Durante a Grande Guerra, como ficou conhecida a guerra de 500 anos entre os lestiais, houve erradicação unânime de várias raças mais fracas, entre elas os Espíritos Animals. Seres capazes de observar a essência cósmica de uma alma. Capazes disso, claramente os fariam seres tenebrosos e temíveis, pois tinham sempre uma proteção ou ajuda extra dos lestiais mortos que os rodeiam. Isto deixava tudo injusto. Seres que nasciam com ligamento a esta linhagem, podiam desenvolver seu dom. Eles eram chamados de Sarcedotes.
Uma mestiça... achou-me no meio da floresta nebulosa de gelo... trata do envenenamento com o próprio sangue... e agora a floresta lhe ouviu e cobriu aquele lobinho... não pode ser! Sacerdotes são humanos, ela é uma tigresa.
– Ei idiota, tá me encarando por que?- ela pisca na minha frente, rodeando o seu casaco de pele no meu corpo.- E esqueceu de pôr o casaco que deixei lá dentro! Quer morrer?! Devia ter escolhido outra terra para isso!
— Você...- agarro o seu braço a puxando.- Um ser de baixo nível como tu... não pode ser...
— Me solta.- ela manda tentando se afastar. Por impulso meus dedos apertam a sua carne.
— Diga-me agora o que és tu!- ordeno, porém, em vez de uma resposta, recebo um golpe de bengala na mão. Pela dor sou obrigada a solta-la, que se afasta de mim com escárnio nos olhos.
— Sorte sua menino... ela não pode usar violência.- a velha diz rindo, me fitando enquanto massageio meu pulso.- Mas criança... se voltar a toca-la, eu não estarei por perto para te salvar. Irá morrer e nem observará o que lhe atingiu!
Impossível... essa velha tem mais força que aparenta! E o que está falando sobre esta mestiça fraca e imunda?!
– Oh, meu jovem.- a velha ergue o meu queixo com a bengala.- Esqueça tudo que viu... ou está floresta sem vida será seu destino.
Onde já se viu, essa velha não sabe quem eu sou?! Mesmo diante minha presença essas duas infames não me respeitam ou temem. Eu vou-
— Chega, vovó.- Astamir passa a minha frente, automaticamente me empurrando para trás.- Eu lido com ele, não se preocupe.
— Que bom! Agora que ele está de pé, pode acompanhar-te nas suas obrigações para o templo!- a velha diz sorrindo.
— O QUÊ?!- berro junto da mestiça, e nos olhamos incrédulos.
– Boa sorte para os dois!
A floresta é fria, densa e silenciosa. A neve que cobre o que deveria ser grama é a única coisa que tem no caminho fora as árvores congeladas. Faz horas que ando a seguir por algum motivo, está mestiça que apenas anda buscando lenha. E não juntou quase nada. Deveria ir embora agora, nada me prende ou impede! Levar está mestiça comigo irá me render poder em troca do seu sangue..., mas nesse templo que a velha falou... se houverem mais da raça dos Tigres Brancos como esta mestiça... ficarei invencível!
— Onde fica o templo, mestiça?- questiono e ela abaixa-se para recolher um galho.
— Na terra de São Nunca.- responde presunçosa me olhando de ponta cabeça, por entre as pernas abertas. Que garota insuportável!
— O que uma mestiça como você, suja, faria num templo?- pergunto.
— Tomo banho, pois sou suja, né?- diz rindo correndo pela neve. Não pense que fugirá de mim!
Corro atravessando o gelo, mas a densidade que cobre o caminho é tanta que os passos são fundos. Não me perco, a risada de deboche e presunção dela percorre toda a floresta,e suas pegadas são visíveis mesmo sendo mais rápidas que as minhas. De repente o som para, e vejo o que parece ser o fim da floresta.
Sigo até os limites, mas a surpresa se estampa no meu rosto...
A pista é de gelo liso cristalino, brilhando ao refletir da luz que não vem do sol, senão do próprio lago. A extensão para atingir o outro lado é tão longa que atravessar isso nadando seria cansativo, até para mim. A beleza exuberante do lugar é Fascinante...
— Me achou.- Astamir pula na minha frente.- Não se assustou?!- pergunta com surpresa.
— Se eu fosse uma idiota igual você...- resmungo a fazendo bufar.
— Mas é tão lento que não parece um lobo.- que mestiça abusada!
Tento agarra-la, mas a ratinha salta para trás caindo de pé no lago. Rindo da minha cara ela desliza com perfeição pela estampa de cristal. Estou prestes a arriscar os pés também, quando um som diferente me para. E de repente, vira vários sons diferentes.
Enquanto Astamir desliza mais o brilho do lago se avulssa, e logo figuras surgem. Antílopes surgem saltando em bandos, aves sobrevoam dançando em uma sintonia única, tigres,onças e vários felinos da noite e do dia... lobos... lobos estão aqui... ursos... eles surgem duma maneira exuberante transparentes como a água, melodiando ao redor da mestiça que ri e patina tocando nos animais.
Então como se lembrasse da minha existência, os nossos olhos se cruzam. Seu sorriso não some nenhum momento enquanto os seus passos rodeiam em círculo, vindo na minha direção. Assim que está a minha frente, assusto-me quando os seus pés saem do chão num salto giratório perfeito.
Quando os seus pisantes retocam o espelho, uma explosão de micropartículas luminosas ocorre, e aqueles animais ganham forma de pessoas.
Pelos céus... então... ela realmente é uma SACERDOTISA!
— Não pode ser... uma mestiça nojenta...- sussurro hipnotizado pela cena das almas bailando livremente pelo gelo. Não lembro sequer de ter pisado no gelo.- É uma sacerdotisa...
Paro, quando um espírito de uma raposa corre ao meu redor.
— Um Alfa! O que faz aqui?! O senhor não devia estar aqui!- ele berra correndo para longe de mim, fazendo com que todos me olhem.- Ele tem sangue nas mãos! A alma dele... é do mal!- afoitos, os espíritos começam a fugir também, contudo na minha direção.
Não devia ocorrer tamanho tremor por serem almas mortas, porém o barulho da corrida é tanta que parece tremer o gelo. Quando dou por mim, um Urso me empurra de lado. Sem aderência e equilíbrio acabo caindo contudo no chão, sentindo muito a ferida ainda não curada, queimar. Para completar, há um estalo onde cai.
– PAREM DE CORRER!!!- me espanto pelo berro de Astamir que lentamente estava vindo até mim, porém parou a poucos metros.- Ele... ele está comigo, então fiquem em paz!- dito isso todos começam a desaparecer, menos a raposa que caminha a minha frente.
– Este monstro... é mal, madame! Não pode ficar nas nossas terras!- a raposa diz pulando onde estou, fazendo o gelo estalar novamente me fazendo afundar parcialmente, tanto que sinto a pressão da água me empurrando.
– Magin... eu sei que não gosta de lobos... mas esse não é AQUELE lobo.- o menino raposa para de pular me olhando como se estivesse em choque.- Você confia em mim, não é...? Magin, sou eu. Astamir.
– A-... Astamir...- a raposa sorri parecendo aliviado e lágrimas começam a escorrer de seus olhos trêmulos.- Cuida de mim!
Como uma criança ele corre até ela, o pior erro. Seus passos são rápidos e pesados, fazendo o gelo trincar mais ainda. A mestiça agarra o menino e o beija na cabeça, logo o fazendo desaparecer. Tento me levantar, e minhas mãos afundam.
– Não!- a voz da mestiça corre em minha direção assim que afundo metade do corpo na água congelante.
Parece mortal..., mas é pleno e calmo abaixo das águas. O frio é tanto que não posso mexer-me, mas o silêncio é pacificador. Os meus olhos começam a se fechar quando vejo a morte rodear o meu corpo por trás.
Antes de deleitar-me nos braços do pós-morte, outra mão me alcança, está mais violenta e bruta, que retira os primeiros braços a força. Subitamente um calor preenche-me de fora para dentro, até os meus órgãos retornarem o funcionamento. Não sinto ar entrando e o pânico faz os meus olhos se abrirem, só então noto Astamir me abraçando. Ela nada tentando me puxar para cima... claramente não irá conseguir.
Nisso vejo uma criatura veloz nadando na nossa direção. O seu olhar fugaz de sede por sangue mostra fome. Pelos céus... vou arrepender-me...
Num pulo impulsiono o meu corpo para cima. Bato a minha cabeça tentando passar pelo buraco no gelo, e com um braço só, jogo a mestiça para cima. E então tento subir, no entanto, assim que a solto o calor do meu corpo desaparece totalmente. Como boneca, fico sem movimento. Para completar um puxão na perna...
— Vai não!- Astamir segura na minha mão e com força sobre-humana, ela puxa-me.
A sua força demasiada ergue-me fora das águas, e me faz cair novamente distribuindo calor por meu corpo, assim que caio sobre o seu.
— Mas como...- sussurro outrora refletido no seu olhar cinza.- De onde vem essa força...
O seu coração está acelerando e a sua face retorcida em raiva. Não entendo... as minhas forças sumiram quando me afastei, mas quando estou perto...
— Não devia ter pisado no lago...- ela fala pondo o antebraço entre nós pressionando meu peito.- Este lago... não é como os outros que você já viu, seu cão sarnento!
— Você é uma sacerdotisa, não é?- digo me aproximando mais, e ela cora de raiva.- Como é possível existir, uma mestiça sacerdotisa?!
— V-vem cá.- me aproximo mais observando os seus olhos arregalarem.- FO-FOI MODO DE FALAR! SAÍ!!- grita se debatendo tentando empurrar-me, mas é mais fraca que um palito.- E-esse lago... é o lago das Almas Perdidas.
– Está me dizendo, que este lugar, as florestas e o gelo. Este lugar é as terras Sagradas do Espírito Tigre?- arqueio a sobrancelha vendo o seu queixo cair. Impossível...- Estas terras estão Perdidas desde a última guerra... então está me dizendo que essa terra que piso são as terras dos tigres das montanhas.- sorrio pela primeira vez vendo a sua cara demonstrar medo.
– Não...não! Você não vai! Não vai tomar as terras dos espíritos!- ela berra se debatendo. Com autoridade agarro seu pulsos e os prendas acima da sua cabeça com uma única mão. Tão próximo agora vejo seu rosto desesperadamente vermelho, e seus latidos do peito mais ferozes.
— Onde está aquela força, sacerdotisa nojenta? A... é mesmo, não pode usar de violência. Pobre coitada seguidora de costumes.- ela range os dentes buscando uma forma de reagir.- Diga-me o que vai fazer agora, ser repugnante?
Implore... berre... peça clemência... rogue misericórdia...! Ser maldito!
– Nada...- o quê?- Me mata se quiser... não posso fazer mais do que já fiz para proteger esse lugar. E agora, não posso sequer proteger-me...- o seu corpo relaxa espontaneamente. O seu rosto cai para o lado sereno, controlando sua respiração sinto o bater do seu coração diminuir. Paz... não é isso que quero!
– Implore!- digo apertando os seus pulsos com forma, em retorno seu corpo espasma de susto e seu rosto de vira para mim. No ato paraliso sentindo o roçar acidental dos seus lábios contra os meus.
Um choque térmico invade meu corpo tão forte que me faz cair de lado, atingindo o chão gelado. Mas que raios... foi... isso?!
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Claudia
que texto louco parece o mesmo da Alice no país das maravilhas... com o chapeleiro louco e o coelho... affffffffff
2023-08-02
3
Fabiana Dantas
👀
2023-04-08
1