Ema sentiu que os seus braços estavam amarrados. Lentamente ela abriu os olhos. Ela estava num quarto enorme. As paredes eram de um veludo cor rosa com pôsteres de criaturas bonitinhas. Na sua frente tinha uma cômoda cheia de ursinhos de pelúcia e nas prateleiras perucas de várias cores repousavam sobre manequins de animes. “Eu só posso estar no inferno!” pensou Ema enquanto encarava roupas fofas com renda e muita purpurina. Ela fechou os olhos quando escutou o som de passos.
— Doce, Doce, Doce
é o meu beijinho,
sou fã de romance
e amo carinho! — cantou uma voz feminina aguda e estridente, como se quisesse imitar uma criança.
A dona da voz, sorrindo, se aproximou de Ema com um prato de doces na mão. Ela encarou Ema com um ar de curiosidade fofo. Ema não conseguiu segurar sua alergia a perfume e espirou no rosto dela.
— Que nojo! — gritou a mulher.
— Seu perfume é muito forte! — afirmou Ema tentando se soltar da corda.
— Ainda bem que você acordou! — disse ela entusiasmada — meu nome é Rosa, mas pode me chamar de Rosinha.
Rosinha era uma donzela de pele negra com 1,78 de altura, corpo formato Pêra com “bumbum” grande e duro, barriga definida e seios perfeitos que deixariam qualquer um doido! “Em resumo, uma gostosa” Pensou Ema com uma expressão de deboche virando os olhos para cima. Ela vestia uma minissaia de rendas acima do joelho com uma saia interna cheia de pregas e camadas, além disso, sua calcinha Lolita bloomers, que mais parecia um shortinho de renda, ficava exposta. “Ela tem o corpo de uma modelo de capa de revista, mas usa roupas de Lolita?” Disse Ema em seu íntimo.
— Quantos anos você tem? — perguntou Ema.
— É falta de educação perguntar a idade das pessoas! — respondeu com um biquinho — mas tenho 32 anos.
— 32? Você é 12 anos mais velha do que eu!
— Eu não disse ser falta de educação…
— Não importa, só quero saber o motivo de estar amarrada no pilar da sua cama.
— Foi o único lugar que consegui, essa sua mochila não sai dai nem com toda a força do mundo!
— Você me bateu com uma pedra? Esquece, quero saber o motivo para eu estar aqui!
— Na verdade, eu estava querendo roubar o banco, mas você atrapalhou tudo! — disse Rosinha com um ar fofo de indignação — Rosinha não teve outra escolha a não ser levá-la comigo ou aqueles orcs nojentos fariam coisas terríveis com você.
— Deuses, você fala em terceira pessoa?
— Só quando quero deixar as coisas fofas — respondeu Rosinha aumentando sua pupila enquanto fazia uma pose fofa e biquinho.
— Sempre há segundas intensões nas ações das pessoas, me diga a verdade — afirmou Ema.
— A aliança que você roubou é minha — confessou Rosinha — Sou princesa da nação de Lux e filha única do rei Aurinko.
— Espera um momento, por que a dona do anel mais cobiçado do mundo iria querer roubá-lo?
— O planeta Craziness — explicou Rosinha — era um mundo cheio de alegria e criaturas mágicas passeando pelos jardins. Do meio das flores de alegria, nasceu um ser poderoso conhecido como Senhor das trevas. Ele convocou todos os demônios dos abismos e os fez seus escravos. Com esse exército nem um pouco fofo, ele dominou toda Craziness e exterminou todas as criaturas de Luz que ainda respiravam. Meu antepassado, um ser da luz, uniu o exército de elfos e os liderou nessa batalha que levou a morte do senhor das trevas, contudo, a influência do senhor das trevas foi grande o suficiente para dividir nosso mundo em duas nações. A primeira foi chamada de Lux e a segunda de Abyssum. Minha família guerreou contra os monarcas do outro lado, levando a guerras e mortes sem fim, causando mais desgraças do que alegria. Após todos esses séculos, meu pai decidiu que era melhor fazer uma aliança de paz com o inimigo do que outra guerra. A ideia é boa, mas a parte ruim é que terei que me casar com o rei de abyssum!”
— É por isso que os fantasmas querem esse anel — sussurrou Ema.
— Quem são esses fantasmas? — perguntou Rosinha.
— Não importa. Continue sua história.
— Eu estava querendo roubar o anel para ganhar tempo de fugir do castelo e ir a um cirurgião plástico para mudar meu rosto! – disse ela apertando as bochechas.
— Sério? Está vendo muitos filmes de ficção e, além disso, não posso ajudar você.
— Pode, basta olhar para sua roupinha de vadia. Você é uma Viajante e posso provar! — afirmou Rosa.
— Chega, não tenho tempo para ouvir conversa furada.
Rosinha fez uma expressão de espanto. Braços emergiram da bolsa de Ema e cortaram as cordas. A mochila caiu, revelando a verdadeira aparência de nossa bandida. Ela tinha quatro braços, dois que todos os humanos possuem e dois emergindo pouco abaixo da sua axila.
— Você é um monstro? — disse Rosinha se afastando com uma expressão engraçada de medo.
— É claro que não! — afirmou Ema alongando seus braços — Nasci assim.
— Isso só prova minha tese de que você é uma viajante!
— Viajante? Isso seria um fantasma em sua cultura?
— Os viajantes viajam pelas dimensões roubando tesouros e os levando para os seus superiores.
— Aproximadamente isso, como vocês sabem de nossa existência?
— Minha mãe era uma de vocês, ela contou para mim o seu segredo.
— Onde ela está?
— Morta.
— Pelo visto nada vai melhorar para o meu lado — zombou Ema — Agradeço por sua ajuda, poderia ficar mais um pouco conversando sobre essas suas doideiras, mas preciso dar o fora daqui antes que percebam minha existência.
— Espera! — gritou Rosinha — quero propor um acordo com você.
— Um acordo? — indagou Ema sorrindo.
— Eu não sei o que acontece com você ou porque perdeu sua habilidade de sair dessa dimensão, mas posso ajudá-la a sair daqui.
— E o que você vai ganhar com isso? — perguntou Ema.
— Você me leva com você.
Em outras condições, Ema sairia dali sem dar conversa para Rosinha, contudo, ela mal conseguia usar seus poderes e, provavelmente, os grandões dessa dimensão vão caça-la até encontrar o maldito anel. Ela suspirou, tentando encontrar coragem para aceitar o acordo.
— Vai aceitar ou não? — perguntou Rosinha.
— Se você estiver mentindo e não conseguir me ajudar a sair dessa dimensão, eu mesma entregarei você ao seu noivo — afirmou Ema esticando seu terceiro braço na direção dela.
— Prometo que cumprirei com minha promessa — disse Rosinha apertando a mão de sua nova amiga.
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Atualizado até capítulo 53
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