Capítulo 03
O sol ilumina o cômodo e consequentemente me acordo, sinto como se a noite tivesse passado rápida demais. Olho ao redor e não vejo Nicolly, levanto-me e vou até o banheiro do quarto, bato na porta e não há resposta.
𝘖𝘯𝘥𝘦 𝘦𝘴𝘵𝘢́ 𝘕𝘪𝘤𝘬𝘺?
Volto ao quarto, mais lenta que na noite anterior, o sono quase me faz desistir e voltar a deitar-me, quando olho para a escrivaninha e vejo um prato com biscoitos e frutas, e um bilhete ao seu lado.
“𝘽𝙤𝙢 𝙙𝙞𝙖 𝙇𝙪𝙣𝙖!
𝙏𝙞𝙫𝙚 𝙦𝙪𝙚 𝙞𝙧 𝙥𝙖𝙧𝙖 𝙖 𝙖𝙪𝙡𝙖 𝙥𝙤𝙧𝙦𝙪𝙚̂ 𝙩𝙚𝙣𝙝𝙤 𝙪𝙢 𝙩𝙧𝙖𝙗𝙖𝙡𝙝𝙤 𝙥𝙖𝙧𝙖 𝙖𝙥𝙧𝙚𝙨𝙚𝙣𝙩𝙖𝙧.
𝘿𝙚𝙞𝙭𝙚𝙞 𝙨𝙚𝙪 𝙘𝙖𝙛𝙚́ 𝙙𝙖 𝙢𝙖𝙣𝙝𝙖̃.
𝘾𝙤𝙢𝙚 𝙙𝙞𝙧𝙚𝙞𝙩𝙞𝙣𝙝𝙤 𝙚 𝙖𝙩𝙚́ 𝙢𝙖𝙞𝙨 𝙩𝙖𝙧𝙙𝙚.”
Nicky não está em casa, ou seja, estou sozinha. Meus ossos latejam pelo esforço e sinto uma dor fina nas articulações. Degusto a comida que me foi deixada sentada na cama de Nicolly.
Luna
O que vou fazer durante esse tempo todo? — questiono-me.
Ao terminar de comer e voltar a deitar-me no colchão macio, ouço o barulho distante de uma porta abrindo e levanto-me num pulo.
𝘈 𝘕𝘪𝘤𝘬𝘺 𝘤𝘩𝘦𝘨𝘰𝘶.
Saio do quarto me apoiando nas paredes e chego até o topo da escada, olho para baixo e quem eu vejo não é Nicolly, mas, o irmão dela.
𝘌𝘴𝘵𝘰𝘶 𝘧𝘦𝘳𝘳𝘢𝘥𝘢.
Me movo o mais depressa que o meu corpo permite ao voltar para o quarto, e por sorte, chego sem ser notada.
Escuto os passos fortes subindo os degraus e cubro-me com os lençóis, ficando em silêncio até parar de ouvir qualquer movimentação.
Cinco minutos se passaram e o calor se tornava insuportável, mas ainda podia ouvir o irmão de Nicolly falando com alguém.
Luna
Pela Deusa. — Reclamo alto demais para a minha atual situação e cubro a boca com as mãos.
Gabriel (Gab)
Nicky? — a sua voz se torna mais alta. — Você tá aí?
Escuto o ranger da porta abrindo e um arrepio percorre a minha pele. 𝘝𝘰𝘶 𝘴𝘦𝘳 𝘥𝘦𝘴𝘤𝘰𝘣𝘦𝘳𝘵𝘢.
Gabriel (Gab)
Não foi para a aula? — ele continua fazendo perguntas.
???
Amor? — Outra voz se faz presente.
Gabriel (Gab)
Oi. — responde.
???
Deixa a sua irmãzinha aí, nós ainda temos que resolver um assunto importante.
Gabriel (Gab)
Que assusto importante? — seu tom sofre um leve desvio, quase imperceptível.
???
Não me diga que você esqueceu.
Gabriel (Gab)
Não. Mas você pode me dizer o que é esse assunto importante?
???
A festa da July na sexta.
Gabriel (Gab)
Amor, hoje ainda é segunda.
A garota começa a falar incansavelmente sobre os motivos de se prepararem com antecipação, pois os seus pais estarão lá e a July vai apresentar o seu noivo a todos nessa festa.
A porta bate, ele saiu.
Saio dos lençóis e respiro fundo, isso foi pior que um ataque de fírias.
Vou até o banheiro e banho-me rápido, visto um vestido preto que peguei do armário de Nicolly e deito-me novamente. 𝘘𝘶𝘦 𝘵𝘦́𝘥𝘪𝘰.
Fecho os olhos e uma onda de memórias me atinge, recordo tudo o que passei enquanto ainda era boneca, e em como era horrível aquela sensação, 𝘴𝘰𝘭𝘪𝘥𝘢̃𝘰, eu não tinha ninguém, e sentia-me totalmente vulnerável na maior parte do tempo, e agora, sinto-me igual, como uma dependente.
Em poucas horas sozinhas, quase fui descoberta duas vezes e mal consigo andar, tudo dói.
Lágrimas caem dos meus olhos sem nem perceber, a minha garganta arde e o meu peito sufoca, cubro os olhos com as mãos, os secando e tentando conter o choro.
Respiro fundo e ao levantar a cabeça, congelo.
O irmão de Nicolly está parado ao pé da porta, me encarando com o cenho franzido. Um grito prende na minha garganta e os meus olhos se arregalam pelo susto.
Ele se aproxima, ainda em silêncio, sem desviar o olhar um segundo sequer. O meu estômago se revira.
Gabriel (Gab)
Oi? — fala, contraído.
Gabriel (Gab)
Você é namorada da Nicky?
Gabriel (Gab)
É... — ele desvia o olhar para o colchão vazio ao meu lado, envergonhado.
Gabriel (Gab)
Não, não, você não precisa me contar nada, melhor que eu ouça da Nicky.
Luna
Certo. — faço uma careta involuntária pela fisgada que sinto no meu joelho.
Gabriel (Gab)
Você está bem?
Gabriel (Gab)
O que isso significa? — se senta na cama, afastado.
Luna
Estou sentindo algumas dores.
Gabriel (Gab)
Quer um remédio?
Gabriel (Gab)
Sim, você é alérgica a algum?
Gabriel (Gab)
Ah... quer ir ao hospital?
Essa conversa está horrível, não entendo o que ele diz.
O que é remédio?
O que é um hospital?
Porque é tão difícil entendê-lo?
Luna
Hm... acredito que não? — a minha resposta soa quase como uma pergunta.
Gabriel (Gab)
Ah... Você está aqui desde cedo?
O garoto faz uma expressão surpresa e olha ao redor.
Gabriel (Gab)
Já comeu algo?
Luna
Sim, Nicky deixou o meu café da manhã aqui.
Gabriel (Gab)
Mas, você quer algo?
Luna
Uma água? Estou com um pouco de sede.
Gabriel (Gab)
Vou buscar para você. — ele levanta.
Luna
Espera, eu vou com você.
Preciso sair desse quarto ou vou enlouquecer. Acompanho-o com dificuldade e o sigo até a escada novamente, encaro o moreno descendo e piso no primeiro degrau, uma dor aguda ataca o meu quadril e solto um murmúrio.
O garoto para e vira o seu tronco para me olhar.
Gabriel (Gab)
Precisa de ajuda?
Luna
O meu corpo dói e não consigo mover-me direito.
Os olhos dele se arregalam — já está virando algo comum — e ele permanece parado por alguns segundos, estático.
Gabriel (Gab)
Pode voltar para o quarto, eu levo a sua água.
Luna
Mas... — 𝘌𝘶 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘰 𝘴𝘢𝘪𝘳 𝘶𝘮 𝘱𝘰𝘶𝘤𝘰 𝘥𝘢𝘭𝘪.
Gabriel (Gab)
Você quer vir? — ele parece ouvir-me.
Luna
Sim, queria sair um pouco do quarto.
Gabriel (Gab)
Vem — ele sobe até onde estou — vou te ajudar.
Ele segura minhas mãos e desce devagar, me deixando apoiar nele.
Comments
Beatriz Andrade
posta capitulo 6
2024-01-20
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Beatriz Andrade
posta capitulo 6
2024-01-19
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Beatriz Andrade
posta mas outro capitulo hoje
2024-01-19
1