uma cama segura.

Acordei sentindo a cabeça girar, logo lembrei, a fuga, o ataque, dei um salto da cama, o homem misterioso, eu vim com ele, ele conhecia o Luigi, estou em perigo,

Estava em uma cama, um quarto simples, limpo e confortável, me perguntando se Luigi já tinha me achado, lembrei que ele jogou a aliança no mar, será que posso confiar nele?

Logo a porta se abriu e ele entrou, carregava uma bandeja e tinha um olhar frio, mas que mesmo assim queimava minha alma.

— Até que enfim acordou, já passam das duas horas da tarde, vamos, coma alguma coisa, vamos ter que conversar e seu marido está te procurando. — ele falou e aquilo me desesperou.

— Como assim? — questionei mais tensa que queria transparecer que estava, mas quando levantei vi que estava só de roupa íntima, por um segundo me assustei, mas ele não estava olhando, seus olhos não saiam dos meus e isso era reconfortante, e incomodo ao mesmo tempo.

— Se acalme, não entreguei você, mas aqui não é mais seguro, seu marido está a sua procura, vieram homens com ele, mas assim que me apresentei como um homem e sua esposa ele foi embora, algo me diz que ele vai voltar, precisamos ir.

— Ele veio aqui? — questionei. — e você não disse nada?

— Não preciso te entregar, mas preciso sair daqui, não vivi esse tempo sozinho, para agora descobrirem quem sou, ainda mais se Luigi caiu nas minhas mãos desta forma. — falou colocando a bandeja na mesinha e abrindo o armário ao lado da cama. — coma, tem roupa aqui, vista isso se quiser, sairemos logo, voltaremos para minha casa, por hora preciso de um plano, e de ajuda para te manter a salvo.

 — Para onde vamos? — perguntei — e como posso confiar em você?

Ele me olhou como se aquilo fosse uma ofensa, sim eu pedi ajuda, mas meio que desisti, e ele não me deixou ir embora, não me julgue... Eu tenho medo.

— Se você ficar aqui vai acabar em nada, ele estava com cara de poucos amigos, mas pode ficar, a decisão é sua, ele vai morrer pela minha mão, tem uma morte nas costas que é minha, ele me deve isso. — ele falou e aí percebi que casei com um monstro mil vezes pior do que o Luigi que de fato conheci.

— Eu não posso ser pega, vou com você. — quando disse isso levantei como estava, enquanto comia um pão rapidamente, vestia a roupa e o capuz que ele me deu, ele me parou e pegou um saco, tinha uma cor diferente e me perguntei o que era aquilo.

— Vamos pintar seu cabelo, tire essa roupa por enquanto, 30 minutos está pronto, e precisamos cortar, se pegarem a estrada e se esconderem, se virem pessoas loiras será um problema. — ele falou e fazia todo sentido, ele foi rápido, onde comprou tinta? Ou porque já tinha em casa? Será que é casado?

Enquanto me sentei ainda com roupa íntima, já que ele me mandou tirar a que tinha colocado, comecei a comer, lembrando das marcas fechei os olhos, não sabia o que ele faria, mas pior que estava não ficaria.

Passaram mais ou menos uns quarenta e cinco minutos desde que eu comecei, ele tinha mãos hábeis e quando olhei no espelho estava preto meu cabelo, aquilo era surreal, ele virou sem falar muito e me disse que deveria esperar ali e não se aproximar da janela, então fiz isso.

Passou o tempo, e entrei na água, tirei o restante da roupa e trouxe a mochila para o banheiro, ali me lavei como quem lava a alma.

— Droga, esqueci de pegar uma toalha. — reclamei sozinha no banheiro, suspirei inconformada, mas não desisti, peguei a camisa que tinha na bolsa e coloquei molhada mesmo, só para sair do banheiro, ia me secar e colocar outra roupa.

A situação que me meti foi única, do lado de fora estava ele, mesmo com a camisa me sentia nua, e de fato meu corpo marcado pela água me fazia sentir assim mesmo.

— O que faz aqui? — questionei colocando a mochila na frente dos seios, seus olhos demoraram um pouco mais do que o esperado, e de fato ele pareceu gostar.

— Para uma sem teto você é bem ousada, vim trazer as roupas, acho que te servirão. — ele falou esticando uma caixa, tintura de cabelo, roupa de mulher, quem é esse homem?

Peguei a caixa e uma toalha sobre a cama, voltei para o banheiro envergonhada e excitada, mas me repreendi.

— O preto lhe caiu bem, não tem como negar, agora entendo porque o Luigi está tão desesperado a sua caça. — ele gritou do quarto e saiu, o que ele quis dizer? Luigi não está desesperado, ele quer me bater porque o desobedeci.

Me arrumei rápido, arrumei meu cabelo,e estranhei com o preto, mas se fato me caia bem, os hematomas sumiriam logo se Deus quisesse e só ficaria as marcas da mente, dentro da caixa tinham mais roupas, pareciam importantes, não sei porque, mas tive o instinto de colocar na mochila, sabia que íamos embora, então precisaria de peças que o Luigi nunca me viu usando.

Desci para a sala e ali estava ele, uma mochila e a chave do carro, nada mais.

— Estou pronta, vamos? Que lugar vamos ir?

Ele me olhou como se calculasse se deveria falar, mas respondeu:

— vamos de carro até a beira da outra montanha, vamos escalar e pegar um helicóptero que vai me esperar lá.

Assenti parecendo corajosa, mas completamente destruída, medo, medo não... Pavor e muita vontade de mudar.

Saímos de dentro de casa comigo usando um capus e de mãos dadas, se ele disse que é meu marido quer que se alguém nos veja pense isso.

Eu deveria confiar? Sim... A única pessoa que me tirou do lodo e me socorreu foi ele, e ele jurou que vai mata-lo, isso basta para mim..

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