A manhã seguinte à decisão foi eletrizante. O café da manhã, normalmente um evento silencioso e apressado, foi tomado por uma energia contida. Bruno e Letícia perceberam imediatamente a mudança no ar.
— Pai, você está estranho. Parece que tomou dez xícaras de café — observou Bruno, passando manteiga em seu pão.
— É o cheiro de desespero ou de esperança, filho? — respondeu Elias, com um sorriso que não via há tempos.
Camila serviu o suco de laranja, seus olhos encontrando os de Elias. A decisão estava tomada, mas o plano precisava sair do campo das ideias. — Nós temos um capital inicial muito, muito pequeno — ela disse, falando mais para si mesma do que para os outros. — O décimo terceiro do Elias, que ia ser para reformar o banheiro. E as economias do fundo de emergência. É arriscado usar isso, mas é tudo que temos.
— Do que vocês estão falando? — perguntou Letícia, curiosa.
Elias respirou fundo. — Filhos, seu pai vai pedir demissão.
O silêncio que se instalou foi absoluto. Bruno quase derrubou o copo de leite. — O quê? Pai, você tá bem? Isso é muita responsabilidade!
— Espera, deixa ele explicar, Bruno — interveio Camila, colocando uma mão calmante sobre o braço do filho.
Elias explicou o plano novamente, com mais detalhes desta vez. A ideia da pronta entrega, o foco em condomínios e pequenos comércios da região, a gestão da Camila. — Sua mãe é a mente financeira por trás de tudo. Eu serei as pernas e o carro.
Letícia abriu um grande sorriso. — Acho incrível! Coragem, pai! É isso mesmo, tem que se arriscar. A gente da faculdade vê tanto caso de empreendedorismo que começa assim, na garagem de casa!
Bruno, mais cauteloso, franziu a testa. — E a renda? Como fica no começo? Vocês calcularam os custos fixos? Combustível, manutenção do carro, embalagens?
Camila sorriu, orgulhosa do filho. — Já estamos calculando, filho. É por isso que sua mãe passa horas lendo sobre educação financeira. Vamos aplicar tudo: budget rigoroso, separar o pessoal do empresarial desde o primeiro centavo, reinvestir todo lucro inicial. E eu vou continuar com meus bicos de bordado online para ter uma renda mínima garantida nos primeiros meses.
A conversa se estendeu, os filhos, estudantes de administração, dando ideias, apontando riscos, se envolvendo. Era a família unida, como sempre.
Naquela tarde, Elias enviou a carta de demissão. O chefe tentou dissuadi-lo, ofereceu um pequeno aumento, mas a determinação de Elias era de ferro. Ele trabalharia pelo aviso prévio, mas seu coração e mente já estavam longe dali.
O primeiro passo foi a garagem. Elias e Camila passaram o fim de semana organizando. Doaram coisas velhas, limparam cada centímetro, instalaram prateleiras resistentes de metal. O Honda City ficou de fora, agora um soldado pronto para a batalha.
Segunda-feira, com o aviso prévio em curso, Elias foi ao atacadista. Com a maior parte do capital inicial, comprou baldes, panos de microfibra, desinfetantes, detergentes, amaciantes de marcas conhecidas e também de genéricos de boa qualidade. A garagem, outrora um depósito, transformou-se em um pequeno centro de distribuição, cheirando a limpeza e novo começo.
— Precisamos de um nome — disse Camila, olhando para as pilhas organizadas de produtos. — Algo que passe confiança e rapidez.
— "Limpeza Express do Elias"? — sugeriu ele.
Ela fez uma careta. — Muito pessoal. Tem que soar como uma empresa, mesmo que pequena.
Foi Bruno quem deu a ideia mais tarde. — "Casa & Limpeza Express". É claro, abrange o ambiente e o serviço. E o domínio na internet provavelmente está disponível.
Era perfeito. Naquela noite, Camila, com sua habilidade auto-didata, criou uma logo simples mas profissional no computador e criou páginas nas redes sociais. "Casa & Limpeza Express - Entregamos qualidade e rapidez na sua porta!"
O primeiro dia oficial foi um misto de terror e euforia. Elias, de jeans e camisa polo com a logo improvisada que Camila mandou imprimir, carregou o porta-malas do sedã com uma seleção diversificada. Sua primeira parada foi o condomínio onde morava o antigo chefe. Com um frio na barriga, entregou um panfleto para o porteiro. — Boa tarde, amigo. É para o condomínio. Entregas rápidas, preço de atacado para vocês.
O porteiro olhou com desdém. — Já temos fornecedor.
Elias não desanimou. — Deixe aí, qualquer coisa, é só chamar. Temos pronta entrega.
Ele rodou o dia inteiro. Lojas, escritórios, outros condomínios. A maioria ignorava, alguns aceitavam o panfleto com relutância. Ao final do dia, o porta-malas estava tão cheio quanto de manhã. Nenhuma venda.
Voltou para casa desanimado. O cheiro do jantar não o alegrou como de costume.
Camila viu sua expressão e não fez perguntas. — Vem comer, amor. O primeiro dia é sempre o mais difícil.
Eles estavam terminando de jantar quando o celular de Camila tocou. Um som de mensagem. Ela olhou e seus olhos arregalaram. — Elias! É um pedido! Uma moça do Facebook. Ela viu a página, precisa de dois baldes de amaciante e cinco rolos de papel toalha para amanhã de manhã! Ela mora naquele condomínio novo perto do shopping!
A alegria que tomou conta deles foi infantil. Pularam, comemoraram, riram. Era uma única venda, pequena, mas era a prova de que poderia funcionar.
Naquela noite, na cama, a atmosfera era diferente. O medo ainda estava lá, mas agora mesclado com a doce vitória da primeira conquista. Elias puxou Camila para perto.
— Hoje foi difícil, Cami. Muito difícil. — sua voz estava rouca.
Ela acariciou seu rosto. — Eu sei, meu guerreiro. Mas você conseguiu. Conseguimos.
— Preciso de você — ele sussurrou, sua mão deslizando por baixo de sua camiseta, encontrando a pele macia de sua cintura. — Preciso me reconectar com a minha base, com a minha força.
Camila se moveu sobre ele, seus cabelos crespos formando uma cortina íntima em volta de seus rostos. — Então se reconecte, Elias. Tome a sua força.
O beijo foi voraz, cheio de uma necessidade que ia além do físico. Era a necessidade de afirmar a vida, de celebrar um pequeno sucesso, de encontrar conforto um no outro. As roupas voaram para longe. Elias beijou seu pescoço, seus seios, sua barriga, com uma devoção que fazia Camila gemer baixo. Suas mãos agarravam suas nádegas generosas, puxando-a contra ele.
— Você é tudo para mim — ele arfou, entrando nela em um movimento fluido e profundo que fez ambos suspirarem de prazer.
O ritmo foi lento no início, depois acelerou, tornou-se mais urgente, uma dança perfeita de corpos que se conheciam intimamente. Camila cavalgou-o com uma força que surpreendia, seus músculos das pernas definidos trabalhando, seus seios balançando ritmicamente. Elias a observava, fascinado pela beleza e força de sua mulher, a parceira em todos os sentidos da palavra.
A tensão do dia, a ansiedade, a pequena vitória, tudo se transformou em pura energia sensual que explodiu em um clímax intenso e simultâneo, abafado por beijos profundos para não acordar a casa. Eles ficaram deitados, entrelaçados, suados e ofegantes.
— Amanhã vai ser melhor — sussurrou Camila, dormindo quase instantaneamente em seu peito.
Elias a abraçou, olhando para o teto escuro. O primeiro capítulo de sua nova vida estava escrito. E ele mal podia esperar para escrever o próximo.
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Atualizado até capítulo 30
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