Capítulo 4. Glabros

Planeta Glabro, Alfa Julius

Estou furioso com as informações que recebi, ando de um lado para o outro, esperando Tárcila entrar pelos portões principais, para me explicar o que ela anda fazendo. Sou o líder Alfa desta Alcateia e em nosso planeta, todos me conhecem. Sou implacável, quando necessário. O maior e mais forte entre todos os Glabros, mas detesto violência gratuita e saber que Tárcila está deixando sua equipe se alimentar dos maginianos, como se fossem animais irracionais, foi a gota que faltava para transbordar minha impaciência.

Ela entrou, com violência e vestida com seu uniforme de caçadora, estava furiosa.

— Aquela coisinha impertinente, mais uma vez, frustrou meus negócios e me deu o maior prejuízo.

— Foi bem feito, Você não aprende não é, Tárcila, continua infringindo as regras. Você acha que está à margem das leis, que não precisa cumpri-las?

— Não me apoquente, Julius! Já chega o prejuízo que tive. Novamente aquela coisinha destruiu toda uma mina e levou todos os escravos. Estou roxa de raiva, não aguento você falando no meu ouvido. — Realmente ela está roxa.

— Você precisa se escutar, tudo que está dizendo é um absurdo.

— Absurdo? Absurdo é a perda que tivemos! De onde você acha que está vindo o material e o capital para a obra do porto espacial?

— Isso foi ideia sua, nunca fui a favor dessa construção, você é a exploradora gananciosa da família. O que pretende fazer? — Perguntei só para tentar impedi-la de cometer mais um grande erro.

— Vou parar aquela ratinha nojenta. — Ela falou e saiu, indo para seu quarto, tramar alguma maldade.

Somos filhos do mesmo pai, mas não da mesma mãe. Ninguém nunca soube quem foi minha mãe, um dia meu pai voltou a Alcateia, depois de vários meses fora, trazendo um bebê nos braços. Não havia dúvidas de que eu era filho dele, pois trago em mim o sinal de nascença da família, um ponto escuro entre as sobrancelhas, que destacavam minha postura nobre.

Mas conforme fui crescendo, alguns fatos chamaram a atenção de meu pai, que me levou para a parte mais densa da floresta, para me contar que minha mãe era uma maginiana, detentora da magia ancestral que domina os elementos e que herdei dela esse dom. Desde então ele começou a me treinar, embora não tivesse poderes, possuía o livro de magia de minha mãe e convivera com ela o suficiente para aprender como ela fazia.

Não pude revelar a ninguém esses dons e nem tão pouco, minha herança dos maginianos. O povo do planeta Magino, era considerado escória pelos Glabros, por isso Tárcila achava que podia escravizá-los e dá-los como alimento para sua equipe de trabalho. Se soubessem da minha origem, não me respeitariam mais e ainda me tirariam a liderança, embora para isso, um mais forte do que eu, teria que me desafiar e vencer para ser o Alfa. 

Dessa forma, sigo para o corredor e percebendo não ter ninguém por perto, desapareço e vou até o quarto de Tárcila, invisível, vendo ela em pleno planejamento, falando com sua equipe, pela tela do comunicador. Ela quer ir até Magino, sequestrar mais machos e capturar a tal ratinha que tanto prejuízo lhe dera. Só não falou como pretende fazer isso, já que a população de lá é muito grande e são todos magos. Manipuladores dos elementos e das ervas.

Saí de lá e fui para o meu quarto, pois preciso dar um jeito de impedir essa ação de Tárcila. Tomo algumas decisões a respeito da Alcateia, chamo meu vice e digo que preciso tirar uns dias para meditar, o que realmente costumo fazer e deixo ele encarregado da liderança. Saio sem ser visto, vestindo uma capa longa com capuz que cobre até meu rosto e sigo para o hangar onde está a equipe de Tárcila. Não preciso me aproximar muito para escutá-los falando sobre a incursão ao planeta Magis.

Entro no cargueiro e me oculto no depósito, ficando totalmente camuflado em meio aos barris que ali estavam. Logo, Tárcila chegou.

— Então, chefinha, o que o Alfa falou? Autorizou?

— O que aquele idiota fala não me interessa, muitoenos se autoriza ou não. Hoje eu pego aquela songa monga, metida à espertinha e me vingo dos prejuízos, trazendo o dobro de escravos. — Ela entrou na nave, com os machos, rindo dela, atrás.

Só ela não percebia que a tal ratinha songa monga, era mais forte e inteligente que ela. De repente, dois machos se aproximam, conversando.

— Será que ela não sabe quem é aquela que ela chama de songa monga? Não é possível que não tenha ouvido falar dela.

— Serena de Prestom, a caçadora de sugadores, além de poderosa, é linda!

— Sim. Até eu queria pegar ela, só que pra esgotá-la de tanto prazer.

— Deixa a chefa ouvir você falar da fêmea assim, ela ó…— fez um gesto com o dedo de cortar o pescoço.

— Vai dizer que você não pegaria?

— É, tá certo…vamos nos sentar logo, a nave já vai decolar.

Fiquei parado no lugar, flutuando um pouco acima do chão, para não sentir o solavanco da nave, caso fosse Tárcila a pilotar. A nave chegou rápido ao destino e fiquei invisível, para olhar pela janela traseira, tentando achar um local, onde eu pudesse sair, sem problemas de errar o alvo. Avistei um castelo, era grande, no alto de um penhasco e por isso conseguia vê-lo. Abri um portal, aproveitando que não havia ninguém ali e passei por ele, saindo em uma das torres do castelo.

Olhei para a escadaria em formato de caracol e pulei no centro, caindo de pé com os joelhos flexionados. Passei pela porta em arco e saí em uma das alas desabitadas do castelo, era notório o abandono daquele lugar. Me dirigi o mais rápido que pude, para o salão central e não vi ninguém, então fiz uma varredura de magia e identifiquei alguém dormindo, em um dos quartos do térreo, corri para lá e entrei no quarto. O barulho da porta abrindo, despertou quem estava dormindo, que sentou na cama, reclando.

— Vá embora, Gordom, você já teve o seu direito por essa lua.

— Não sou Gordom, seu povo corre perigo, preciso encontrar Serena fe Preston.

Ela deu um pulo da cama e logo estava atrás de mim com uma adaga em minha garganta.

— Quem procura Serena de Preston?

— Alfa Julius, líder dos Glabros.

— O que quer com ela?

— Não sou seu inimigo, Serena. Me solte, seu povo e você correm perigo, estamos perdendo tempo, a nave está parada no espaço acima.

— Os Sugadores voltaram…

Ela me soltou e correu até a janela, fez um gesto e todo local onde haviam casas, foi obscurecido por uma densa névoa negra. Ótimo, Tárcila não conseguiria vê-los. Só que, não esperava que ela sumisse sem mim. Puxei o ar com força, para identificar o seu cheiro e segui-lo e fiquei paralisado por um instante.

— Minha! Encontrei minha destinada.

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Comments

Elenita Ferreira

Elenita Ferreira

💕💕💕😁💓💓💓💓😁Agora já era Gordom!!!🤣🤣🤣🤣🤣🫣

2025-03-27

0

Joselia Freitas

Joselia Freitas

Adoro quando tem casal, agora ela vai ficar livre do Gordom😁💋❤️👏

2024-05-15

2

Carmen Leniz Rivero

Carmen Leniz Rivero

Oooobaaaa... um casal💞💞💞💞💞💞💞💞💞💞💞💞💞

2023-09-07

1

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