Erika estava dormindo quando entrei Diferente
de Emma, ela sempre foi a mais centrada, me ajudava quando as coisas ficavam confusas.
Dormir não foi tranquilo àquela noite, Daniel, dominou meus sonhos, ele era de longe um
dos caras mais marcantes que eu conheci, mesmo com sua prepotência, ele tinha algo de
misterioso.
A manhã chegou e eu sabia que estava perto do adeus. Quando cheguei à sala e vi
em cima da mesa os documentos de Erika, seu passaporte e passagens. Fiquei ali
observando por um longo tempo.
— Clar, está tudo bem? Estou te achando tão pálida! — sua voz suave era o
contraste da voz agitada de Emma.
— Está tudo bem sim — menti. — Ontem, eu tive o encontro com o Diabo.
— O quê?
— Nada, fui ao meu último evento como acompanhante, e foi com Daniel Walter.
— O dono da W.Company?
— Nossa! Todos sabem quem ele é, enfim, ele é arrogante e prepotente, mas
também é jovem, lindo e muito sexy.
— Uau, é o tipo de homem que deve fazer as mulheres cair aos seus pés.
— Bem… — Erika diferente de Emma não era de se espantar com coisas fúteis ou
ficar enciumada, achei que deveria ser sincera com ela que eu me abriria à situação — Eu
já o conhecia.
— Como? De onde?
— De Hill city, o pai dele na época que presidia a companhia, salvou a
madeireira onde meu pai trabalhava.
— Lembro-me dessa época, muitas pequenas fábricas estavam fechando as portas
por conta de grandes companhias estarem entrando no negócio. A W.Company foi à única
que, ao invés de comprar as fábricas, investiu e entrou com participação nos lucros.
— Foi em uma festa de natal promovida pelo próprio senhor Walter, que eu
conheci Daniel. Ele era um rapaz irritante de dezoito anos, e eu, uma garota idiota de
dezesseis, ele quis me beijar.
— E aí? — a pergunta de Erika não foi espantosa como seria proferida por Emma,
entretanto, vi a curiosidade em seus olhos.
— Eu não o beijei — dei de ombros — Ele era abusado, só por ser filho de quem
era, achava que podia ter tudo, e eu já estava de rolo com Mike.
— Você é uma louca, trocar Daniel Walter por Mike!
Erika me jogou uma almofada. Começamos a rir, Emma acordou e chegou logo em seguida.
— Qual é a graça? Também quero rir um pouco.
— Clar está louca! — fiz um sinal com meu dedo em meus lábios, para que ela
não falasse, porém, foi tarde, ela não viu — Ela trocou Daniel Walter por aquele traste do
Mike, eca.
— Sério?! Não creio! De onde Mike surgiu ontem? Vi que você e o Walter saíram
cedo de lá.
Olhei para Erika indignada ela logo entendeu que falou demais e sussurrou um:
“desculpa”. Eu joguei de volta a almofada nela.
— Não é de hoje, eu lembrei que o conheci anos atrás em Hill city, é passado, aliás, isso não importa, essa noite, foi a última vez que o vi e fim de papo.
— Tudo bem, mas quero sair, hoje é nosso último sábado juntas — Emma disse
animada enquanto colocava pó de café na cafeteira, uma das poucas coisas que não
estavam encaixotadas.
— Depois de estar com este homem e nem aproveitar nada, eu preciso sair
também. — falei.
— Meninas eu também, pois ontem, peguei tudo para minha viagem, e sei que vou
ficar triste indo embora e deixando vocês.
Um grande abraço triplo seguiu, e eu pude sentir a tensão que se instalava em cada
uma de nós, depois desses anos juntas, seriam muitas lembranças que levaríamos.
O sábado foi tenso, a cada detalhe que nos lembrava de algo, seguia uma sequência
de lembranças infinitas que acabava em choro. Enfim, resolvemos que era hora da
choradeira cessar e começar os preparativos para uma noite de balada.
— Chamou o Jack? — Erika perguntou.
— Esqueci, vou enviar um SMS — respondi saindo do banho.
Cabelos escovados, maquiagem,saltos confortáveis para liberdade de movimentos e vestido vermelho na altura da coxa, minha cor preferida.
Totalmente prontas, fomos até à boate mais próxima do campus, ligamos para Jack, que
disse que nos encontraria lá.
Como sempre, entrávamos na boate arrasando. Três loiras, bem vestidas e,
preparadas para se divertirem. Jackson era como um irmão mais velho, nós nunca saíamos
sem ele, pois assim tínhamos a segurança de nenhum pervertido se aproximar, e como ele
nunca estava com ninguém mesmo, restava ficar de babá das loiras.
Assim que encontramos um lugar para sentar, próximo ao bar, olhei para Emma
sugestivamente, ela sabia que era a deixa para seguir a pista.
— Meu Deus, vocês já vão me arrumar uma briga hoje? — Jackson falou
Você está aqui exatamente para isso, agora fique quieto aí cuidando de suas amigas ou nos acompanhe.
Ele pegou na mão de Erika e nos seguiram. Na pista a música eletrônica
embalava, segurei nas mãos de Emma, e começamos a mover nosso corpo de certa forma
nada puritana, virei-me deixando minhas costas na direção dela, segurei nas mãos de Jack
o puxando para o meio enquanto Erika ficava do outro lado.
Éramos os quatro dando um show à parte. Quando o suor já escorria e sentia meus
cabelos grudando em minhas costas e pescoço, senti que era hora de uma bebida.
Como sempre fazíamos, assim que uma deixava a pista, as outras faziam igual,
ninguém se separava, era a nossa forma de nos protegermos sempre, por mais que os
outros achassem que nossa maneira de dançar ou se vestir era algo sugestivo a uma noite
de sexo, o nosso objetivo era a diversão.
no bar sem fôlego tentando conseguir uma bebida, quando alguém tocou em meu ombro.
— Clar? — era Mike meu ex-namorado.
— Oi Mike.
— E aí, o que vai fazer quando se formar? Vai voltar á Hill city?
— Jamais! Eu me obrigo a estar naquela cidade somente por meu pai, se tudo der
certo, eu vou arrumar trabalho e nem vou precisar passar as férias por lá.
Mike também era da mesma cidade que Jackson e eu, crescemos juntos, somente
nos separamos quando eu fui embora com minha mãe antes de ela vir a falecer.
Jackson nos observou de longe quando deixei que ele me pagasse outra bebida, vi
por seu olhar de reprovação que ele não estava gostando do rumo que as coisas estavam
levando. Jack sabia que eu não era de ficar com qualquer um, e que Mike era como um
escape, aquele que você procura quando está se sentindo sozinha. Coitado dele, mas
arriscar a ficar com alguém e depois me arrepender, era melhor acabar a noite aos beijos
com o ex. Ele sabia que não teria volta e aceitava isso.
Minha única vontade era de encontrar um homem que fizesse me sentir mulher totalmente em todos os sentidos, Mike não era nada selvagem, ele pelo contrário, fazia o
que eu gostava, mas faltava algo. Como as muitas vezes que ficamos juntos eu estava além
do normal na bebida, isso era relevado.
Naquela noite, porém, eu não tirava um olhar de minha mente, o olhar penetrante
azul intenso de Daniel Walter que teimava em ocupar meus pensamentos, alguma coisa me
dizia que aquele homem devia ser intenso. Olhar para os olhos azuis de Mike não era a
mesma coisa.
Sabia que eu não deveria misturar bebidas, porém, acabei fazendo isso.
— Clar, eu acho que é hora de parar não? — Jackson chegou ao meu lado e de
Mike.
— Cara, ela está bem, já vi Clar beber muito mais — Mike falou segurando meu braço.
— Também vi Mike, por isso digo que está na hora de parar, quero ter que cuidar de ninguém com ressaca e sentimento de culpa amanhã.
— Relaxa, sabe que entre eu e ela não rola esse tipo de clima — Mike falou
desdenhando da preocupação de meu amigo.
— Jackson! — uma voz desconhecida com um sotaque latino chegou.
— Olha um novo amigo! — falei encarando o jovem tão alto quanto
Jack, que chegou, seu sotaque dava um charme extra.
— Clara, Mike, esse é José Alvares, outro fotógrafo excelente. — José sorriu
orgulhoso com o elogio do amigo.
— Me deem licença. — falei quando senti que tudo estava rodando senti o suor em minha nuca e o gosto amargo em minha boca, mal cheguei ao
banheiro feminino e a pia foi o lugar mais rápido para tudo que estava em meu estômago
saísse.
abri a torneira e molhei minha nuca, observei minha
maquiagem borrada, tentava de alguma forma dar um jeito.
— Clara Parker, o que pensa que está fazendo? — a voz de reprovação de Erika
ecoou no banheiro quando ela entrou juntamente com Emma.
— Calma, eu acho que misturei, eu nem bebi tanto hoje.
— Não, pensa que não vimos? Mike estava com seu joguinho novamente, “vou
embebedar Clara para ela acabar em minha cama”.
— Ele não faz isso! — rebati.
— Faz, e você deixa, assim como ele deixa você o usar de escape, vamos embora,
acho que a noite já deu o que tinha que dar.
Queria protestar, mas estava entorpecida, minha boca amortecida e meus olhos
teimavam em se fechar.
mike
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Atualizado até capítulo 125
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