•Tee
O sol já estava alto e forte quando desci as escadas largas da mansão naquela manhã. Minha cabeça latejava, mas não era só por causa da bebida — era a memória do olhar de Bass que não me largava, como uma sombra pesada. Cada vez que fechava os olhos, eu via a expressão dura dele: fria, mas ao mesmo tempo intensa, como se pudesse ver tudo dentro de mim, todas as minhas fraquezas.
Balancei a cabeça, tentando me livrar daquela imagem.
Quando entrei na sala de estar principal, Fah já estava lá. Sentada no sofá branco e caro, com as pernas perfeitamente cruzadas, parecia uma rainha esperando sua corte. Usava um vestido azul-claro de marca, salto alto e delicado, maquiagem impecável mesmo tão cedo.
Ela se levantou assim que me viu, e seu sorriso foi rápido e calculado, como sempre.
— Tee. — Ela veio até mim e me beijou na bochecha, seu perfume doce e enjoativo me envolvendo. — Onde você esteve ontem? Liguei para você várias vezes.
Meu estômago se contraiu. Eu sabia que não podia contar a verdade. Fah não precisava saber de nada. Ela nunca precisava.
— Estava cansado. — menti, desviando o olhar. — Dormi cedo.
— Dormiu cedo? — A voz dela era suave, mas seus olhos examinavam cada parte do meu rosto, procurando pistas. — Que estranho… porque sua voz no telefone parecia embriagada.
Sorri de lado, usando aquele tom de deboche que sempre foi minha proteção. — Talvez você tenha ouvido o que queria ouvir.
Ela franziu levemente os olhos, mas não pressionou. Em vez disso, segurou minha mão com uma força que não combinava com a aparência delicada. — Hoje à noite temos o jantar na casa dos meus pais. Você não vai inventar desculpas de novo, vai?
Soltei um suspiro cansado. Aquilo não era um convite, era uma ordem. Fah sempre transformava nosso relacionamento em uma performance, como se fôssemos atores em um palco.
— Claro que vou. — respondi, mesmo odiando cada segundo daquela farsa.
Quando levantei os olhos, vi Bass parado na entrada da sala, braços cruzados, observando em silêncio. Seu rosto não mudou quando Fah deslizou a mão pelo meu braço, como se estivesse marcando território. Mas eu notei. Eu sempre notava.
E aquilo me deixou com uma raiva quente e confusa, que eu nem sabia explicar.
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•Fah
Eu conhecia Tee melhor do que ele pensava. Sabia quando ele estava mentindo, quando estava entediado, quando queria me irritar. E naquela manhã, tudo nele gritava desconforto.
Não era só ressaca. Era algo a mais.
Meus olhos se moveram para o segurança parado na porta. Bass. Sempre sério, sempre controlado. Nunca mostrava emoção, mas eu não era burra. Eu via a maneira como Tee mudava quando ele estava por perto.
E isso me incomodava profundamente.
Eu e Tee éramos o casal perfeito — pelo menos era o que todos viam. Nossas famílias eram poderosas juntas, nossos nomes brilhavam, e éramos admirados por todos. Eu não ia desistir disso.
Apertei a mão de Tee com mais força e sorri, para que Bass visse. Queria que ele entendesse seu lugar. Ele era apenas um funcionário. Nada mais.
— Estarei esperando você no jantar. — sussurrei no ouvido de Tee, mas meus olhos permaneciam fixos em Bass.
Ele não reagiu. Manteve a mesma expressão dura e fechada.
Mas havia algo em seu olhar… algo que ele não conseguiu esconder completamente.
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• Bass
Eu não deveria sentir nada.
Enquanto observava Tee e Fah juntos, mantive minha postura rígida de sempre. Ela estava bonita, perfeita, como uma boneca. Ele também parecia interpretar seu papel perfeitamente, sorrindo e aceitando o toque dela.
Mas por dentro, algo queimava em mim.
Não era ciúmes. Eu não podia sentir isso. Era apenas… raiva. Raiva da falsidade daquela relação. Eles se olhavam, mas não havia verdade. Não havia sentimento real.
E mesmo assim, quando vi Fah passar a mão pelo braço dele, um aperto forte me dominou o peito.
Droga.
Me afastei antes que alguém percebesse a tensão no meu corpo. Saí para o jardim imenso da mansão, onde o silêncio era mais fácil de suportar. Mas, mesmo lá, a imagem dos dois juntos não saía da minha cabeça.
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•Tee
A manhã passou devagar. Fah saiu depois de dar mais algumas ordens disfarçadas de conversa, e eu me joguei no sofá, me sentindo exausto de tanto fingir. Bass voltou para dentro em silêncio, como se nada tivesse acontecido.
Mas eu sabia. Eu sentia.
Cada vez que nossos olhos se encontravam, havia algo ali. Algo proibido, algo que me puxava e me prendia ao mesmo tempo.
E eu odiava o fato de estar começando a gostar dessa sensação de estar preso a ele.
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Gilvaneide Siqueira
mas por favor está maravilhosa a história
2025-09-20
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