Capítulo 01
Mais um dia...Mais um dia nessa vitrine, há anos estou trancada nessa caixa apertada. Depois de alguns meses que a bruxa Morgana atacou o Reino na festa de primavera e me transformou em boneca, ela me enviou ao mundo humano, eu sei que foi por ela estar com medo de eu ser encontrada, as buscas estavam fortes e ela já não sabia mais onde me esconder. Desde que ela me enviou para o mundo humano, eu estou lacrada nessa caixa de boneca, por sorte ou azar, nunca fui comprada, fazem alguns dias que fui colocada na vitrine dessa loja, antes eu ficava em um porão, ou algo parecido, no estoque de mercadorias.
O sino da porta da loja toca e eu acordo de meus pensamentos.
Vendedor
Boa tarde! O que deseja?
Vendedor
Temos algumas expostas na vitrine, pode dar uma olhada, se não gostar de nenhuma delas tem outras naquela prateleira. — Aponta para o outro lado da joja, após o balcão.
O homem vem até a vitrine, para em frente e olha minuciosamente, seu olhar decai sobre mim e ele se agacha, seus olhos se comprimem, analisando com cuidado, ele me segura, vira a caixa, lê os textos laterais e antes de se dirigir ao vendedor, ele dá outra olhada pelo plástico transparente.
????
Essa boneca é diferente, né? — Me levanta no ar. — Até parece que tá viva.
Vendedor
Sim, essa boneca é muito única. Uma ótima escolha para coleção.
Luna (Boneca)
O quê? — Penso. — Eu vou ter um lar de verdade! — grito internamente, ninguém pode me ouvir mesmo.
Vendedor
Embrulho para presente?
Luna (Boneca)
Não, não me embrulha! — bufo — Porque vocês não me escutam?
Tudo escurece, a única parte transparente que me permitia ver as coisas é coberta pelo embrulho.
????
Aqui — ele paga e sai da loja.
Fora da loja, consigo ouvir os sons da rua, o barulho dos carros passando, buzinas, pessoas conversando, os passos, a porta de um carro abrindo e eu sendo jogada em um banco.
Luna (Boneca)
Ai! Delicadeza, por favor!
Sinto o solavanco do carro ao dar partida e penso que finalmente estou livre daquela loja, daquela vitrine, da mesma paisagem todos os dias. Espero que meu comprador, ou melhor, a pessoa que vai me receber de presente, seja gentil, com esses pensamentos rodando minha cabeça e a escuridão que me envolta, eu adormeço, só acordo após toda a viagem, quando sinto o carro parar e o embrulho pular no banco. Ouço o som da porta abrindo e fechando e os passos do homem se tornam mais distantes. Ele me esqueceu aqui?
Luna (Boneca)
Eu fiquei aqui! — Tento, mesmo sabendo que ele não pode me ouvir. — Você me esqueceu?
Depois de um tempo, que eu diria ser muitas horas, ouço movimentação, a porta do carro abre e eu sou retirada do banco.
Luna (Boneca)
Até que enfim!
Nicolly (Nicky)
Obrigada Tetê.
Otto (Tetê)
Esse é o seu presente.
Otto (Tetê)
Abre para descobrir.
A menina rasga o embrulho e a volta repentina de iluminação me encadeia, meus olhos ardem até se acostumarem com a luz e então eu consigo ver, uma garota de cabelos vermelhos ou laranjas, não sei ao certo, tem cara de ser jovem, deve estar na adolescência, ela esbanja um grande sorriso.
Nicolly (Nicky)
Que linda! Obrigada Tetê!
Otto (Tetê)
Fico feliz que gostou.
Gabriel (Gab)
Outra boneca?
Nicolly (Nicky)
Sim, olha, não é linda?
Gabriel (Gab)
Essa até que é bonitinha.
A garota deixa minha caixa apoiada em uma poltrona, voltando para a... festa?
Imagino que tenham se passado horas, de muita música e barulho, diversas pessoas pela casa, bebendo, comendo e dançando, até que enfim tudo ficou calmo. A festa acabou.
Analiso o ambiente e vejo apenas a garota, o homem que me libertou daquela angustiante vitrine e o outro homem, moreno, eles andavam por todo o cômodo, pegando e levando coisas.
A menina vem até onde estou, sorrindo e abre a caixa, me tirando dela e me erguendo no ar.
Luna (Boneca)
Até que enfim, liberdade! — exclamo, após o que penso serem anos, estou fora dessa caixa.
Vou sendo carregada nos braços da garota escada acima, ela entra na primeira porta do corredor, seu quarto, e me coloca deitada na cama com a cabeça apoiada em uma almofada.
Nicolly (Nicky)
Fica aqui enquanto eu tomo banho.
Luna (Boneca)
Não consigo me mover, eu terei que ficar aqui! — Penso.
O ambiente é agradável, consigo ouvr um baixo som de água corrente vindo da porta onde a garota havia entrado. Olho ao redor, ou melhor, até onde minha limitada visão permite, o quarto é bem decorado, há uma estante com diversas bonecas de diferentes cores, roupas e tamanhos organizadas ao canto.
Luna (Boneca)
Vou ficar ali? — Penso, vendo as dezenas de outras bonecas.
Encaro as bonecas, objetos sem vida, sem pensamentos, às vezes eu gostaria de ser mais como elas, uma mente aprisionada é uma grande inimiga às vezes.
Sinto meu corpo inerte escorregando pela almofada macia e uma fadiga se espalha, o que me deixa confusa, há anos não sinto nada no meu corpo, dores, fadigas. Nada.
A fadiga me consome, junto com diversos espasmos e uma crescente sensação de ardência.
Luna (Boneca)
O que está acontecendo?
Quando a sensação se torna quase insuportável, algo parece brillhante no meu peito, vejo apenas o reflexo da luz, incrédula, continuo encarando a luz, quando um feixe de fumaça sobe, me assusto e a fumaça cinza explode no ar. A luz ainda brilha e os espasmos se tornam mais fortes, um som de ranger e estalar é ouvido e então, eu percebo, meu corpo, consigo senti-lo.
Olho minhas mãos e elas parecem tão...reais. Após anos imóvel, consigo mexer o pescoço, olho tudo ao redor, buscando um espelho. Levanto da cama com dificuldade, meu corpo doía, ando devagar pelo quarto e paro em frente ao espelho, encarando meu reflexo.
Sinto lágrimas borrarem minha visão, finalmente me sinto livre.
Escuto um barulho vindo do banheiro e assusto, me escondendo embaixo da cama.
Nicolly (Nicky)
Cadê minha boneca? Aposto que o Gabriel escondeu. — Vejo ela andando ao redor da cama, indo até a porta do quarto. — Gabriel! — ela grita.
Nicolly (Nicky)
Quem disse isso? — Pula em cima da cama, com medo.
Nicolly (Nicky)
Você quem? Saia agora. — Passam segundos de silêncio antes dela continuar. — Não, não saia não, fica aí. — Sua voz soa apavorada.
Luna
Sou eu, a boneca. — Saio do meu esconderijo e olho para ela, os seus olhos dobram de tamanho ao me ver e ela solta um grito.
Ouço passos e a porta abrindo e me escondo rápido. O homem moreno de antes aparece, provavelmente é o irmão da menina.
Gabriel (Gab)
O que foi, Nicolly? Por que você tá gritando?
Nicolly (Nicky)
Não é nada, deixa pra lá.
Ele sai resmungando e quando a batida da porta ecoa, eu saio de onde estava, a garota, Nicolly, ainda me encara com olhos surpresos.
Nicolly (Nicky)
Você é mesmo a minha boneca?
Nicolly (Nicky)
Como? A Boneca era... uma boneca e você... não é uma boneca.
Luna
Eu vou te explicar tudo.
Sento na cama ao seu lado e conto toda a história, desde a festa de primavera até agora, a cada frase que digo a garota parece mais animada, ela solta alguns sons de empolgação quando conto sobre o reino e a minha família.
Nicolly (Nicky)
Então, você é uma princesa?
Nicolly (Nicky)
Que incrível! — exclama, histérica. — Menos a parte em que você foi enfeitiçada e ficou presa, isso é pessimo, mas agora você está livre.
Nicolly (Nicky)
Como assim? Você não tá feliz?
Luna
Estou sim, é porquê sinto saudades da minha família.
Nicolly (Nicky)
Vamos dar um jeito de você voltar para a sua família.
Nicolly (Nicky)
Sim. — Ela parece sincera e isso me deixa esperançosa, abraço ela.
Nicolly (Nicky)
Não precisa agradecer, somos amigas agora.
Ela concorda com a cabeça, sorrindo e eu sorrio de volta.
Nicolly (Nicky)
Quer tomar banho?
Ela abre o seu armário, tira algumas roupas e uma toalha e me entrega.
Nicolly (Nicky)
O banheiro é naquela porta, vou pegar algo para você comer.
Entro no banheiro e me encaro no espelho, meu rosto está diferente do que me lembrava, pois haviam passado alguns anos, tiro minhas roupas e tomo um banho, tentando me acalmar e relaxar as dores em meus músculos.
Enquanto Luna tomava banho, Nicolly vai à cozinha, preparar algo para Luna.
Gabriel (Gab)
Já vai comer de novo Nicky? — Nicolly dá um pulinho de susto.
Nicolly (Nicky)
Sim, por que?
Gabriel (Gab)
Você vive dizendo que está de dieta e não faz nem uma hora que comeu uns três pedaços de bolo e um monte de salgadinhos.
Nicolly (Nicky)
Estou em fase de crescimento.
Gabriel (Gab)
Então precisa comer muito mesmo porquê não tá funcionando direito.
Nicolly apenas faz uma careta para o irmão e sai da cozinha com um prato de bolo e salgadinhos, ela sobe as escadas, entra no quarto, e deixa o prato em cima da escrivaninha.
Luna
Estou aqui — falo, coloco a cabeça para fora do banheiro, penteando o cabelo.
Nicolly (Nicky)
Posso pentear seu cabelo?
Nicolly senta na cama e me sento na sua frente, entrego a escova e ela penteia o meu cabelo.
Comments
Beatriz Andrade
posta mas capítulos
2023-10-08
0
Beatriz Andrade
posta mas desse capítulo
2023-10-01
0
Beatriz Andrade
posta essa história por favor
2023-09-28
0