Faço que sim com a cabeça e Jimmy me beija com tanta paixão que o ar parece escapar dos meus pulmões. É um daqueles beijos que fazem o mundo parar por um segundo — quente, intenso e cheio de sentimento.
— Seu beijo é bom — murmuro, ainda ofegante.
— Você gostou? — ele pergunta com um sorriso doce, os olhos brilhando de ternura.
— Mas... a gente ainda é só melhor amigo, né?
— Minha dama, você é e sempre será — responde ele, acariciando minha bochecha com o polegar. — Eu não te disse que nada ia mudar?
— Disse sim... mas eu tenho medo de te perder, Jimmy. Eu não sei o que faria se isso acontecesse. Já perdi tanta coisa nessa vida...
— Você não vai me perder. Nem se eu não for o cara que vai te dar uma família um dia. Eu vou estar do seu lado. Sempre.
Aquelas palavras me atingem em cheio. Eu me levanto e o abraço com todas as minhas forças, como se pudesse guardar aquele momento dentro de mim.
Ele paga o restante da conta e voltamos para o estúdio. Quando meu turno acaba, por volta das 17h, ligo para o Brian pra confirmar minha presença no ensaio da banda. Ele me passa o endereço, e eu vou direto pra casa me arrumar.
— Oi... tem alguém em casa?
Entro procurando pela Rebecca.
— Tô aqui no quarto — responde ela do fundo do corredor.
— Boa tarde, meu bem. Como foi sua folga?
— Ótima. Tô de saída.
Ela responde animada enquanto se maquia em frente ao espelho.
— Tenho uma coisa pra te contar.
— Então desembucha logo, criatura.
— É sobre o Jimmy.
Ela para imediatamente e vira na minha direção com olhos arregalados.
Me sento na beira da cama de frente pra ela, com o coração acelerado, e começo a falar.
— Ele me levou no Rocco. Foi lindo. Ele disse que me ama. Disse que sempre vai estar ao meu lado.
— Ele te pediu em namoro?
— Deixa eu terminar, ridícula — resmungo, tentando esconder o sorriso. — Ele não me pediu em namoro. Mas... ele me beijou.
Ela joga as mãos pro alto e grita.
— Até que enfim.
— Para com isso, sua doida. Foi só um beijo, nada demais.
— Você é burra ou o quê? Um cara lindo, gostoso como ele te beija, diz que te ama e você vem com “foi só um beijo”? Você tá brincando com a minha sanidade.
— Ele é meu melhor amigo. O que você quer que eu faça?
— Ai, sua tapada. Isso não acontece todo dia. Você tem noção do que tá deixando passar?
— Eu não sinto o mesmo. Claro que amo o Jimmy, mas... como um irmão.
Ela me dá um tapa leve na testa.
— Se uma coisa dessas acontecesse comigo, eu agarrava com as duas mãos. Você é muito burra de nem tentar.
Rebecca volta a se maquiar bufando.
— Era isso. Agora deixa eu me arrumar, que vou ver seu irmão.
— Ah claro, vai se esfregar no pirralho do Brian e deixa o Jimmy escapar.
— Dá pra parar? Eu não vou me esfregar em ninguém, tá?
— Isso é o que você diz — rebate ela com um sorriso malicioso.
Saio do quarto rindo e vou tomar banho. Me arrumo rápido. Coloco um short jeans, um corpete vinho ajustado ao corpo e uma jaqueta de couro. Faço um olho esfumado e passo batom vermelho. Deixo o cabelo solto, com ondas suaves, e calço meu scarpin preto.
Quando estou saindo, vejo Rebecca e Marcos encostados no carro dele aos beijos.
— Ei. Vão pro quarto, seus safados.
Eles riem e me encaram, sem o menor pudor.
— Boa noite pra você também, Sthefany — diz Marcos, ainda abraçado à Rebecca.
— Cuida bem da minha amiga, hein.
— Vou dar o meu melhor — ele pisca pra mim.
Entro no carro e sigo em direção ao endereço que Brian me passou. Assim que estaciono, percebo que é perto da casa dos pais dele, onde ele e Rick moram. Brian me recebe com um sorriso caloroso e um beijo na bochecha.
— Oi, princesa. Sabia que você não ia me dar bolo de novo.
— Boa noite. Claro que eu viria.
Entramos na garagem, onde a banda está reunida com algumas outras pessoas.
— Aí galera, olha quem chegou.
Cumprimento todos e me acomodo nas poltronas espalhadas pela imensa garagem. Brian me entrega uma bebida.
— Obrigada — agradeço com um sorriso.
— O Kevin do baixo vai atrasar. Quer cantar com a gente enquanto ele não chega?
— Como nos velhos tempos? — pergunto, brincando.
— Como nos velhos tempos — ele responde com um sorriso cúmplice.
Subo no pequeno palco improvisado, e a banda começa a tocar. Reconheço a música logo nos primeiros acordes: “Girlfriend”, da Avril Lavigne. Me jogo na música com tudo, fechando os olhos, sentindo cada batida. Canto com intensidade, deixando a voz fluir com liberdade.
Quando abro os olhos no final da música, dou de cara com Rick encostado na porta, me observando com um sorriso lento e perigoso. Aqueles olhos me queimam, e a expressão dele... parecia que a música tinha sido pra ele.
Engulo seco, desvio o olhar e volto pra poltrona.
O ensaio começa. Continuo bebendo minha batida, tentando não encarar Rick. Minutos depois, ouço a voz estridente de Mikaela ecoando pela garagem.
— Ah, que saco, Rick. Por que você não me esperou?
— Você tá aqui, não está? Para de fazer cena — responde ele, impaciente.
Mikaela senta ao meu lado, como se fosse a dona do espaço.
Micaela era o tipo de mulher que chamava atenção por onde passava — e ela sabia disso. Tinha uma beleza marcante, quase provocativa. Os cabelos ruivos caíam em cachos longos e volumosos até a cintura, sempre perfeitamente arrumados, como se cada fio soubesse exatamente onde ficar. Os olhos, de um verde penetrante, pareciam brilhar com malícia, e mesmo quando ela sorria, havia algo neles que transmitia perigo.
Sua pele clara era salpicada por poucas sardas delicadas no nariz e nas maçãs do rosto, o que lhe dava um charme quase inocente — se não fosse pelo conjunto do resto. Os lábios volumosos, quase sempre pintados de vermelho, pareciam feitos para chamar pecado. E seu corpo... exuberante, cheio de curvas acentuadas, do tipo que fazia os olhares se virarem mesmo quando ela apenas caminhava.
Micaela era intensa. Tinha um jeito debochado e atrevido de falar, como se não se importasse com as consequências. Mas por trás da pose segura, havia sempre uma ponta de veneno escondido — e um ego tão grande quanto a sua beleza.
— Sthefany? Você já voltou de Princeton?
— Oi, Mikaela. Voltei no início da semana — respondo sem muito entusiasmo.
— Nossa, você está diferente...
Reviro os olhos e Rick ri ao fundo.
— Você continua a mesma Mikaela de sempre.
— Eu sei, linda e gostosa como sempre.
— Não, querida. Eu quis dizer falsa, se achando como sempre.
— Nossa, Sthefany. Você ainda me ama, né?
Me levanto sem responder e sigo direto pra cozinha pegar mais bebida. Mal chego, Rick aparece atrás de mim, com aquele ar provocador.
— Você deu um show lá atrás — diz, se aproximando demais.
— Eu só cantei. É o que eu amo fazer — respondo, enchendo meu copo com uma batida de coco.
— A música, a letra... o jeito que você cantou e me olhou no final. Parecia que era pra mim.
Ele segura minha mão com firmeza, os dedos deslizando pela minha palma.
— O que você tá fazendo? — pergunto, surpresa, encarando seus olhos intensos.
— Só testando uma teoria.
— Que teoria? — pergunto, com a voz baixa.
— De que aquela música era pra mim.
Ele ri, mas os olhos não brincam.
Puxo minha mão, tentando escapar daquela tensão, mas meu corpo treme.
— Você tá me zoando, Rick...
— Não é o que seu corpo tá dizendo.
Ele se aproxima ainda mais. Seus dedos deslizam pelos meus braços e um arrepio percorre minha espinha.
— Você se acha demais...
— Então por que suas mãos estão tremendo? Por que seus olhos grudam nos meus lábios?
Sinto minhas pernas fraquejarem. Ele se inclina, tão perto... tão perto...
— Você não imagina a vontade que eu tenho de te beijar — sussurra.
A porta da cozinha se abre. Nos separamos rápido. Aproveito a distração e saio dali como se o chão estivesse pegando fogo.
Encosto na porta, respiro fundo e dou um gole longo na bebida.
— Meu Deus... o que eu tô fazendo?
Rick volta pra garagem como se nada tivesse acontecido, senta ao lado da Mikaela e cruza os braços. O ensaio termina, e Brian vem até mim, animado.
— E aí, o que achou do ensaio?
— Foi ótimo — respondo, ainda tentando normalizar minha respiração.
Ele me encara sério.
— Sthefany, vou te perguntar uma coisa. E quero que seja sincera, tá?
Lá vamos nós de novo.
— Tá acontecendo alguma coisa entre você e meu irmão?
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Atualizado até capítulo 84
Comments
Neusa Nery Sousa
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2022-05-14
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