O Sonho
Naquela noite, o silêncio da casa parecia mais denso do que o habitual. O vento fazia as janelas rangerem, e a madeira antiga da mansão estalava como ossos se movendo no escuro.
Amélia demorou a adormecer. Cada vez que fechava os olhos, sentia como se algo a observasse da escuridão do quarto. Tentou se convencer de que era apenas cansaço da viagem, mas o peso daquela sensação não passava.
Quando o sono finalmente chegou, ele não trouxe descanso.
Amélia se viu de pé diante do lago. A água refletia a lua, enorme e prateada, mas não havia som algum. Nem vento, nem insetos, nada. Apenas ela e o espelho negro.
Um arrepio percorreu seu corpo quando ouviu passos atrás de si. Virou-se, e lá estava ele: Lion. Mas não como havia aparecido na casa. Seu corpo parecia maior, a pele mais pálida, e os olhos brilhavam com intensidade inumana.
Ele se aproximou devagar, como um predador que tem certeza de sua presa.
— Eu disse que você sentiria… — sussurrou, a voz reverberando no silêncio do sonho. — O lago te chama. Eu te chamo.
Amélia tentou responder, mas a voz lhe faltou. Sentia o coração acelerar, o corpo esquentar de um jeito estranho, desconfortável e excitante ao mesmo tempo.
Lion parou a poucos centímetros dela. Sua mão se ergueu e roçou de leve sua bochecha, mas o toque parecia atravessar a pele, indo até a alma.
— Você é diferente. Sua energia… é única.
A respiração dela ficou irregular. O mundo ao redor desapareceu; só havia ele, o calor de sua presença, e o desejo inexplicável que latejava em seu corpo.
De repente, ele inclinou o rosto, tão próximo que seus lábios quase roçaram os dela. Amélia fechou os olhos, o coração disparado. O frio do lago e o calor dele a envolviam em contraste enlouquecedor.
Mas, antes que o beijo acontecesse, ela sentiu algo gelado agarrar seus tornozelos.
Abriu os olhos e olhou para baixo. Mãos pálidas, inúmeras, emergiam da água, puxando-a. Braços esqueléticos, dedos finos e compridos a arrastavam para dentro do lago.
Ela gritou, mas sua voz foi engolida pelo silêncio. Lion apenas a observava, imóvel, como se fosse parte do ritual. Seus olhos ardiam como brasas, e seu sorriso se ampliava à medida que ela era tragada para dentro da água negra.
Amélia acordou ofegante, coberta de suor. O quarto estava escuro, exceto pela lua que atravessava a janela. Ela levou as mãos ao rosto, sentindo o coração ainda descompassado.
Era só um sonho.
Ou pelo menos, deveria ser.
Mas, ao virar-se na cama, notou algo que fez seu sangue gelar: a marca de uma mão, levemente avermelhada, ainda impressa em sua coxa.
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Atualizado até capítulo 66
Comments
MRL-Lima
me pergunto o que tá acontecendo kkkk
2025-09-18
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