II. Segundo encontro

No dia seguinte da festa, era domingo, acordei por volta das oito, me espreguicei, pensando no beijo que Bernardo me deu. Lembrei do sonho que tive, eu estava com Bernardo num lindo jardim onde nos beijamos. Quando desci para tomar café, minha mãe estava me esperando, eu não conseguia esconder que estava radiante, que tinha gostado do que tinha acontecido, e minha mãe estava com cara de poucos amigos.

— Sente-se. — Ordenou ela, me sentei e ela continuou. — Filho, eu entendo que os hormônios estejam te deixando confuso… —

— Não mãe, eu não estou confuso. — interrompi ela. — Mãe eu sou gay, por que você não pode me aceitar? —

— Isso é culpa do seu pai, que foi ausente. Eu li sobre isso, é um reflexo da ausência masculina. Logo você vai entender. —

— Eu beijei ele ontem e gostei, eu não consigo parar de pensar nele, na verdade, eu não vejo a hora de ver ele de novo. —

— Querido! — Ela disse espremendo os olhos, e controlando a respiração. — Não faça nada do que possa se arrepender depois. —

    Ela se levantou e saiu encerrando aquela discussão, depois não nos falamos mais, aquela conversa tinha acabado com o meu dia, fiquei no meu quarto deitado na cama, ouvindo música, pensando no que ela tinha me dito, mas logo lembrei de Bernardo me tratando tão gentil, e ninguém nunca tinha me tratado daquele jeito, e ao final o beijo, o que foi aquele beijo, se ele não tivesse com os braços envolvendo minha cintura, sinto que estaria flutuando como uma bruma ao vento. 

     Nem sei quanto tempo fiquei pensando, até que meu celular tocou, não estava agendado nos contatos, fiquei olhando pra ver se reconhecia o número, mas não fazia a mínima ideia.

— Alô! — Eu disse esperando reconhecer a voz.

— Oi Dylan! Como você está? Espero não  estar te atrapalhando, mas estava muito ansioso pra falar com você. — respondeu do outro lado.

— Bernardo! Imagina não tô fazendo nada. — Estava feliz por ele ter ligado. — Tô bem sim e você? —

— Eu tô bem também, só preocupado contigo. —

— Eu tô bem, de verdade. Como conseguiu meu número? — perguntei curioso.

— Eu pedi pra Mari, ela me passou. Queria te ver. Tem algum compromisso pra hoje? —

— Compromisso? Não! — Meu corpo estremecia, o nervosismo tomava conta de mim.

— Quer sair comigo então? —

— Sair com você? — repeti nervoso. 

— É, só que dessa vez só nós dois! —

— Tipo um encontro? — perguntei de ímpeto. 

      Ouvi ele sorrindo do outro lado.

— Foi exatamente isso que eu pensei. — ele respondeu entusiasmado. 

— Poder ser então. — 

— Então em 30 minutos, tô passando aí. — ele desligou.

    Assim que ele desligou, joguei o celular na cama, fui pro banheiro tomar um banho, vesti uma roupa legal, passei um perfume. Minha mãe entrou em meu quarto enquanto eu ajeitava os cabelos.

— Onde você vai? — perguntou ela.

— Vou sair. — Eu não podia dizer que ia sair com Bernardo então comecei a pensar numa desculpa.

— Sair pra onde uma hora dessas? —

— Não são nem sete horas mãe. Vou dar uma volta. —

— Quem te ligou? — Olhamos um nos olhos do outro não queria mentir para ela, eu era péssimo em mentir.

— Era o Bernardo. — respondi a verdade.

— Então você vai sair com ele? —

— Vou sim mãe. — Meu celular tocou — Alô! — atendi.

— Tô na sua porta. — respondeu ele.

— Tá já estou saindo. — respondi e desliguei. 

      Minha mãe me encarava enquanto eu saia pela porta, não posso fugir de quem eu sou, minha mãe tinha que entender. Quando avistei a Range Rover vermelha de Bernardo, senti meu coração batendo forte, abri a porta do carro e entrei, assim que sentei eu olhei pra ele, ele se inclinou em minha direção tocou meu rosto com sua mão direita me encarou com aqueles lindos olhos verdes e me beijou, foi um beijo rápido, mas foi intenso e cheio de paixão. Ele parou de me beijar mas permaneceu com o rosto bem próximo ao meu.

— Não aguentava mais de vontade de te beijar. — Disse ele com seu sorriso lindo

— Não parei de pensar no beijo de ontem. — eu disse um pouco tímido.

— Também fiquei pensando muito em você. — respondeu ele ligando o carro e partindo.

— Pra onde vamos? —  lhe perguntei.

— Surpresa! — Respondeu sorrindo pra mim.

      Ele me levou a um bar restaurante de um dos bairros mais nobres, era muito requintado, a decoração do local era inspirada num hotel de luxo, deixava um clima muito agradável. Eu estava nervoso, não sabia o que pedir então deixei que ele escolhesse por nós, comi pouco, nunca tinha me sentido assim, também era meu primeiro encontro em toda minha vida, ele falava muito e eu quase nada, respondia o que ele perguntava. Ele me perguntou se eu tinha hora pra voltar, e eu disse que não muito tarde, ele me convidou pra ir ao apartamento dele, e aceitei, fiquei ainda mais nervoso, achando que poderia fazer algo errado. O restaurante que tínhamos ido era bem próximo do apartamento dele, entramos e logo que ele fechou a porta já me abraçou forte me beijando, trocamos caricias, e ele sabia exatamente onde me tocar, pois a cada toque eu ia me entregando a ele, não tinha o controle de mais nada, só queria sentir o doce sabor de seu beijo quente, sua língua em meu pescoço, suas mãos me apertando, seu corpo quente junto ao meu, quando ele puxou minha camiseta, me senti inseguro.

— Espera. — pedi recuperando o fôlego. — Eu acho que não estou pronto. —

— A gente nasce pronto, a questão é você querer. — Ele alisava meu rosto enquanto dizia.

— Mas não sei o que fazer, acho que tenho um pouco de medo… —

— Não precisa ter medo. Eu posso te ensinar e podemos fazer o que você gostar. Se você quiser, você quer? — perguntou ele olhando no fundo dos meus olhos.

— Se eu disser que não quero, não agora? — transpassei toda minha insegurança.       

     Eu realmente não estava seguro, eu tinha sido influenciado por todos os filmes e livros clichê românticos, queria ter certeza de que ele era o homem certo para me entregar, eu tinha a ideia de que sexo deveria ser feito por duas pessoas que se amam.

— Se disser que não quer te mando embora, nunca mais vou falar com você — ele sorriu mostrando ser sarcasmo. — Não tem problema você não querer agora, quero conquistar você e por isso não tenho pressa. Vou esperar. Eu realmente sinto algo por você! —

- Sente algo por mim? - repeti intrigado.

- É! Uma paixão, você tem um jeito carinhoso, não quero só transar com você, quero algo mais sério se você estiver afim. — ele falou olhando fundo nos meus olhos. 

    Eu fiquei calado absorvendo suas palavras e toda aquela situação, senti vontade de me entregar pra ele ao mesmo tempo que minha insegurança me impedia, enquanto minhas emoções travavam uma batalha silenciosa dentro de mim, fiquei imóvel mergulhado na profundeza verde de seus olhos, quando ele me beijou apaixonadamente fazendo com que eu despertasse daquele transe. Mas ele não ultrapassou nenhum limite, mesmo que eu sentisse toda sua excitação, ficamos nos acariciando sobre as roupas, sentindo o calor de um atravessar o outro. Ficamos aquela noite toda assim, até eu alertá-lo que estava tarde e precisava voltar pra casa. 

— Não fala isso que você vai me deixar triste. — ele disse ofegante. 

— Mas eu tenho que voltar pra casa. —

— Dorme aqui comigo. — pediu ele carinhoso. 

– Hoje não posso, eu não avisei minha mãe que não voltaria pra casa. –

– Sua mãe não gostou de mim, não é? — perguntou ele com a voz triste. 

– Não é isso, é por causa que eu voltei um pouco bêbado ontem, e ela é super protetora. Coisa de mãe mesmo. – 

     Não era toda a verdade, mas também não menti, de fato eu não sei o que ela achou do Bernardo, ela demonstrou mais descontentamento sobre o fato de eu ser gay do que saber quem é o cara que eu estava saindo. Por volta das 23:00 ele estava me deixando no portão de casa, depois de trocarmos muitos beijos.

Mais populares

Comments

Marcia Santos

Marcia Santos

ta bom o livro mas está muito cedo

2024-06-25

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!