Voltamos para casa na madrugada. No dia seguinte estava arrumando a nossa mala. A Malu entrou no quarto.
— Mãe eu vou sair com a Olivia. — Tudo bem, onde vocês vão? — Sair por aí, não tenho curso hoje. — Vai voltar tarde? — Qualquer coisa eu aviso o meu pai. — E, porque não liga para mim? — O meu pai resolve. — Se quiser posso levar você. — Não precisa. — Filha toma cuidado tá bom. — Não sei com o que. — Com as pessoas minha filha, nem todos são o que aparentam. — A Lívia vai encontrar a gente mais tarde. — Você convidou a Lívia para ir com vocês? — Sim,ela dá-se super bem com a Olivia. — Tudo bem Malu, se precisar de algo, e não existir mais nenhum ser na face da terra, eu vou estar aqui. — Fui, você sempre faz drama por tudo.
Não entendo, como a gente cria uma pessoa com tanto carinho, para ser tratada assim. Essa menina só pode ter puxado o pai dela, não é possível. Isso deixava-me muito triste, pois ela me isolava de tudo. Até para sair com as amigas era a Lívia. Arrumei a mala, e deixei num canto do quarto. Fui pintar para esquecer a tristeza que a Malu plantava em mim diariamente. Esqueci do tempo enquanto pintava aquela tela. Jasper foi procurar-me lá.
— Oi minha vida. — Oi. — A empregada disse que você não comeu nada. — Estou sem fome. — O que aconteceu? — Nada o meu amor. — Está pintando lobos? — Sim. — Porque três? — Fazem parte da minha vida de alguma forma. Seja positiva ou negativa. — Tem medo deles? — Não mais. — Meu amor, o que aconteceu? — Já disse que não aconteceu nada. — Foi a Malu outra vez?
— Não foi nada, sobe, toma o seu banho, eu já vou até lá. — Meu amor, eu conheço você. Está triste, fala o que aconteceu. — Sobe, daqui a pouco eu vou. — Eu vou tomar banho, e descer para tomar café com você. — Tudo bem.
Jasper beijou a minha cabeça, e saiu. Não queria contar nada a ele. Comecei a limpar os pincéis, e arrumar as minhas coisas.
Jasper
Quando cheguei em casa, perguntei pela minha esposa. A empregada informou que ela estava há horas na sala dela, e que não havia almoçado. O fato dela passar horas sozinha deixava-me preocupado. Mesmo saindo mais cedo da empresa para ficar com ela, não era o suficiente. A Luna sempre fez de tudo para a Malu, mas ela não dava tanta importância para a mãe. Isso talvez seja minha culpa, nunca coloquei limites nela. Na verdade, ela sabe em parte a nossa história. Lívia e eu sempre ensinamos ela a controlar o lobo dela. Quando notei que a transformação dela ocorreria antes do tempo, eu comecei a conversar com ela, e a Lívia também. A Luna não saberia ensiná-la a ter o controle necessário. Acredito que a partir daí, ela apegou-se muito mais a nós. Ela não sabe que a mãe é um lobo, não sabe a história por trás da sua concepção. Ela não conhece a história da mãe. Mas isso não justifica a forma com que ela a trata. A Luna vem ficando cada vez mais triste, e eu não suporto ver a dor nela. Pois, também sinto, tudo que a faz sofrer, faz-me sofrer junto. Ela estava a trabalhar numa tela. Aproximo-me dela. Tanta tristeza por trás daqueles olhos lindos. Ela estava muito chateada, acabou a falar até o que não deveria falar para ninguém. Saí de lá, e peguei o celular.
— Oi pai.
— Eu quero você em casa agora.
— Mas pai...
— Malu agora, e não traz ninguém junto.
— O que aconteceu?
— Quando chegar você vai saber.
Desliguei e subi para o quarto. Tomei banho, e quando estava saindo do banheiro, a Luna vinha entrando no quarto.
— Meu amor vai sair. — Eu não quero, não estou indisposta. — Eu queria tomar café com você em algum lugar. — Desculpa meu amor, mas hoje não vai dar. — Eu vou pedir para buscar café para nós aqui no quarto. — Você iria ficar chateado se eu não quisesse tomar café. — Vida você não comeu nada. — Meu amor eu prometo que como algo no jantar. — Nem se eu buscar os salgados lá daquela padaria? — Meu amor, você faz demais por mim, e eu estou sem fome. Não fica preocupado, eu vou descansar um pouco. — Tá bom meu amor, eu não vou ficar a incomodar você. Vou colocar uma roupa, ficar aqui com você um pouquinho, e depois eu desço para comer algo. — Eu vou tomar banho, e depois vou sei lá. — Enquanto você toma banho, para depois sei lá. Eu vou descer e comer algo. — Tá bom, mas pode comer tranquilamente. — Quer um chá? — Faz muito tempo que não tomo chá. — Imagino, essa era a sua refeição. — Não era só chá. — Tinha ovos e bife. Se quiser preparo chá, ovos e bife. — Não meu amor não precisa, eu quero que você tome o seu café tranquilamente, depois eu desço e sentamos lá na varanda, ou caminhamos pelo jardim. — Esta bem, vou esperar você na varanda. Quando quiser descer estarei lá. — Tá bom meu amor.
Beijei a testa dela, e dei um selinho. Enquanto via uma roupa ela foi para o banho. Saí e desci para esperar a Malu. Sentei na sala e olhei o horário. A Malu já devia estar chegando.
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Ana Regina Fernandes Raposo
PENSEI QUE FOSSE HUMANA
2024-01-23
1
corrinha
a Luna jamais deveria deixar a filha trata_la de qualquer jeito tinha t se impor e não ser tapete da mesma tinha que ser forte e não se chatear se angustiar pelos cantos esperando que alguém tome suas dores e resolva os problemas com a filha enguanto agir assim a filha lhe desprezar ainda mais
2023-12-08
1
Rita Freitas
Não tou entendendo essa luna
2023-12-02
2