Dia 1
Abri meus olhos naquela manhã em meu apartamento com uma constante e terrível dor de cabeça, que me fez ter dificuldades em me lembrar da noite anterior. Será que eu bebi?, pensei por um breve momento, pois nada parecia fazer sentido.
Não conseguia deixar meus olhos abertos por muito tempo. O quarto estava um tanto claro, por causa da janela entreaberta.
Após essa dificuldade passar um pouco, me peguei olhando para o teto por longos segundos. Minha mente parecia está vazia, tão marrom.
Acabei voltando para a realidade quando notei o celular vibrando… Não sabia muito bem onde ele estava.
A cama era grande, e na minha visão tinha muitos travesseiros para uma pessoa solteira. Possuía também um enorme cobertor quentinho, excelente para me esquentar do frio que fazia lá fora.
— Droga — murmurei me debatendo na cama, tentando achá-lo.
O encontrei entre o espaço da cama e a parede.
— Como você foi parar aí, hein? — disse intrigado.
O segurei fortemente, meus olhos piscavam de forma contínua tentando focar em seu visor com um brilho mais alto que o comum, nele notificava uma ligação do Marcos.
Marcos Santos era meu amigo e também professor de história na faculdade onde trabalhávamos. Era uma pessoa de grande inteligência e sabedoria. Tinha uma incrível habilidade para conversar sobre tudo, e assim como eu, ele também era um homem de pele escura, mas sua altura deixava a desejar. Suas expressões e o seu jeito de lidar com as mais diversas situações davam a sensação de sempre estar de bem com a vida. Raramente o víamos sem seu boné azul.
Quando eu comecei a trabalhar na faculdade, Marcos foi quem me orientou como tudo funcionava, sempre estava à disposição. “Sem tempo ruim” era seu lema.
Era incrível a forma como via a vida, e a cada vez que conversávamos eu acabava aprendendo uma lição nova para a vida. No fim acabou se tornando um amigo incrível.
— Alô — disse com a voz bem baixa, colocando a mão na testa, a dor de cabeça persistia.
— Você sabe que dia é hoje? — perguntou ele todo entusiasmado.
— Não… Acho que não sei… Você viu que horas são? Por que você gosta de me ligar tão cedo nos finais de semanas, hein? — Ele sempre fazia isso.
— Sabe que gosto de correr pela manhã e me diverte muito te acordar. Se fosse menos sedentário e corresse comigo, talvez você não fosse tão chato, mas voltando ao assunto…. Hoje é o nosso encontro de professores da faculdade. — Ele gostava de cuidar da sua saúde, tanto que não aparentava ter seus quarenta e dois anos de idade.
Dei um longo suspiro de tédio. A velha e chata festinha, reunião ou sei lá o que era aquilo, só sei que era um saco ficar ouvindo aquelas músicas ruins e professores reclamando sobre os alunos. Toda vez era a mesma coisa.
— Sério!? Você vai? Estou só o caco hoje! — disse resmungando. — Amanheci com uma terrível dor de cabeça e pretendia ficar em casa o final de semana inteiro. Sendo bem sincero, não estou muito no clima para sair, entende? — Tentei apelar com desculpas, mas eu sabia muito bem não que não iria colar.
— Nem vem, Pedro! Você vai sim, nem que eu te amarre! Só te avisando que o local do encontro mudou. O João, professor de inglês, nos recomendou um lugar melhor, fica mais acessível para todos. Vou te mandar a localização. Te encontro lá às sete da noite, não vai se atrasar.
— Espera… Não desli-… Droga! — Ele havia desligado na minha cara.
Realmente não era fácil dizer “não” para ele.
Depois que me mudei para essa cidade à trabalho e comecei a morar sozinho, eu raramente saía para relaxar ou até mesmo para me exercitar. Acabei me tornando um verdadeiro sedentário do século XXI. Marcos sempre me dizia: que sou um “desperdício de juventude”, que eu deveria curtir mais… Conhecer novas pessoas… Aproveitar a vida, porque um dia isso tudo aqui acaba, e só vamos levar lembranças e arrependimentos.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Lourdes Rodrigues
😉😉😏😏
2022-10-18
3
Fênix...
Com certeza vai se apaixonar
2022-10-07
2
Eliana Cardoso
espero que se apaixonar!
2022-10-04
2