei e continuei a correr, indo para o único lugar onde podia me esconder, a tal floresta amaldiçoada.

Aiden me seguiu e disse que queria fugir comigo. Fiquei brava de início, mas acabei aceitando porque ele parecia conhecer melhor as trilhas.

Desaparecemos por um dia inteiro, até que fomos encontrados por um homem misterioso, era o pai de Aiden.

Ele não parecia tão mais velho, talvez tinha uns trinta anos… era incrível como parecia jovem, porém a sua aura emanava respeito, como um ancião.

Aquele dia foi louco! 

O pai de Aiden me olhou e franziu o nariz, como se tivesse algum cheiro ruim no ar.

Aiden abraçou a perna dele e disse:

— Pai, ela é legal. — foi assim que eu soube que ele era o pai dele.

Ele apenas olhou para o menino enrugando o rosto e mostrando os dentes e Aiden reagiu abaixando a cabeça e evitando o olhar.

Tá! Isso foi estranho. Imaginem a minha cara vendo tudo? Dei alguns passos para trás, pensando que era melhor dar um fora dali.

Mas o pai de Aiden me alcançou e pegou em meu bracinho e foi me levando para fora da floresta, enquanto Aiden nos seguia de cabeça abaixada e mantendo distância.

Saímos da floresta e estava lá, meu pai, meus irmãos gêmeos e um bando de homens. Todos estavam armados e com uma cara não muito boa.

— Eu só fugi, gente! Não precisa de tudo isso! — eu digo me soltando do pai do Aiden e caminhando em direção a papai. 

Este Imediatamente me colocou atrás dele, me protegendo e disse:

— Permitimos que seu filho estude na nossa escola, mas isso não significa que ele pode se aproximar das nossas crianças. Principalmente da minha filha.

O pai de Aiden se aproximou e ficou bem de frente para o meu pai. Ele era um homem grande e imponente, mas meu pai em nenhum momento desviou o olhar.

— Pelo que eu saiba, por pagar impostos eu tenho direito de colocar o meu filho em qualquer escola pública. 

— Impostos não te dão direito de se misturar com nossa gente. 

— Aiden é educado, nunca se misturaria com human… — ele para, rosna de raiva e após se vira para Aiden — Filho, venha aqui. Você chamou essa garota para brincar?

Aiden, evitando contato visual com o pai, balança a cabeça em negativa.

— Ei! — eu grito saindo de trás de papai. Não gostei de como Aiden ficava submisso ao pai — Ele não fez nada, ouviu? Fui eu que levei ele para a floresta! — digo o defendendo.

— Milena! — meu pai grita — O que eu disse para não entrar na floresta?

— Esse lugar é muito chato, papai. — digo cruzando os meus braços, irritada.

— Estou vendo bem quem precisa de disciplina. Guarde o seu filhote, porque o meu é muito bem cuidado. — após o pai de Aiden dizer, ele pegou a mão do filho e eles sumiram, entrando na floresta.

— Espera?! — eu grito e todos olham para mim — Isso não é justo! Por que eles podem e eu não posso? 

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Comments

Silvaneide Ágatha

Silvaneide Ágatha

😂😂😂😂

2024-10-05

0

Silvaneide Ágatha

Silvaneide Ágatha

igual a minha cidade 😜

2024-10-05

0

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

tem gente que esquece de viver a própria vida, pra viver a dos outros🤨

2024-04-26

5

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