Capítulo 4

Após tomar um banho, Sofia se sentou na pequena mesa ao lado de sua cama e começou a desenhar um novo projeto. Ela era arquiteta, assim como Verônica, mas nunca foi reconhecida na vida passada, porque Verônica sempre ganhava todos os créditos por seu trabalho.

A porta se abriu e Verônica entrou.

— Irmã, você está bem? — ela disse, fingindo preocupação — Olha, não leve a sério o que o papai e a mamãe disseram. Eles te amam muito, você só precisa agradar eles mais e fazer tudo o que pedem.

Sofia olhou para Verônica, pensando que na vida passada foi tão inocente e só nos últimos momentos de vida percebeu o quão falsa ela era.

É claro que ela pediria para Sofia sempre fazer o que seus pais pediam, pois tudo o que eles pediam era sempre para beneficiar Verônica. Sempre assumir a culpa por seus erros, sempre entregar os seus trabalhos para ela…

Eles sempre diziam que ela era mais velha e por isso deveria sempre cuidar de Verônica, mas a diferença de idade entre elas era de apenas um ano e a ajuda que Verônica pedia era sempre para roubar se destacar usando o seu trabalho.

Sofia disse:

— Hum. — e continuou a desenhar.

— O que é isso? — Verônica disse, apontando para uma marca vermelha no pescoço de Sofia. — Não me diga que passou a noite com alguém? — Verônica começou a gargalhar.

Sofia a ignorou e continuou a desenhar.

— Se papai e mamãe souberem, eles vão ficar furiosos com você. Talvez até te obriguem a pedir demissão na empresa. Quem foi hein? Um garçom? Um camareiro? Já sei, um daqueles velhos bêbados que estavam no bar! Nossa que escândalo seria se todos soubessem!

Sofia parou de desenhar e falou:

— Como você sabe que essa marca é de uma noite de sexo? Pode ser só uma alergia. Está acostumada a receber essas marcas?

Verônica parou de rir momentaneamente, era a primeira vez que Sofia rebatia o que ela dizia.

Ela estava acostumada a ver Sofia implorar de joelhos, quando descobria que ela fez algo errado.

— Ah, bem… você bebeu tanto ontem e saiu correndo. Eu pensei que…

— Só bebi uma taça de vinho. — Sofia disse.

— Mas você não estava no seu quarto…

— Como sabe que eu não estava em meu quarto? Foi lá verificar por quê?

— Ah, bem… eu não fui… — Verônica disse, desconcertada. Ela não podia revelar que tentou levar Lucas para o quarto de Sofia, mas não a encontrou. — Eu liguei para o seu quarto e ninguém atendeu.

— Eu estava dormindo e deixei o telefone do quarto no mudo, tem algum problema? — Sofia perguntou.

— Não, irmã! — Verônica disse, com os olhos marejados. — Você está pensando que eu quero te acusar de alguma coisa? Me desculpe, eu não quero. É só que fiquei preocupada. O Lucas também, sabia? Ele ficou perguntando por você o tempo. Acho que ele queria ficar com você naquela noite, mas você fugiu. Vamos fazer assim, vou armar um novo encontro para vocês. Semana que vem será aniversário de um amigo meu e eles te convidaram, disseram que sem você a festa não será a mesma. E olha, o Lucas também foi convidado.

— Não estou interessada. — Sofia disse e voltou a desenhar, deixando Verônica desconcertada. Antes, sempre que ouvia o nome de Lucas ela ficava sempre tão animada e agora, parecia tão indiferente.

— Irmã, o que está fazendo? — Verônica disse, tentando mudar de assunto.

— Apenas uma ideia que tive. — Sofia disse, continuando a desenhar.

Verônica puxou a planta de repente e começou a analisar.

— Isso parece bom, muito bom! Agora que eu sou a arquiteta chefe, você terá que fazer muitos trabalhos incríveis para mim. Estou muito feliz que já está fazendo novos projetos para me ajudar. Irmã, se continuar assim, eu vou convencer o Lucas a ir em um encontro com você!

Sofia puxou a folha das mãos de Verônica e disse:

— Esse trabalho aqui será só meu. Não é para você. Saia por favor, está me atrapalhando.

Verônica ficou mais uma vez sem reação, Sofia parecia feia e distante.

“Será que ela descobriu alguma coisa?”

— Irmã, você ouviu ou disseram alguma coisa sobre mim ontem?

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