Capítulo 03

^^^I S A D O R A^^^

Uma semana se passou desde que os últimos detalhes do meu casamento ficaram prontos.

Lista de convidados fechada, flores escolhidas, vestido ensaiado pela última vez. Agora só me restam dois dias até dizer “sim” e oficializar o que, na minha cabeça, já parecia certo há muito tempo.

Estou sentada na minha mesa do trabalho, com o computador ligado, mas meus olhos estão presos no brilho da aliança no meu dedo. Gosto de girá-la devagar, sentindo o metal liso deslizar pela pele. Um gesto simples que me faz sorrir sozinha, como se fosse uma menina sonhando acordada.

— Esse contrato é seu mesmo? — Lígia, minha colega de equipe, interrompe meu devaneio.

Pisco algumas vezes, voltando para a realidade.

— Claro… só estava… revisando mentalmente — invento, rindo.

Ela revira os olhos.

— Revisando o futuro, né? Porque sua cabeça já está no casamento.

Dou de ombros, tentando esconder o fato de que ela não está tão errada assim.

Hoje à noite teremos um jantar importante para comemorar mais um contrato que o Henrique conseguiu fechar. Esses eventos são quase rotina pra ele, mas, para mim, ainda soam como algo formal demais.

O dia no trabalho se arrasta entre planilhas e plantas de projetos. Quando finalmente o relógio marca seis horas, desligo o computador e guardo minhas coisas na bolsa. Desço para a rua sentindo o ar mais fresco do final da tarde, um contraste bom com o ar-condicionado gelado da empresa.

No caminho de volta, penso nos últimos dois dias que me separam de mudar de sobrenome. Tento imaginar a cerimônia, a música, a nossa primeira dança. A imagem é bonita, mas também me causa um peso no peito que não sei explicar. É uma ansiedade, um frio bom na barriga.

Quando chego ao prédio, cumprimento o porteiro e subo. Assim que entro no apartamento, percebo que Henrique também acabou de chegar — o paletó jogado no encosto do sofá entrega. Ouço o som da água caindo no banheiro. Deixo minha bolsa na poltrona e caminho até o quarto, tirando os sapatos. A porta do banheiro está entreaberta, e o vapor escapa como um convite. Empurro devagar e entro.

Henrique está debaixo do chuveiro, a água escorrendo pelo corpo, os cabelos escuros colados à testa. Ele me olha pelo reflexo no box e sorri de leve.

— Não ouvi você chegar — a voz dele é baixa, quase indiferente.

— Resolvi vir de fininho — respondo, fechando a porta atrás de mim.

Tiro minha blusa, depois a calça, e entro no box. A água quente me envolve como um abraço, e aproximo-me para pegar o sabonete líquido. Espalho nas mãos e começo a passá-lo pelos ombros dele, descendo pelos braços firmes.

Ele me observa em silêncio, e continuo o movimento, agora pelas costas largas, sentindo a tensão acumulada nos músculos. Me inclino para beijar o ombro molhado, o gosto da água misturando-se ao perfume amadeirado dele.

— Está nervosa para o jantar? — pergunta, sem emoção.

— Um pouco. Mas nada que um banho não resolva.

Meu toque desce pelo abdômen, e sinto o corpo dele reagir, mas o olhar continua distante. É como se estivéssemos juntos apenas fisicamente.

Ainda assim, ele me puxa para mais perto, a água escorrendo entre nossos corpos. Minhas mãos deslizam pelas costas dele enquanto as dele seguram minha cintura.

O que começou como um simples banho se transforma lentamente em algo mais. Ele me vira, encostando-me na parede fria do box, e me beija com firmeza. A combinação entre a água quente e o vidro gelado arrepia minha pele.

Suas mãos exploram meu corpo, mas não há urgência apaixonada — apenas movimentos calculados, quase mecânicos. Ainda assim, cedo ao momento, fechando os olhos e deixando que ele conduza. O vapor embaça tudo ao redor, e por alguns minutos me esqueço do mundo lá fora.

Sua boca percorreu meu pescoço em movimentos rápidos, quase impacientes, enquanto suas mãos desciam com a mesma determinação até o centro da minha böcëta, onde seus dedos brincaram com meu clitóris, enquanto ele se ajeitou atrás de mim.

O corpo colando ao meu, o ritmo da respiração contra minha pele. A pressão das mãos na minha cintura aumentou, como se quisesse me manter ali, imóvel, sob o controle dele. Meus dedos se fecharam no vidro do box, tentando buscar algum apoio enquanto ele se encaixava, guiando os movimentos sem dizer uma palavra. Era um contato intenso, urgente, mas sem doçura, como se fosse apenas uma necessidade física a ser cumprida.

O corpo reagia, mas a mente registrava cada detalhe: o jeito que ele me segurava, a força nos dedos e a falta de palavras. A cada segundo, ficava mais claro que ele estava presente só no corpo, e que, por mais próximo que estivesse, a distância entre nós nunca pareceu tão grande.

Quando terminamos, ele se afasta primeiro, pegando a toalha. Eu fico mais alguns segundos debaixo da água, tentando entender por que o que acabamos de viver, apesar de íntimo, pareceu tão distante. Eu não queria pressioná-lo, acredito que esteja nervoso e ansioso pelo casamento, pelos negócios e o jantar dessa noite. É compreensível que ele esteja assim. São tantas coisas que estão acontecendo rápido demais e em pouco tempo, estou aqui para apoiá-lo e não enche-lo de perguntas, ou bancar a mulher estérica.

Saio, seco-me rapidamente e vou para o quarto. Abro o closet e começo a escolher a roupa para o jantar. Quero algo elegante, mas sem parecer que estou tentando demais.

Opto por um vestido midi de seda azul-marinho, ajustado na cintura e com um decote discreto em V. O tecido desliza pela pele com suavidade, acompanhando cada movimento. Para os pés, escolho uma sandália de salto fino nude, com tiras delicadas que se cruzam no tornozelo.

No espelho, começo a maquiagem. Uma base leve, iluminador nas têmporas, sombra marrom esfumada e máscara de cílios para abrir o olhar. Finalizo com um batom nude rosado.

Prendo o cabelo em um coque baixo elegante, deixando algumas mechas soltas para suavizar o rosto. Coloco brincos de pérola e uma pulseira fina de ouro, presente da minha mãe.

Quando termino, Henrique já está pronto, sentado na poltrona com o celular na mão. Ele veste um terno preto impecável e uma gravata azul que combina com meu vestido. Levanta-se, me olha de cima a baixo e apenas comenta:

— Está bonita.

— Obrigada — respondo, com um sorriso que ele não retribui totalmente.

Pegamos nossas coisas e saímos, o som dos saltos ecoando pelo corredor até o elevador. O carro nos espera na garagem.

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Comments

Sobral Joyce Sobral

Sobral Joyce Sobral

tô gostando quero aonde vai essa história

2023-06-15

42

Joselma Trajano

Joselma Trajano

Eita que ele e sagaz ,fareja o bo logo, só esperando o encontro dos dois

2025-07-31

1

Pra Elaine Maria

Pra Elaine Maria

tudo indica que falta amor e parece que ele pula a cerca 😞 ela também não tem amor .

2025-09-12

0

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