Samantha hesitava, o coração disparado. Temia que, ao arrancar com o carro, o homem atirasse e a acertasse. Mas também temia ficar parada e ele a matasse ali mesmo. Estava entre a cruz e a espada.
— Abre a porta! — ordenou o homem, a voz rouca e urgente.
Sem pensar muito, Samantha destravou a porta. Ele se jogou no banco do passageiro, o sangue escorrendo de suas mãos, e deu outra ordem:
— Dirija!
— Se quer o carro, pode levar. Não é meu, e o dono deve ter seguro — disse ela, a voz trêmula, tentando manter a calma.
— Não quero o carro. Só preciso que dirija. Não importa pra onde, só me tira daqui, agora! — retrucou ele, apontando a arma para ela com um gesto fraco, mas ameaçador.
Samantha engatou a marcha e seguiu em frente, aproveitando o sinal já aberto. Não sabia para onde ir. Em meio ao nervosismo, pensou em sua casa — uma ideia impulsiva, quase absurda, que não sabia explicar. Estava apavorada.
Como se lesse seus pensamentos, ele perguntou, enquanto ela dirigia pelas ruas escuras:
— Sua casa. Você mora com alguém?
— Não, moro sozinha — respondeu ela, automaticamente. Assim que as palavras saíram, repreendeu-se em silêncio por sua sinceridade.
— Então vamos pra sua casa. Preciso tirar essa bala. Não posso voltar pra minha agora — disse Adam, com a voz tensa, esperando que ela cooperasse.
Ele temia que os homens de Oliver estivessem à sua espera perto de casa. Precisava lidar com o ferimento e tentar carregar o celular para contatar um de seus aliados.
Samantha, ao seu lado, permanecia nervosa. A presença de um homem armado e ensanguentado tão próximo a ela, após o erro de revelar que morava sozinha, a fazia questionar o que faria ao chegar em casa. Outro pensamento a consumia: a sorte parecia tê-la abandonado. Tudo em sua vida estava fora de controle, e aquela noite só acumulava desastres.
O silêncio no carro era constrangedor, quebrado apenas pelos gemidos de dor de Adam. Decidida a romper a tensão, Samantha fez uma pergunta — mas não, a mais sábia.
— Você se meteu num assalto? — perguntou, mantendo os olhos fixos na estrada.
— Eu, por acaso, tenho cara de assaltante? — retrucou Adam, virando-se para ela, notando o nervosismo em sua postura.
— Não sabia que eles tinham um biotipo específico — respondeu ela, com um toque de sarcasmo.
Adam estreitou os olhos, fitando-a. Pensou consigo que ela não era apenas bonita, mas tinha uma língua afiada.
— Se sua preocupação é essa, pode ficar tranquila. Não sou assaltante. Isso aqui foi resultado de uma traição da minha namorada..., ou melhor, ex-namorada — disse Adam, com um tom de amargura.
Samantha lançou-lhe um olhar rápido, observando o ferimento ensanguentado. Pensou consigo que, comparado a ele, ela tivera sorte. A traição de Douglas lhe custara apenas algumas calorias a mais, de um pote de sorvete, e o desgosto que ainda carregava.
— Bem-vindo ao clube — respondeu ela, com um toque de ironia, sem o encarar diretamente.
O nervosismo a fazia falar além da conta. Respirou fundo, tentando se acalmar, ciente de que uma palavra errada poderia irritar aquele homem armado.
Minutos depois, Samantha estacionou em frente à sua casa. Antes de descerem, Adam fez questão de esclarecer:
— Não quero te machucar, então não faça nenhuma besteira. Só preciso tirar essa bala e carregar meu celular. Prometo que depois vou embora, sem te causar nenhum mal — disse ele, com a maior sinceridade que conseguia demonstrar.
Pela primeira vez, Samantha o olhou de verdade. Sob a luz fraca dos postes, pôde ver pouco de seu rosto, mas ele parecia genuíno.
— Vamos, por favor. Não quero que ninguém nos veja aqui — disse ela, pegando a bolsa e saindo do carro.
Adam a seguiu, a arma ainda na mão, os olhos varrendo os arredores. Não havia ninguém à vista, mas ele não baixava a guarda.
Somente ao entrar na casa, Adam pareceu relaxar um pouco. Enquanto Samantha trancava a porta, ele cambaleou, quase caindo, tomado por uma tontura. Por impulso, ela o segurou, e seus rostos ficaram perigosamente próximos. Adam se apoiou nela, sustentando o olhar em seus olhos, o que a fez desviar o rosto, o coração disparado.
Naquele momento, sob a luz fraca da sala, Samantha pôde ver melhor o rosto dele. Mesmo ferido e exausto, era inegável o quanto aquele homem era atraente, com um charme que resistia à sua condição.
— Me leve pro banheiro. Isso aqui vai fazer muita bagunça — disse Adam, arrancando-a de seus pensamentos, com a voz fraca, mas consciente do sangramento que viria.
Samantha o ajudou a chegar ao banheiro, apoiando-o até que se sentasse na borda da banheira. Ele estava visivelmente enfraquecido.
— O que mais você quer que eu faça? — perguntou ela, nervosa. Não sabia quem ele era, mas não podia deixá-lo morrer ali em sua casa.
— Traga o que tiver de primeiros socorros, a bebida mais forte que tiver, uma faca ou canivete de ponta fina, e coloque meu celular pra carregar, por favor — pediu ele, com um tom surpreendentemente gentil.
Samantha pegou o celular que ele lhe entregou e saiu do banheiro para buscar o que foi pedido. Só queria que ele fizesse o procedimento e saísse logo de sua casa, rezando para que não morresse ali. Encontrou um carregador reserva na bolsa — por sorte, compatível com o celular dele — e o conectou. Depois, pegou a tequila, a única bebida forte que tinha, além de cerveja, e lembrou-se do frasco de álcool no armário. Levou tudo, notando que ele parecia saber o que fazia, como se já tivesse passado por aquilo antes.
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Atualizado até capítulo 149
Comments
Livia Pereira
11/10/2025 já amando. Li o outro , esse parece melhor
2025-10-12
0
Ediane Santos Araújo
comecei a ler hoje 02/02/2025.
só falta esse livro já li as outras histórias suas, o motivo de ser o último e por ter mais de 100 capítulos não gosto de histórias longas.
2025-03-03
1
mandinha
Ela é afrintosa kkkkk
2024-10-24
0