Cecília entrou entusiasmada em meu quarto, sua barriga de grávida gigante ficava perfeitamente linda naquele vestido cor de água que eu achava que ressaltava seus olhos castanhos e seu cabelo acaju, a maquiagem dela era simples, mas muito bonita, ela me olhou sorrindo.
- Animada? Sentindo fogos de artificio no peito?
Eu apenas a olhei e tentei não parecer tão fria, afinal ela era minha amiga.
- Bom\, o dia chegou e eu vou me casar.
O sorriso dela desapareceu, ela se aproximou de mim, seus olhos carinhosos procurando os meus.
- Não\, não\, não... Não gosto do que vejo\, que olhar é esse? Por favor\, Liah\, seja sincera com seus sentimentos\, quer mesmo fazer isso?
- Acho que eu não tenho muita escolha agora.
- Como não? Sempre temos uma escolha amiga\, se é por causa das pessoas lá fora eu posso fazer um escândalo\, colocar todo mundo para correr\, eu posso fingir estar parindo o meu filho se for o caso\, mas ninguém ousará te questionar ou falar qualquer coisa que seja...
- Não funciona assim no mundo dos ricos\, acho que você não entenderia...
Ela abaixou o rosto, Cecília se orgulhava da vida simples que levava e eu estava sendo uma escrota ridícula.
- Tem razão\, eu não entendo\, mas entendo de amor e não vejo amor nos seus olhos quando olho para você\, escute Liah\, eu sei que nossas vidas são muito diferentes\, e eu não me importo com isso\, não trocaria nenhum dinheiro pelo que eu tenho com Celso\, tem mesmo certeza de que irá subir naquele altar e se casar hoje?
Eu soltei o ar com força.
- Meu avô me mandou um presente\, na verdade\, pediu que me entregassem no dia do casamento\, ele deve ter planejado isso antes de morrer\, por que sabia que não viveria para me ver de noiva...
- E o que é esse presente?
- Uma caixa de fotografias\, cheias de lembranças da infância\, na época eu sonhava em ser fazendeira\, mas ele morreu e a fazenda foi vendida...
- Não deve ser por causa da fazenda que está assim.
Desmoronei sentando na cama, não me importando nem um pouco com amassar o vestido.
- Tem fotos de Ethan na caixa também\, aliás\, minhas e dele.
A boca de Cecília se abriu e se fechou como se agora compreendesse tudo, sim, o problema em questão não era a fazenda, o passado ou o casamento, era Ethan, o rapaz com quem em tinha sonhado por toda adolescência e jurado amor eterno, o rapaz que eu prometera fugir e me casar aos dezessete anos...
- Nunca mais soube dele?
- Não\, ele desapareceu.
- Nem mesmo uma ligação?
- Não.
Ela segurou minhas mãos e me encarou.
- Acha que o que sente por Magnus será capaz de superar essa lembrança e te fazer esquecer ele de vez?
- Não\, não acho... Mas e que escolha eu tenho? Mesmo que eu não me case com Magnus\, que por sinal é perfeito para mim\, mesmo que eu decida cancelar tudo\, isso não me trará Ethan de volta\, eu estou com trinta e dois anos Cecília\, faz quinze anos que não vejo Ethan\, sinto mas\, essa história precisa morrer hoje e ser enterrada no passado junto com aquela maldita caixa.
Eu disse apontando para o presente que jazia solitário sobre a escrivaninha, Cecília me abraçou com carinho e eu me permiti soltar alguns soluços e lágrimas, depois disso ela me ajudou a corrigir a maquiagem, o casamento aconteceria e tudo seria como deveria ser, eu seria muito feliz com Magnus, teríamos filhos lindos e logo eu estaria tão ocupada criando eles que Ethan deixaria de ser uma sombra do passado para não ser mais nada.
Ouvimos batidas na porta e eu vi Carlos espiar para dentro, eu não tinha mais pai ou avô e por mais que não tivesse nenhum vinculo afetivo com ele, achei que seria justo demostrar um pouco de consideração e chama-lo para me levar ao altar.
- Está pronta? Podemos ir? Estão todos esperando...
Eu assenti com a cabeça, Cecília me deu um último beijo e saiu do quarto, Carlos me ajudou a arrumar o vestido e depois me deu o braço, caminhamos em silêncio pelo corredor da casa e assim que alcançamos as escadas fomos bombardeados por fotógrafos de várias revistas de moda, o meu casamento era de fato o casamento do ano, a união de dois grandes herdeiros sendo concretizada em nome do “amor”... Suspirei.
Não que Magnus não fosse digno de ser amado, ele era, na verdade era perfeito, era tão carinhoso, tão compreensivo, ele parecia ter saído de m filme romântico da seção da tarde, nunca esquecerá uma sequer data importante, na verdade era eu quem costumava esquecer, ele nunca deixará de me presentear, fazia tudo para me agradar, mesmo atolado em trabalho na empresa cancelava a reunião que fosse apenas para sair comigo, onde mais eu encontraria um homem assim?
Meu padrasto deve ter sentido a tensão em mim enquanto caminhávamos, paramos na porta que estava toda enfeitada de flores e ele abaixou a cabeça procurando meus olhos.
- Escute Liah\, eu sei que não somos próximos\, na verdade foi uma surpresa para mim me convidar para levá-la ao altar...
- Minha mãe deve ter ficado feliz\, aliás\, ela deve estar explodindo de felicidade hoje.
- Não\, na verdade\, foi ela quem me pediu para falar com você...
Eu olhei para ele sem esconder a mágoa e a raiva, ele que pensasse muito bem no que ia me dizer, pois havia muita coisa em jogo.
- O que foi que ela disse?
- Ela disse\, e eu digo também\, que se não tiver certeza\, se tiver a mínima dúvida de que isso é o certo\, que daremos um jeito\, e que desistir não te fará mais fraca.
Eu estava incrédula a mulher que tinha me jogado aos leões agora no dia do casamento, minutos antes da cerimonia tinha tido a coragem de mandar seu marido falar comigo e me dizer para desistir, será que ela tinha noção do que isso significava?
- Eu vou me casar com Magnus\, eu o amo\, e serei feliz com ele\, diga a ela que não precisa se preocupar com nada\, a pensão dela continuará sendo paga.
Ele abriu e fechou a boca sem ter coragem para responder, voltei a olhar para frente e vi Magnus, lindo no seu terno perfeitamente desenhado em seu corpo, Magnus era mais alto que eu, tinha o cabelo castanho escuro, uma barba rasa e sobrancelhas grossas e marcantes, um olhar perfeitamente sedutor e um sorriso que me encantava.
Ouvimos a marcha nupcial e caminhamos em silêncio, na chegada ao altar Carlos sorriu para mim, beijou-me na face e desculpou-se em tom baixo no meu ouvido, eu compreendi que ele não tinha feito por mal, talvez ele realmente se preocupasse, porém eu não conseguia ver onde minha mãe podia pensar que isso funcionaria.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Paula Albertão
ela parece ser um pouquinho fria
2025-10-11
  1
Paula Albertão
pelo jeito, está bem o contrário
2025-10-11
  1
Paula Albertão
eitaaaaa
2025-10-11
  1