— Aí vou encontrar meu irmão, a gente se vê depois! Falo as garotas vejo Alex fazer uma cara triste mas antes que digam algo já me sai entre as pessoas ali. Estava mesmo indo de volta ao grupo do meu irmão, gostava da ideia de estar perto de pessoas mais velhas e responsáveis, sempre via meu irmão assim embora só tivesse dezoito anos ele era muito adulto e assim era os amigos que tinha a sua volta, a última vez que me afastei dele fiz besteira que me magoou muito.
No caminho senti meu celular vibrar e peguei num movimento despreocupado e vi o número que fez meu coração disparar, tinha esperado tanto essa ligação e agora estava encarando o celular com receio de atender.
Não devia. Tinha que deixar pra lá.
A ligação parou. E suspirei, senti minha garganta arder, até meus olhos e não queria minhas emoções transbordando e vi uma barraca próximo e fui pegar algo para beber e acalmar. Não sabia beber, fiz uma vez e me arrependo, mas agora queria algo forte realmente.
Esperei na fila por uma fixa vendo o painel com as bebidas e com idade mínima de Dezoito.
— O que vai ser? Uma senhora sorridente perguntou.
— Um Whisky com energético seria ótimo. Falo e ela franze a cara e fecha.
— Temos cerveja, mas não acho que tenha idade para isso mocinha! A senhora repreende.
— Sim sei, só estava brincando, um refrigerante mesmo. Falo entregando dinheiro. Ela não desfez a carranca ao entregar a fixa e troco.
— Essas jovens tudo perdida! A senhora resmunga quando viro.
— Essas velhas todas ultrapassadas! Resmungo de volta, escuto risadas perto mas não olho indo a barraca.
Paro no balcão espero se atendida e sinto novamente o celular vibrar e volto a pegar do bolso. É novamente a pessoa.
— O que vai ser. Um senhor pergunta e entrego a fixa. — Você? O senhor pergunta ao meu lado. Ainda encarando o celular e ignoro a chamada colocando o celular no bolso. O nome agendado me faz evitar de atender.
Pego a lata que colocam no balcão e saio. Sinto novamente o celular, depois de mês, agora ele resolveu ligar, que Irônico penso. Isso me deixa com muita raiva, caminho afastando da multidão indo para um lugar calmo e arborizado.
Algumas mensagens chegam.
Olho incrédula.
“Oi, como você esta? Fiquei sem sinal.”
Por quase dois meses, como era possível. Ri Irônica.
A última ligação conversamos. Ele me perguntou onde estava? Ele passou o natal e Réveillon fora, sem nem dizer antes que ia viajar, fiquei plantada no baile com um vestido lindo esperando ele para dançar e a medida que as horas foram passando e o baile, o meu coração se despedaçou, ele não apareceu.
Chorei tanto que tive febre alta por três dias. Meus pais acharam que tive uma infecção de sangue depois de uma semana ruim, não comia, não levantei, não tinha ânimo para nada.
Foi quando percebi que não importava o que sentia para ele.
Sentei em um dos muros das plantas deixei o celular de lado, abrir a lata dando um gole e senti o gosto amargo.
— Que droga, aquela senhora estava louca! Reclamo vendo a lata de cerveja, não era tão forte, mas devia amortecer os sentimentos. Tomei outro gole.
— A oi essa lata é a minha! O rapaz o que vi mais cedo, ele agora estava parando na minha frente e apontando para lata.
— Sua? Perguntei em dúvida.
— É acho que pegou errado, e eu a sua! Ele mostra a lata de coca e vejo a lata de cerveja na minha do lado.
— Ah nossa, sinto muito não vi quando peguei! Falo ele tem uma sobrancelha erguida. — Bem de qualquer forma eu já...mostro aberta.
— Sério! Ele me olha feio.
— Bem foi mal, eu...
— Você é bem espertinha né! Ele me acusa sem deixar dizer.
— O que acha que peguei sua cerveja de propósito? Pergunta o encarando. — Quem garante que não foi você que pegou a coca? Pergunto o fritando, o cara e grande e bonito, mas seu sorriso de deboche me faz pensar que parece um moleque.
— Aqui não tomei sua coca! Ele diz mostrando a lata fechada.
Olho para ele, todo arrumado em uma bermuda jeans, tênis chique, camisa de marca. Um filhinho de papai, penso. Levanto e vou até ele.
— Álcool faz mau a saúde, pode ficar com a coca. Falo passando por ele. — A esqueci! Volto pegando a lata e virando de uma vez e tomando. — Nossa tá horrível e quente! Faço cara de nojo saindo.
— Maluca! O rapaz fala.
Viro dando de ombros para o que fala. — Obrigada! Me afasto, não sei bem onde ir, devia voltar para turma do meu irmão, mas sinto novamente o celular tocar e é irritante que esteja insistindo, olho o nome “ Não atende”, mas atendo.
— Oi. Falo em tom seco.
— Você não quer mais falar comigo? A voz macia e calma me irrita ainda mais, quero xingar ele, gritar e mandar ao inferno e não consigo.
— Acho que você que não quis falar comigo! Falo de volta. — O que quer?
— Saber como você está Samy, e tentei contato, mas não tinha sinal onde estava, sinto muito!
Balanço a cabeça, essa uma desculpa muito falsa e no fundo mesmo sabendo, escutar a voz dele me faz querer acreditar e seguro forte o telefone. Não posso acreditar nele, se ele nunca teve uma atitude antes, não podia acreditar em mais nada dele junto minhas forças.
— Estou bem, tenho algumas coisas para fazer, então a...
— Samy você não vai voltar mesmo? Ele pergunta.
Já tinha decidido vir embora, tinha me comprometido a cuidar da minha tia doente, gostar dele me machucava e senti muito no último mês.
— Meus tios precisam de mim, não vou voltar e meus pais até já mudaram também. Falo e a um silêncio do outro lado da celular uma respiração profunda.
— Sinto saudades, acho que vou aí te vê algum dia desses! Ele diz e meu coração agita, até minha respiração fica mais forçada, fecho os olhos, tudo que queria era vê-lo, sonhei várias noite com ele aparecendo, me pedindo em namoro do jeito correto e dizendo que sente algo, não tive isso por seis meses, minhas expectativas foram todas jogadas no lixo, não tenho palavras e nem vou ficar novamente apegada a ele fantasiando sentimentos que não existem, para ele era só prazer.
— E só isso? Me forço a perguntar.
— Samy o que quer que diga? Sempre fui sincero sobre o que sinto. Ele diz novamente o que já havia ouvido outras vezes e assim depois ser cruel. ” Gosto de você, de estar com você, mas não é aquele sentimento”. Isso soa na minha mente e é tão doloroso não ter os sentimentos correspondidos.
— Não tem que dizer nada, tenho que ir Marcius! Falo e desligo, e vejo minha mãos tremendo, é tão difícil dizer adeus a um amor da mesma forma como é difícil encontrar um, e não consigo, no fundo do meu coração queria ter coragem de dizer adeus pra sempre e tentar tirar a dor que ainda sinto só em ouvir a voz dele e imaginar estar perto.
Outra mensagem chega.
“ Realmente sinto muito, não paro de pensar na gente, nós dois juntos, os nossos...
Paro de ler a mensagem e apago rápido sentindo um soluço o nó na minha garganta, sinto uma frustração enorme, era isso que ele sentia sempre, não tinha sentimentos por mim mas me queria, tinha sido sua boneca de uso por meses, era isso que ele sentia falta? Sinto raiva e ao mesmo tempo suja e usada e a sensação é horrível, nunca mais iria deixar alguém me tocar assim novamente.
Ele tinha sido meu primeiro beijo, o primeiro cara que me tocou e o primeiro que me entreguei, foram meses em que me forçava a acreditar que tudo estava legal, era por minha vontade e que queria tudo com ele da forma como ele desejava, tudo mudou quando senti que devia deixar saber que sentia e falei. Foi um balde de água fria, foi a primeira vez que o deixei, evitei, não saia, mas ele me procurou, tinha estado tão triste e foi como vê um centelha se acender, estava nas nuvens com ele vindo até mim e me deixei novamente. Acreditava que se desse uma chance para nós ele ia vê o quanto sentia por mim e corresponder. E novamente foi meses e não escutei seus sentimentos e me causou frustração. E não podia mais fingir que tudo bem e perguntei se seus sentimentos por mim tinham mudado.
Novamente escutei o mesmo, e não queria me iludir mesmo novinha queria algo a mais, e ainda que estava apaixonada, senti que não era mais certo continuar. E sabia que não conseguia romper cara a cara. Escrevi uma carta contando todos os motivos para não poder mais nos vê e mandei por um amigo dele.
Recebi uma mensagem dias depois. “ Se é assim que você quer”.
Não respondi de volta. Dias passaram, e até semanas, até ele reaparecer no meu caminho e tudo que houve depois ainda me causa raiva e me faz lembrar de como era fácil e acessível, como me senti usada várias noites e estava tão apegada a ele que não podia me dar nada.
Respiro algumas vezes deixando meus sentimentos dissipar, e acalmar meu interior, tinha que me libertar, dizem que a dor do amor é com outro amor que cura, não queria novamente sentir tantos sentimentos por outra pessoa, mas gostaria de não sentir ainda tão presa, mesmo não preparada para deixar outro se aproximar, tinha que me desprender, minha vontade era ir mesmo embora, mas iria ficar me remoendo em tristeza sozinha e nem iria dormir direito, na pior das hipóteses iria ligar para ele essa noite, e me obriguei a ficar na festa.
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Atualizado até capítulo 275
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