Capítulo 4 – A Primeira Aparência Pública

Isabella acordou antes do amanhecer, com o coração ainda batendo acelerado da noite anterior. O quarto luxuoso da mansão parecia maior sob a luz suave que entrava pelas cortinas pesadas. Cada detalhe chamava a atenção: tapetes finos, móveis de madeira escura, paredes decoradas com quadros que pareciam contar histórias de poder e riqueza. Ela respirou fundo, tentando se convencer de que tudo aquilo era apenas uma fachada, como Leonardo dissera.

A porta se abriu silenciosamente, e a estilista entrou com um sorriso profissional, trazendo uma série de vestidos elegantes.

— Boa manhã, senhora Vilela — disse, curvando-se levemente. — Hoje é um dia importante. Preciso que esteja perfeita para o jantar.

Isabella engoliu em seco.

— Perfeita para o jantar… com Leonardo.

A estilista sorriu, indiferente ao tom de ansiedade dela.

— Exatamente. Vamos começar.

Enquanto experimentava cada vestido, Isabella sentia-se desconfortável. Nunca tivera roupas tão caras nem tão chamativas. Um vestido azul-marinho longo parecia abraçá-la de forma estranha, elegante demais para alguém como ela. Mas, ao olhar no espelho, não pôde deixar de notar que parecia impressionante, mesmo que não quisesse admitir.

— A maquiagem será suave — explicou a estilista — apenas para realçar seus traços.

Isabella assentiu, sem muitas palavras. Ela ainda estava imersa em pensamentos sobre o contrato, o casamento e a sensação estranha de ser observada constantemente por Leonardo.

Quando finalmente desceu para a entrada, encontrou Leonardo já pronto, impecável em seu terno preto, gravata perfeitamente ajustada, expressão séria. Ele a olhou de cima a baixo, avaliando cada detalhe.

— Está pronta? — perguntou, com a voz baixa, quase desafiadora.

— Sim. — Isabella respirou fundo, tentando soar firme.

O carro os esperava. No caminho até o local do jantar, a cidade parecia acordar lentamente, mas para Isabella, o mundo parecia ainda mais estranho. Ela se sentia observada, julgada, e cada vez que olhava para Leonardo, sentia uma mistura de medo e fascínio.

Ao chegar ao prédio da empresa, foram recebidos por uma equipe de seguranças e assistentes. Isabella sentiu os olhares se voltarem para ela. O frio na barriga aumentou. Ela não estava acostumada a ser o centro das atenções, e muito menos ao lado de alguém como Leonardo, um homem reconhecido no mundo dos negócios por sua frieza e poder.

— Apenas sorria e mantenha a postura — disse Leonardo em um sussurro, enquanto caminhavam pelo corredor iluminado. — Nada mais.

Isabella assentiu, mas mal podia controlar os próprios pensamentos. Cada passo ecoava na mente dela: Não sou ninguém aqui. Ele é o CEO. Todos vão me julgar.

Quando entraram no salão, todos os olhares se voltaram para eles. O silêncio inicial foi cortado por murmúrios discretos. Isabella sentiu o calor subir ao rosto. Era como se estivesse no centro de um palco, sem ensaio, sem script.

Helena, a ex-noiva de Leonardo, estava presente, elegante e sorridente, cercada de convidados. Assim que os olhos dela cruzaram com os de Isabella, um leve sorriso de escárnio apareceu em seus lábios.

— Ah, então essa é a nova esposa… — murmurou Helena, audível apenas para si mesma, mas suficiente para que Isabella sentisse o peso da hostilidade.

Isabella respirou fundo, tentando manter a compostura. Cada passo que dava era medido, cada sorriso, calculado. Ela não podia errar. Não podia mostrar medo. E, acima de tudo, não podia chorar diante daquele público que não conhecia sua história.

— Boa noite a todos. — Leonardo começou a falar, e sua voz firme ecoou pelo salão. — Hoje é um jantar importante para discutirmos novos investimentos. Mas também gostaria de apresentar alguém que se tornou parte importante da minha vida… Isabella Monteiro, minha esposa.

Um murmúrio percorreu a sala. Isabella sentiu os olhos de todos sobre ela. Alguns admirados, outros curiosos, e alguns claramente céticos. Ela inclinou a cabeça, tentando sorrir de forma elegante, enquanto uma onda de ansiedade percorria seu corpo.

Durante o jantar, Leonardo a guiava, apresentava aos convidados, mas sempre de forma contida. Isabella percebeu que, apesar de suas instruções rígidas, ele a protegia de forma sutil. Qualquer comentário malicioso ou olhar estranho era rapidamente bloqueado por ele, com um simples gesto ou expressão que impunha respeito imediato.

Ainda assim, Helena não desistia. Aproximou-se dela com um sorriso falso:

— Bem-vinda… imagino que deve ser difícil se acostumar com este mundo, não é?

Isabella respirou fundo. Precisava manter a postura.

— Estou aprendendo. — respondeu com firmeza, mantendo o olhar firme.

Leonardo observou a interação, e Isabella sentiu a tensão crescer. Havia algo no olhar dele que a fazia entender que qualquer passo em falso poderia causar um desastre.

O jantar avançava, e Isabella começou a perceber que não era apenas a hostilidade de Helena que precisava enfrentar. Cada movimento seu era observado, cada palavra pesada de significado implícito. E, no meio de toda aquela tensão, sentiu algo novo: a sensação de ser importante, protegida, e mesmo que não quisesse admitir, uma faísca de orgulho.

Ao final da noite, enquanto eram fotografados, Leonardo aproximou-se dela, sussurrando apenas para ela ouvir:

— Você se saiu bem. Mas lembre-se, isso é apenas o começo. Este mundo é cruel para quem não conhece as regras.

Isabella assentiu, o coração ainda acelerado. Ela sabia que cada passo a partir dali seria um desafio. Mas também percebeu algo: por mais difícil que fosse, ela começava a sentir que poderia, talvez, sobreviver. E não apenas sobreviver… mas aprender a jogar com as regras do próprio destino.

Ao entrarem no carro novamente, ela respirou fundo e encarou a cidade brilhante lá fora. A noite havia sido exaustiva, mas a sensação de estar viva, de ter enfrentado o mundo, mesmo que por fachada, dava-lhe forças.

Mas enquanto olhava para Leonardo, ainda tão sério, tão frio, não pôde evitar um pensamento inquietante:

"E se, no meio desse contrato frio e planejado, algo inesperado começasse a nascer entre nós?"

"Porque aquela primeira aparição pública não apenas revelou quem eu era diante do mundo… mas também deixou claro que não seria fácil esconder o que estava começando a nascer entre nós."

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