Capítulo 5- Casa Nova

Parada em frente a porta da minha casa, ouvia o barulho do motor do carro do Ben, onde parecia querer se afastar o mais rápido possível de mim. Com um suspiro trêmulo, tentando segurar um pouco as lágrimas que ameaçavam a vir, pois, não queria ouvir o turbilhão de perguntas que minha avó faria. Abria a porta esperando ver Rose sentada na poltrona fazendo trico enquanto me esperava do encontro. Meus pés vacilavam ao ver outra cena. Beatriz, minha mãe, estando aqui, conversando com Rose, que pareciam ter uma conversa animada.

Estranhando a situação, tentava entrar silenciosamente, para não interromper a conversa das duas.

— Mel!-Falava minha avó animada.

— Ah!Oi... - Falava baixinho. Ainda fechando a porta. Não estava no clima de conversa.

— Venha cá, sua mãe esta aqui para falar sobre a mudança.

Andava em direção das duas, onde dava um sorriso um pouco forçado. Não que eu estivesse triste com a aparição surpresa da Beatriz, só simplesmente não estava querendo falar com ninguém.

— Oi Beatriz.

— Oi querida!- Beatriz levantava para me dar um beijo na bochecha.- Tinha vindo aqui à tarde, mas você não estava aqui, precisava falar sobre um detalhezinho com você.

Meu estômago parecia estar na montanha-russa novamente. Como assim "detalhezinho"? Beatriz parecia ver o pânico em meu rosto, pois pousava delicadamente suas mãos nas minhas, conduzindo até o sofá.

— Querida, relaxe, a proposta ainda esta de pé, como disse, é só um detalhe.

— Então, o que é?- Não queria parecer grossa, mas realmente não estava me sentindo bem.

— Eu vim aqui para avisar que amanhã de manhã não estarei em casa o dia inteiro, mas em troca disso irei fazer um belo jantar de Boas-vindas!-Dizia ela animada, mas parecendo um pouco tensa.- E deixei a chave com sua avó, por isso vim aqui pessoalmente para te avisar sobre a notícia.

Olhava para ela, reparando estar curiosa em saber se ela vive de maquiagem o dia inteiro, principalmente com esses batons fortes de como a vi ela em 3 vezes. A maquiagem sempre carregada, cabelos sempre cuidados e roupas sempre de marca e bem cortado. Será que um dia serei assim? Um arrepio corria pela minha pele.

— Mel, esta ouvindo o quê Beatriz está falando?-Rose falava num tom de reprovação. Me tirando dos meus pensamentos.

—Sim, Vó, eu ouvi, amanhã ela ficará fora, mas estará comigo à noite, para comemorar a minha chegada.

— Sim, isso mesmo querida.-Ela exibia os perfeitos dentes brancos no sorriso.— Espero que não se incomode com a notícia repentina. - Ela pegava a minha mão. — Pois eu iria adorar em mostrar a casa para você.

— Beatriz, relaxa. - Dava um pequeno sorriso.— Mas como irei saber onde fica meu quarto?

— Não se preocupe querida, lá vai ter alguém para te mostrar.- Ela se levantava. — Agora preciso ir, antes que me atrase para meu voo.

— Voo?-Perguntava curiosa. Quem que viaja a essa hora da noite?

— Eu preciso estar em Londres a negócios, querida.

— Ah...-Tinha me esquecido, ela herdou a empresa do falecido pai. Me levantava para me despedir dela. — Tenha uma boa viagem Beatriz.

— Tenha uma boa noite, filha.-O sorriso pareceu crescer com a última palavra. Mas eu estranhava em ouvir isso da boca dela.

— Tenha uma viagem segura. -Minha Vó dizia parecendo preocupada.

— Obrigada pela preocupação Rose. - Rose e Beatriz se abraçavam, logo em seguida ela vinha na minha direção me abraçando também. Estranhava aquele gesto, mas dava uns tapinhas nas costas dela e com um abraço breve, acabava as despedidas.

Ao fechar a porta, Rose me olhava um pouco preocupada.

— Mel, você esta bem?

— Claro Vó, porquê a pergunta?-Estranhava o questionamento repentino de Rose.

— É que me pareceu triste quando chegou do encontro.-Houve um momento de silêncio.

— Você se despediu dele?

—Sim, Vó, sim...-Falava com a voz embargada, já sentindo umas lágrimas ameaçarem a cair, não aguentando mais, andava o mais depressa possível para o meu quarto, porém parava no meio das escadas. — Tenha uma boa noite Vó.-Dava um pequeno sorriso para amenizar a tensão, não querendo que ela se preocupasse com isso. Por fim entrava no meu quarto.

...****************...

E como já era esperado não consegui dormir à noite, meus pensamentos sempre voltavam para o encontro quase perfeito que tive ontem. Não conseguia pensar em outra maneira melhor de ter falado para ele, simplesmente não estava esperando aquela reação.

Olhava para janela novamente, com uma esperança crescendo em mim, de ver o carro de Ben e acabar logo com esse pesadelo. Não queria ir embora assim, brigada com meu melhor amigo.

Rose entrava em meu quarto com o café da manhã bem caprichado.

–Ah, que bom Mel que já está acordada. Deve estar animada com a viagem né? - Rose dava aquele sorriso de mamãe coruja.

— Sim, um pouco ansiosa. -Não conseguia deixar de sorrir depois do sorriso de Rose.

— Vou ficar com saudades de você. -Dizia com lágrimas nos olhos.

— Oh, querida, eu também.-Rose deixava a bandeja em minha cama, e logo me abraçava. — Mas não fique assim. Logo você irá me visitar.

— Eu sei, mas não é a mesma coisa Vó. E vai ser a primeira vez que nos separamos. -Deixava o abraço mais apertado. Rose ficava calada, só aumentando mais o aperto do abraço.

...****************...

Depois de um longo abraço e um café da manhã reforçado, parecia estar tudo pronto para a viagem. Com as malas prontas, colocava no táxi, para ir em rumo ao aeroporto. Ficava nas escadas da minha casa, esperando Ben aparecer, mas nenhum sinal de vida deu.

— Preparada?-Dizia Rose sorrindo, iriamos nós duas para o aeroporto.

—Acho que sim. -Suspirava pela tensão que estava no momento e entrava no carro.

...****************...

Horas se passaram e finalmente cheguei ao meu destino. Mas saudades me invadiam e um pouco de medo, porque ficar tão longe de casa me assustava. Ia e direção ao banheiro, para me ajeitar, pois, acabei dormindo durante a viagem. Mas pronta do que nunca, voltava e pegava as minhas malas, estando agora até um pouco ansiosa para ver a casa de Beatriz.

...****************...

Parecia famosa a rua onde a casa da Beatriz ficava, pois, foi bem fácil para o motorista localizar o local. Até conhecia ela!

Logo, não demorava para ele deixar em frente a casa dela, me ajudando com as malas, tocava a campainha da casa de Beatriz, que fazia um barulho muito engraçado por sinal. Mas ninguém atendia. Ficando já preocupada, pensando que cheguei na casa errada, olhava para todos os lados e logo avistava um cara na calçada da casa. Ele parecia estar me encarando, na verdade, ele está me encarando! Corava, pois o rapaz era...de tirar o fôlego. Estava sem camisa e ainda um pouco suado, pois parecia que tinha acabado de correr, o peitoral levemente bronzeado, com um tanquinho que só Deus poderia ter feito aquilo, mas o que mais me impressionava era o olhar. Era tão intenso que me deixou paralisada e nem estava preocupada se minha boca estava aberta, pois provavelmente deveria estar.

Estava tão hipnotizada, que não percebi que o taxista ainda falava comigo.

— Ei moça, eu preciso ir, mas eu tenho a absoluta certeza que estamos na casa certa.

— Aah...-Tentava voltar a atenção para o motorista, pois parecia que o cara estava andando agora na minha direção. — O que você falou?

— Que tenho que sair e tenho certeza que deixei no lugar certo!

— Calma ai, não vai embora!-Falava um pouco desesperada, não podia ficar assim sozinha, sem saber ao certo se estou no lugar certo.

— O que estão fazendo aqui?-O rapaz de olhos penetrantes falava.

— Pode dizer para essa moça que esta é a casa da Beatriz d'Auvergne?-O taxista falava impaciente.

— Sim, esta é a casa da Beatriz, mas ainda não sei o porquê que estão aqui.-O rapaz falava, parecendo um pouco irritado.

— Porque ela é minha mãe e ela me convidou a morar na casa dela. -E com a minha resposta o rapaz simplesmente ria, não sabia o que era tão engraçado para ele rir tanto, mas já estava me deixando irritada.

— Não é possível que a Beatriz tenha uma filha e ainda por cima dessa idade-O rapaz me analisava e passava a mão o no queixo.

— Estou falando sério. Eu não brincaria com essas coisas. - Cruzava os braços e encarava um pouco irritada com o rapaz atrevido.

— Oláa, ainda preciso ir e preciso que me paguem. - O taxista esquecido chamava a nossa atenção.

— Quanto deu a corrida?- Falava com uma certa relutância de tirar os olhos do rapaz que continuava me analisando.

— Deu 70. - Pagava a corrida e voltava a minha atenção para o rapaz

— Olha só, não sei o que está acontecendo aqui, mas sei de uma coisa, a Beatriz me deu esse endereço e se você não acredita em mim, então olhe.- Tirava as chaves que a Beatriz tinha deixado ontem com a minha avó e com um certo medo de não conseguir entrar, abria a porta. Para o meu alívio.

-Porra! Pelo visto você não estava brincando.- O rapaz quase me atropelava para entrar na casa, parecendo nervoso. Enquanto eu estava na porta, cheios de dúvidas e malas no chão ao meu redor.

Personagem novo:

*Rapaz*

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