Mariana nunca imaginou que a vida poderia lhe surpreender de forma tão repentina. Alguns dias após aquela tarde solitária junto ao lago, ela decidiu ir à livraria do bairro — seu refúgio favorito desde a infância. Entre prateleiras cheias de livros, ela sentia que podia ser outra pessoa: alguém com sonhos, coragem e escolhas próprias. Mal sabia que aquele passeio mudaria sua vida, ainda que de maneira sutil.
Enquanto percorria os corredores da livraria, observando as capas coloridas e os títulos chamativos, um homem esbarrou nela sem querer. Seus olhos se encontraram e, por um instante, o mundo pareceu desacelerar. Ele se desculpou rapidamente, mas havia algo na voz, na forma como sorriu, que fez o coração de Mariana bater mais forte. Não era só gentileza; havia um calor humano que ela raramente sentia.
— Desculpe! Não te vi — disse ele, com um leve rubor no rosto.
— Sem problemas — respondeu Mariana, tentando disfarçar a surpresa. Sua voz soou mais firme do que se sentia por dentro.
Ele se apresentou como Rafael, um jovem que também amava livros e passava horas perdido entre histórias de mundos imaginários. A conversa começou tímida, mas logo se tornou fácil. Mariana percebeu que podia falar sem medo de ser julgada. Ele escutava, sorria nos momentos certos e, o mais importante, parecia genuinamente interessado em conhecê-la.
Durante aquela primeira conversa, Mariana se sentiu viva de um jeito que não sentia há anos. O peso da rejeição familiar, das críticas silenciosas e do sentimento de invisibilidade parecia diminuir, mesmo que apenas por algumas horas. Rafael falava sobre autores que ela adorava, compartilhava opiniões sobre livros que ela já tinha lido, e até sugeriu histórias novas para ela explorar. Cada palavra dele parecia cuidadosamente escolhida, e Mariana sentiu que finalmente alguém a enxergava.
O tempo passou sem que percebessem, e logo a livraria começou a fechar. Rafael se ofereceu para acompanhá-la até a saída, e o silêncio confortável entre os dois era tão intenso quanto a proximidade física. Mariana sentiu uma mistura de ansiedade e esperança, sentimentos que ela quase tinha esquecido que existiam.
— Gostaria de te ver de novo — disse ele, com uma sinceridade que a fez corar.
— Eu também — respondeu Mariana, sentindo que estava fazendo algo arriscado, mas necessário.
Eles trocaram números, e um sorriso tímido selou aquele encontro inesperado. Mariana voltou para casa com uma sensação estranha, algo entre medo e excitação. Não queria criar expectativas demais, mas não podia ignorar o que sentia. Pela primeira vez em muito tempo, acreditava que poderia existir alguém que realmente se importasse com ela, que a olhasse sem pressa, sem julgamentos, apenas com atenção e interesse genuíno.
Nos dias que se seguiram, as mensagens e conversas se tornaram rotina. Mariana se sentia viva, motivada, e até mesmo sua confiança, tão abalada pelos anos de rejeição familiar, começou a se reconstruir. Ela sabia que era cedo para confiar plenamente, mas Rafael era diferente. Ele não a pressionava, não criticava, apenas compartilhava momentos, risadas e pensamentos.
Na solidão de seu quarto, Mariana refletia sobre aquele encontro. Sentia medo de se machucar, mas não podia negar que o coração dela pulsava com uma nova esperança. Um encontro casual na livraria parecia pequeno demais para aquilo que estava começando, mas, de alguma forma, Mariana sabia que aquele instante marcaria o início de algo importante.
Algo que poderia mudar sua vida para sempre.
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Atualizado até capítulo 100
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