Capítulo 3

A porta do RH se fechou atrás deles e Isabelle o conduziu pelo corredor amplo, iluminado por janelas altas que deixavam entrar a luz da manhã. Seus saltos batiam ritmados no piso, o som ecoando como um aviso constante.

Ayden caminhava ao lado, sério, mas com aquele ar de quem não se intimida facilmente.

Quando chegaram a uma sala envidraçada, reservada, Isabelle parou e virou-se para ele, os braços cruzados. O olhar dela era afiado como uma lâmina.

— Vou ser direta, Senhor Halbrecht. - Disse, firme: — Rostinho bonito não vai enganar ninguém aqui. Muito menos a mim.

Ele sustentou o olhar dela, sem se abalar.

— Não estou tentando enganar ninguém.

— Claro que está. - Isabelle deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles: — Você conseguiu a vaga usando a minha mãe. E seja qual for o motivo real de ter feito isso, eu vou descobrir. Se for algo sujo, algo que ameace a Castelier, eu vou destruir você e tudo o que um dia pensou em conquistar.

Ela não piscou, nem deixou espaço para suavizar as palavras.

Era um aviso.

Ele arqueou levemente a sobrancelha, mas o sorriso discreto que surgiu em seus lábios não era de deboche era de cálculo.

— Senhorita Castelier, se eu fosse um oportunista, como está sugerindo, eu teria feito exatamente o que disse: me escondido atrás do nome da sua mãe, teria bajulado ou me colocado no papel de coitado. Mas não fiz nada disso. Eu apenas entreguei um currículo. Quem me trouxe aqui foi ela, não eu.

Ele se aproximou um pouco, sem quebrar a compostura.

— E já que estamos sendo francos, você não precisa se preocupar em me destruir. Se eu for incompetente, seu julgamento será minha ruína. Mas se eu não for, então talvez descubra que não estou aqui para tomar nada de você, mas para somar.

Isabelle inclinou o rosto levemente para o lado e, por um instante, seus lábios se curvaram em um riso baixo, zombeteiro.

— Você fala bonito, Halbrecht. Mas na minha posição, eu já derrubei reis.

Os olhos dele brilharam com algo difícil de decifrar, talvez respeito, talvez provocação.

— Então espero que não me confunda com um deles. - Respondeu, firme.

Isabelle deu um passo atrás, voltando a se recompor e fez um gesto para a assistente que aguardava perto da porta.

— Leve o senhor Halbrecht até a sala dele. Quero o contrato pronto até o fim do dia.

— Sim, senhorita. - Respondeu a assistente.

Isabelle ainda o olhou mais uma vez, como se estivesse marcando território.

— Um vacilo, só um, e você está fora.

— Justo. - Disse ele, sem vacilar.

Ela virou-se, andando com passos decididos pelo corredor. O som de seus saltos ecoava novamente, até desaparecer.

Ele ficou em silêncio por um momento, acompanhando com os olhos o vulto da herdeira que se afastava.

Só então respirou fundo e seguiu a assistente que o levou até uma sala.

Minutos depois, a mesma assistente, uma jovem de blazer azul marinho, cabelos presos em um coque impecável e óculos de armação fina, abriu a porta da sala.

Sorriu com formalidade para ele e gesticulou com a mão.

— Senhor Halbrecht, por favor, me acompanhe. A senhora Isabelle pediu que eu o apresentasse à empresa, como protocolo.

Ele levantou-se sem pressa, ajeitando o paletó. Seu olhar vagava atento, absorvendo cada detalhe ao redor.

— Claro. - Disse com voz calma, quase ensaiada, mas carregada de uma confiança que não denunciava nervosismo.

Saíram pelo corredor largo, onde as paredes de vidro revelavam escritórios modernos, todos ocupados por funcionários concentrados em suas telas e papéis. O som dos teclados misturava-se ao de passos apressados, criando um ritmo próprio da Castelier.

A assistente apontava para cada setor com precisão.

— Aqui fica o núcleo de pesquisas avançadas em biotecnologia. - Ela indicou uma porta com acesso restrito:— Apenas doutores credenciados entram aqui.

Ele passou os olhos pela placa de aço escovado ao lado da porta e comentou:

— Imagino que seja onde guardam as jóias da coroa da empresa.

A assistente ergueu as sobrancelhas, surpresa com a escolha das palavras.

— É... de certa forma. - Prosseguiu, retomando o tom profissional:— À esquerda, temos o setor administrativo e financeiro. Logo adiante, o auditório principal.

Enquanto caminhavam, ele fazia pequenas perguntas pontuais, sempre inteligentes.

— Quantos projetos estão ativos hoje no núcleo de bioengenharia? - Ele perguntou.

— Quatorze. A maior parte em fase de testes internos. - Respondeu enfática.

— E a taxa de sucesso? - Perguntou curioso.

— Não posso dar detalhes, senhor, mas está acima da média internacional. - Ela respondeu profissionalmente.

Ele assentiu, sem insistir. A cada resposta, parecia armazenar informação em silêncio.

Depois de quase vinte minutos de tour, chegaram a um corredor mais silencioso, onde o vidro foi substituído por paredes de madeira clara.

— Aqui fica a ala de desenvolvimento aplicado. - A assistente parou diante de uma porta semiaberta: — Será o seu espaço de trabalho.

Ela empurrou a porta e deu passagem.

O ambiente era amplo, com mesas bem iluminadas por luminárias suspensas e equipamentos de laboratório organizados em bancadas. No canto direito, uma mesa já preparada, com computador ligado e um crachá deixado cuidadosamente sobre o teclado.

Zake se aproximou, pegou o crachá, leu seu nome gravado em letras prateadas e soltou um meio sorriso.

— Então é aqui que vou escrever a minha história.

— O senhor será assistente júnior de um dos nossos mais renomados biogêneses, o doutor Adrian Castelier. - A assistente manteve o tom impessoal: — Ele não está no prédio agora, mas pediu que já iniciasse sua organização e se familiarizasse com o espaço.

O nome não o surpreendeu, mas despertou nele uma pontada de cálculo frio.

Adrian, o irmão de Isabelle, era conhecido não apenas pelo talento, mas também pela generosidade no trato com os colegas.

Era a chave perfeita para o próximo passo.

— Trabalhar ao lado dele será uma honra. - Disse Zake, escondendo o verdadeiro pensamento por trás do olhar sereno.

Ele se sentou na cadeira, ajustou o monitor, abriu a pasta de arquivos que havia trazido e respirou fundo.

O projeto inacabado que carregava há meses piscava diante dele na tela. Não era apenas um trabalho.

Era o veículo da sua permanência ali, a peça que o manteria indispensável.

Enquanto a assistente se despedia, acrescentou:

— Qualquer dúvida, basta me chamar pelo ramal. Me chamo Jane. Bem-vindo à Castelier.

— Obrigado. - Respondeu ele, sem desviar os olhos do computador.

Assim que ficou sozinho, apoiou os cotovelos sobre a mesa, as mãos entrelaçadas diante do queixo. Seus pensamentos ganharam forma nítida.

Ele já tinha o apoio de Cleia. Conquistaria a confiança de Adrian. E Isabelle...

Seus lábios se curvaram em um sorriso quase imperceptível.

— Você vai pagar por cada palavra de arrogância, Castelier. - Murmurou baixo, como se testasse o peso da promessa.

Logo, o som de passos firmes ecoou no corredor. Uma batida rápida na porta.

— Senhor Halbrecht? - uma voz masculina soou do outro lado.

Ele minimizou o projeto na tela, recompôs o semblante profissional e respondeu com firmeza:

— Pode entrar.

Adrian entrou na sala.

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Comments

Alaise Santos Silva

Alaise Santos Silva

Ele pode até obter alguma vingança mais vai se render por amor. 🤔

2025-10-16

0

Fatima Gonçalves

Fatima Gonçalves

ELE VEIO PARA SE VINGAR

2025-09-24

0

Andreia

Andreia

Que safado 🤬

2025-10-03

0

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