Capítulo 4

Um Trono escuro como a noite no meio de uma sala bizarra era a visão do rei de Lux. Ele viajou até o reino de Abyssum escondido dos seus súditos, ninguém poderia saber dos seus planos com o lorde das trevas. As paredes eram vermelhas, não a cor que você está acostumado a ver, mas num tom estranho e nojento, olhar para elas provocavam lembranças tristes. Diferente das estátuas de Lux, essas eram tortas e malfeitas, como se a criatividade dos escultores fosse triste e sem nenhum amor. O rei das trevas era acariciado por lindas mulheres de rosto coberto por um véu de névoa.

— Lorde Lohan, por favor, se aproxime — disse o rei das trevas.

— Você não me convidou aqui somente para uma taça de vinho, estou certo? — respondeu Lohan.

— É claro que não, ainda mais quando a aliança de minha noiva foi roubada diante dos seus olhos — gritou o rei das trevas.

— E como eu iria adivinhar que um ladrão iria querer roubar algo tão importante? — disse Lohan.

— Não é porque o seu reino tem como nome luz, que seus súditos são todos bonzinhos. Somos homens sujeitos aos mesmos desejos que qualquer animal na floresta. A diferença é que nós apenas nos controlamos — afirmou o Lorde das trevas.

— Não venha dar lição de moral sobre nossas crenças, ainda mais a sua, que diferente da nossa, pune quem é a favor da luz.

— Esqueça as trevas ou a luz, sem o equilíbrio entre os dois, os anciões nos punirão de qualquer maneira — falou o Lorde das trevas.

— Case com minha filha e equilibre as coisas, não é uma aliança que vai impedir nosso tratado.

— O anel foi criado pelos anciões visando o dia que tudo seria equilibrado, nossos desejos e nosso autocontrole trabalhando juntos para podermos viver na sabedoria, mas vocês, vermes da luz, pensam que o autocontrole é muito mais valioso do que os desejos.

— Não conheço ninguém em todos os países de nosso mundo que possa ter roubado o anel — afirmou Lohan.

— Seja criativo, do mesmo modo que o foi para aceitar o destino de sua esposa. Todos sabemos que você usa roupas de luz, contudo, no fundo, tem mais trevas do que todo o meu povo unido.

— Você zomba de mim? Os anciões também vão punir você!

— Não foi em meu reino que a aliança sumiu, lembre-se disso antes de falar seu discursinho. Se eu não conseguir a aliança, o povo nunca acreditará em nossa luta.

Lohan virou suas costas para o rei e saiu do palácio bufando de raiva. Aquele tratado não poderia dar errado, era seu nome em jogo, por isso ele precisa de algo mais dramático para consegui-lo de volta. O lorde das trevas se ergueu. Seus amantes fugiram como ratos para suas tocas na parede. O lorde era grande, acredito que muito maior que o homem mais alto de nosso mundo, sua pele era magenta e em sua barriga havia uma grande abertura no formato de uma boca. Dentro dele era possível ver vários dentes devoradores sedentos por sangue humano. Ele sentiu algo tentando sair de sua barriga.

— Pode sair, meu lorde — disse o rei das trevas.

Um homem magro com aspecto assustador foi vomitado para fora da barriga. Sua pele era brilhante, como um aspecto de luz, além disso, ele tinha cabelos angélicos e duas asas de pombo maior que o seu corpo. A Coisa se arrastou até o trono e, com muito esforço, sentou-se. O Rei das trevas ficou de joelhos, como se aquela coisa fosse mais poderosa do que ele.

— Não precisa ficar com medo, meu jovem — respondeu a coisa sorrindo.

— Lohan não cumpriu com a promessa, será que devemos mesmo confiar num rei tão fraco como ele?

— Sinto uma falta de confiança de sua parte em meu plano.

— Nunca desconfiaria do primeiro homem desse mundo, meu lorde, mas ainda acredito que o melhor seja esperar o próximo rei de Lux para tentar trazer o equilíbrio.

— O equilíbrio não tem muita importância se o povo não sentir isso. O anel é o poder que os deuses nos deixaram para controlar o povo e fazê-los se esquecer do passado, para que um novo futuro possa ser criado das cinzas.

— Se é isso o intento do seu coração, devemos buscar uma forma de encontrar a aliança roubada.

— Concordo com você. Entre todos os mortais, existe alguém que pode fazer isso sem muito esforço.

— Está falando sobre os mercenários do leste? — perguntou o Lorde das trevas.

— Sim, eles têm o que os mortais chamam de talento para encontrar as coisas. Quem roubou esse anel tem conhecimentos e tecnologia diferentes das nossas, por isso precisamos estar prontos.

— Você suspeita que seja um fantasma?

— Os fantasmas roubam coisas importantes para a história de uma dimensão, por isso suspeito que um deles seja o ladrão.

— Nossos pergaminhos dizem que os fantasmas roubam e nunca mais voltar para cena do crime, se o que diz é verdade, a aliança se perdeu para sempre.

— As testemunhas foram claras, a mulher se jogou num buraco na parede rumo ao oceano. Se for humano, o anel estaria lá, uma vez que a queda mataria até um orc. A única alternativa é um fantasma.

— Se o que diz é verdade, perdemos o anel para sempre — lamentou o lorde das trevas.

— Não perdemos — respondeu a coisa —, meu jovem, lembre-se que os pergaminhos descrevem que todos os fantasmas tinham a característica de sumir como poeira quando eram pegos. Essa mulher não sumiu, o que me leva a crer que ela é mais fraca do que os seus companheiros.

— Isso significa que…

— Ela ainda está em nosso mundo e, provavelmente, está recebendo ajuda de alguém. Se encontrarmos a pessoa que está abrigando o fantasma, encontraremos nossa aliança.

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