Capítulo 5 – Fora do Refúgio

O ar da manhã estava pesado, carregado de fumaça e cheiro de destruição. O grupo saiu cuidadosamente do abrigo, mantendo-se próximo às paredes dos prédios destruídos, rifles e facões prontos.

— Lembra quando achávamos que o pior já tinha passado? — murmurou Diego, olhando para Rafael, tentando quebrar a tensão.

— Lembra? — Rafael respondeu, sem olhar para ele. — Eu só lembro que cada passo fora do abrigo é risco de morrer.

— Que jeito romântico de começar o dia — disse Diego, dando um leve empurrão no namorado.

— Só estou dizendo a verdade — retrucou Rafael, apertando o rifle.

Lívia rolou os olhos e começou a verificar prédios próximos. — Vamos logo. Temos que achar comida, água e talvez… munição. Não podemos ficar esperando o apocalipse bater à porta.

— Concordo — disse Maya, ajustando a mochila nas costas. — Mas sem correr riscos desnecessários. Temos que ser eficientes.

No primeiro prédio, quebraram a porta com cuidado. Tudo parecia abandonado, mas cada sombra e cada estalo de madeira lembrava que zumbis podiam aparecer a qualquer momento.

— Nada por aqui — murmurou Lívia, examinando uma prateleira empoeirada. — Só poeira e lembranças de uma vida que não existe mais.

De repente, um gemido baixo cortou o silêncio. Diego se virou rapidamente, apontando a pistola. — Olha lá!

Do outro lado do corredor, um zumbi evoluído cambaleava, olhos leitosos brilhando sob a luz do sol que entrava pelas janelas quebradas.

— Vou de faca — disse Lívia, correndo na frente.

— Eu cuido do flanco! — gritou Rafael, correndo atrás do namorado. — Diego, se protege!

— Estou tentando! — Diego disparou duas vezes, mas a arma travou. Ele empurrou a criatura com a coronha do rifle, recuando.

Rafael avançou, derrubando o zumbi com um tiro certeiro. Quando voltou para Diego, viu o garoto ofegante, mas sorrindo nervoso.

— Viu? Sobrevivi. — Diego limpou o suor da testa. — Obrigado por me salvar de novo, amor.

— Eu já disse: sempre. — Rafael respondeu, segurando sua mão por um instante antes de seguir em frente.

Maya empurrou um pedaço de metal contra outro zumbi que avançava por trás. — Rápido, precisamos limpar o caminho.

— Fácil falar! — Lívia gritou, desviando de outro ataque. — Pelo menos vocês dois não estão tropeçando nos próprios pés.

Diego piscou para Rafael: — Ei, só fiquei um pouco… distraído. Você sabe… preocupação, adrenalina, beijos mentais…

— Beijos mentais? — Rafael arqueou uma sobrancelha, mas não pôde deixar de rir. — Foca, garoto.

O grupo conseguiu avançar para a sala de armazenamento. Estantes tombadas revelavam pacotes de comida enlatada, garrafas de água e alguns medicamentos.

— Conseguimos! — exclamou Diego, pegando alguns enlatados. — Sobrevivência nível máximo!

— Por enquanto — corrigiu Maya, analisando os corredores à frente. — Mas isso vai chamar atenção se não nos movermos rápido.

— Certo, vamos carregar e voltar — disse Rafael, sempre prático. — Lívia, você na retaguarda. Diego, comigo na frente.

Enquanto carregavam os suprimentos, a tensão aumentava. Cada passo era calculado, cada ruído era alerta. Mas, mesmo no caos, o toque rápido de Rafael na mão de Diego, o olhar cúmplice entre eles, mostrava que o amor podia ser uma arma silenciosa contra o medo.

— Você sempre segura minha mão — comentou Diego, baixinho, enquanto subiam as escadas para sair do prédio.

— é o que eu tenho que fazer — respondeu Rafael, sem deixar o semblante sério relaxar.

— Ok, casal fofo no meio do apocalipse de novo — Lívia resmungou, rindo apesar do perigo.

— Foco, Lívia — respondeu Maya, olhando para o corredor vazio. — Não estamos aqui para fazer piadas.

Quando finalmente saíram do prédio, a rua parecia ainda mais silenciosa do que antes. Mas no horizonte, sombras se moviam — uma horda se aproximando, alertada pelo barulho do saque.

— Merda… — Diego murmurou, segurando firme a mão de Rafael. — Parece que não vamos ter tempo para descanso.

— Então façamos rápido — disse Rafael, ajustando o rifle. — E juntos.

O grupo se preparou para a fuga. Não havia volta. Cada passo era uma aposta de vida ou morte. Mas pelo menos, enquanto estivessem juntos, tinham uma chance — mesmo pequena — de sobreviver à Nova Era dos Zumbis.

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