Escolho meus sapatos e coloco dentro de uma segunda bolsa que carrego, tenho o hábito de colocar os sapatos assim que chego no escritório , aprendi que não devo andar de sapatos dentro de casa pois o barulho dos sapatos incomodam os vizinhos que moram no apartamento abaixo do meu, então vivo com meu bom e velho tênis de corrida.
Eu vivo num apartamento no quarto andar de um prédio no centro da cidade de São Paulo. É um apartamento grande mas a localização me incomoda muito. Antes de me formar na faculdade eu morava em uma casa na periferia da cidade, a casa tinha um quintal grande e brincávamos nas ruas com os vizinhos, agora nem vejo a cara dos vizinhos, nem os que vivem no mesmo prédio, e a vista que eu tenho assim que saio do prédio é da rua cinza e vários prédios em volta, pessoas sempre apressadas falando no celular e correndo para as escolas ou trabalho. Moro aqui desde que abri o escritório de contabilidade, minha intenção era estar mais perto do trabalho, já que andar de carro aqui é muito pior do que ir de metrô.
Desço as escadas de tênis para não incomodar os vizinhos, são 5 andares até chegar no térreo, não uso elevador pois gosto de sentir que estou exercitando meu corpo, os sapatos de salto preto na bolsa, não posso esquecer de estar bem apresentável pra reunião com meu "talvez futuro cliente".
Ao passar pela portaria, desejo bom dia ao porteiro, ele tem estado trabalhando com a gente há muitos anos, o senhor Roberto é bem simpático e trabalha com muita dedicação, sempre sorrindo espalhando uma energia muito boa em volta dele.
_Bom dia senhora Cristina!
_Por favor. Já pedi pra não me chamar de senhora!
_Atrasada de novo?
_Hoje não.
Sorrio para ele e saio com passos apressados, pois quero chegar cedo para me arrumar para receber o canadense.
Ando aproximadamente por 15 minutos até chegar na estação do metrô, como meus tênis são confortáveis, eu consigo descer as escadas correndo. Sei que não combina com o terno feminino que estou usando, mas não ligo pra isso, tenho mais preocupação em estar confortável e conseguir chegar a tempo no escritório.
Trem lotado de gente, passo por duas estações e chego ao meu destino.
Subo as escadas correndo em direção a lanchonete que costumo frequentar. É uma lanchonete antiga, o dono é um idoso português chamado Ferreira, um pouco rude mas não sei o motivo, eu gosto dele, todos os dias eu compro um café pra viagem e ele sempre reclama de eu não sentar no balcão para me alimentar direito.
_Bom dia Seu Ferreira, um café pra viagem por favor.
_Mas que raios não te sentas e come igual a todos?
_Pressa, trabalho, correria, rápido!
Sempre que brinco assim ele chacoalha as mãos e prepara o que eu pedi.
_Qual o almoço hoje?
_Nao sei. Porque queres saber se só comes salada!
_Ah seu Ferreira, hoje vou comer o que me sugerir .
_Ta aqui seu café, quero ver se vais comer mesmo!
Pago o café e saio apressada.
Quando desço o degrau pra sair da lanchonete olho para meus braços. "Onde está a bolsa com meus sapatos e maquiagem ? Só me faltava essa! fui roubada no metrô " O café ainda na minha mão e olhado em volta na esperança da minha bolsa aparecer milagrosamente na minha mão "Não posso me apresentar igual um fantasma". Minha pele é muito branca e reconheço as olheiras abaixo dos olhos, não poderia me apresentar assim para um futuro cliente, sem esquecer dos meus tênis velhos que não combinam em nada com meu terno feminino, pelo menos tenho uma escova de cabelo na outra bolsa.
Enquanto fico rodando igual uma doida na frente da lanchonete, escuto uma voz masculina falando comigo
_Isso é um jeito novo para esfriar o café ?
_Oi?
_Poderia me dar licença, por favor?
Olho pra ver quem está falando comigo e percebo que não o conheço, um rapaz alto, aparentemente um pouco mais jovem do que eu, cabelos lisos e um pouco longo, até a altura do pescoço, seus olhos puxados da pra perceber que tem parentes asiáticos e consigo ver uma tatuagem saindo do seu ombro em direção ao pescoço, a camiseta branca fica um pouco justa em seu corpo, apesar de ser magro da pra perceber os músculos dos braços bem definidos, sem perceber eu o estava olhando de cima abaixo, reparando cada pedaço do corpo e do seu rosto. Eu foco em seu rosto fico meio atordoada, por um segundo esqueci quem eu era e parecia que ele me olhava como se estivesse me reconhecendo de algum lugar. Quando voltei aos meus sentidos, dei um passo pro lado abrindo caminho para a entrada da lanchonete
_Ah. me desculpe
Falei um pouco sem jeito, mas continuei meu caminho sem acreditar que haviam roubado meus sapatos.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Van
deu de cara com um gato e a preocupação é os sapatos
2023-07-30
2
Anny Bastos
Será que esse é o cliente canadense?
2023-05-31
1
🌺 Caroeni Bernardes
Lindeza, estou preza no seu livro, amando continue. abraços
2023-01-27
1