Rick estende a mão pra mim e, sem pensar, eu a aceito. Me leva pra pista de dança como se aquilo fosse o mais natural do mundo. Cada toque dele é como um curto-circuito direto na minha pele. Meus sentidos entram em combustão.
A boate está lotada, o som está alto, mas… por alguma razão, parece que só existe ele e eu ali.
As mãos dele pousam firmes no meu quadril. A forma como ele segura, como guia nossos movimentos... é impossível não sentir. Dançamos duas músicas inteiras como se o tempo não existisse — e, pra mim, realmente não existia.
Até que uma voz estraga o encanto.
— Ué, Rick? Tá me roubando a Sthefany?
Rebeca surge do nada, com aquele tom meio brincalhão, meio alerta.
— Rebeca! — Rick sorri, mas dá pra sentir a tensão. — Ela disse que veio com você, mas eu ainda não tinha te visto.
— Você é muito cara de pau, sabia? — Ela me puxa pelo braço, me afastando dele como uma mãe protetora faria.
— Amiga... a gente só tava dançando.
— Eu vi o jeito que ele te tocou, Sthefany. Aquilo não foi só dança. E ele ainda tá com a ridícula da Micaela!
— Dá pra se acalmar, irmãzinha? Eu não tava me aproveitando da sua amiga.
— Você pode enganar qualquer uma, Rick, mas com a minha amiga você não brinca.
— Já chega, Beca! — interrompo, antes que isso vire cena. — Rick não fez nada demais, e eu também não sou idiota, tá bom?
Ela respira fundo e me olha nos olhos.
— Vou acreditar só porque é você que tá dizendo. — E me dá um beijo na testa.
— Eu nunca mentiria pra você.
— Eu sei. Desculpa, é que o Rick tem esse jeito... e eu só quero te proteger. Eu te amo.
— Tudo bem. Vem, vamos pro bar. O show vai começar e eu quero ver o Brian tocar.
Rick nos acompanha até o bar. Durante o tempo em que ficamos ali, senti seus olhos colados em mim. Me encarava como se quisesse dizer algo com o olhar, algo que talvez nem ele soubesse por onde começar.
A banda entra no palco. A energia explode no ambiente. Eles tocam o novo CD, e a última música é minha favorita — "That's What I Like". Todo mundo canta junto, e eu me perco completamente naquele momento.
Depois do show, ficamos esperando a banda sair. Uns 15 minutos depois, Rick aparece com o irmão. Brian tá radiante.
— Que bom que vocês vieram! — Ele gira as baquetas nos dedos, todo empolgado.
— Baterista do ano! — Eu digo, rindo, e o abraço.
— Não exagera, Stef! Aí, você sumiu!
— Esqueceu que eu tava em Princeton?
— Puts, é mesmo. E você ainda me deve aquele encontro, lembra?
— Oi?! — Beca acena na frente dele. — Também tô aqui, viu? Flerta com a minha amiga depois.
— Sentiu saudade, irmãzinha? — Ele pisca pra mim.
— Claro! Mas você nunca aparece em casa.
— Agora que a Sthefany tá morando contigo, vou dar mais as caras.
— Interesseiro! — Beca dá um tapa no braço dele.
— O Rick contou a novidade?
Todo mundo olha pro Rick.
— Eu ainda não contei, Brian.
— Fomos convidados pra tocar no festival de verão!
Brian tá em êxtase, e eu também fico animada por ele.
— Isso é incrível! — O abraço com empolgação. — Vocês merecem demais.
— Espero que vocês possam ir.
— Claro que vamos! — diz Beca, apertando a bochecha do irmão.
— Vou levar uma galera, inclusive os amigos da Micaela...
"Sério, Rick? Falar da Micaela justo agora?" penso, engolindo seco e tentando manter um sorriso.
Brian aproveita que Rick e Beca se distraem e me puxa pro lado.
— Então... você pode ir no ensaio amanhã à noite?
— Amanhã é meu dia mais puxado no estúdio do Jimmy... Mas vou tentar.
— Se for, depois do ensaio te levo no Trailer. Bora lanchar juntos.
— Isso é um encontro?
— Só se você quiser. Mas, tecnicamente, você me deve um.
— Vamos ver, tá bom?
— Vamos, Sthefany? — Rebecca me chama do outro lado. — Já terminou o grude com o meu irmão?
— Você me liga, Brian?
Ele faz aquela carinha de gato de botas que, por Deus, me desmonta toda vez.
— Ok, eu te ligo!
Nos despedimos, saímos da boate, e a noite já tinha virado madrugada.
— O que tanto você e o Brian conversavam? — pergunta Beca, toda curiosa.
— Ele só me convidou pro ensaio. Nada demais.
— Você acha que ele tá a fim de você?
— Como assim? — faço a sonsa.
— Brian sempre te olha como se fosse seu fã número um.
— Exagero seu. E, sinceramente? Eu nem tô afim.
— Mas se ele quisesse... você namoraria meu irmão?
— Depende...
"Depende do irmão, né. Porque se for o Rick..."
— Depende não é resposta!
— Tô chocada com você! Tentando me empurrar pro seu irmão agora?
— Eu só quero te ver feliz.
— Chega! Não quero. E também não quero que meu primeiro beijo seja com qualquer um! — A frase escapa antes que eu pense.
— O quê?! Você disse que era apaixonada por um cara... achei que já tinham pelo menos se beijado!
— Eu sou apaixonada, sim. Mas a gente nunca ficou. E eu não queria atrapalhar minha vida com um namoro vazio.
Ainda bem que chegamos em casa, antes que a conversa ficasse ainda mais desconfortável. Entrei direto no banheiro, tomei um banho quente e demorado. Depois vesti minha camisola de renda, deitei... e apaguei.
Acordei antes do despertador. Ainda estava escuro. Tomei outro banho, vesti uma blusinha de cetim bege, saia lápis preta e botas que iam até o joelho. Coque bagunçado, batom vinho, um delineado rápido. Saí sem tomar café — Beca ia dormir até tarde.
Passei na cafeteria, comprei dois cafés e alguns donuts. Ao chegar no estúdio, Jimmy ainda não tinha aparecido. Coloquei o café dele na mesa e comecei a preparar tudo pra seção das 9h. Estava tão concentrada que nem percebi quando ele chegou.
— Bom dia, senhorita Sthefany!
Dei um pulo, o coração na garganta.
— Aii... quanto tempo você tava aí?
— O suficiente. Como foi sua noite?
— Incrível. A banda do Brian tocou na boate.
— Que bom. Você merece se divertir.
— Trouxe café pra gente. E donuts!
— Assim você vai me mimar demais.
— Tô só cuidando do meu melhor amigo.
Ele resmunga algo que não entendo.
— Temos tempo até a próxima sessão. Já deixei tudo separado. Então senta e toma seu café tranquilo.
Ele me olha de um jeito diferente. Intenso. Quase... íntimo.
"Será que a Beca tava certa? Será que ele sente algo por mim?"
— Os donuts estão ótimos.
— Estão mesmo.
— Sthefany… queria conversar com você. Você pode almoçar comigo hoje?
O jeito como ele fala, o tom da voz… alguma coisa naquele pedido me faz sentir algo estranho — quente, curioso, inesperado.
E naquele instante, percebo que talvez meu coração esteja mais confuso do que eu imaginava.
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Atualizado até capítulo 84
Comments
Joelma Portela
eu também não me importaria kkkkkk
2022-04-21
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