capítulo 05

A porta do escritório se abriu lentamente, e lá estava Violet Moretti. O salto alto ecoou pelo chão de mármore, um som calculado, marcando cada passo como se estivesse desfilando na passarela da própria vitória.

A calça de alfaiataria abraçava suas pernas longas, a camisa de seda branca deixava à mostra o suficiente para provocar, mas não para se perder o respeito da sala. O perfume caro — aquele mesmo que Dante já reconhecia a quilômetros — espalhou-se no ar, invadindo seu espaço antes mesmo que ela falasse.

O olhar âmbar dela pousou sobre ele, intenso, como se atravessasse até os ossos. Cabelos negros caíam como uma cortina impecável, moldando o rosto de pele clara e traços quase angelicais… se não fosse o sorriso de quem carrega segredos perigosos.

Dante não se mexeu, apenas observou, encostado na mesa, o corpo relaxado, mas os olhos duros. Violet era uma pedra que ele não conseguia se livrar. Não importava o quanto ele tentasse cortar o contato, ela sempre encontrava um caminho de volta.

Filha mais nova da família Moretti, carregava o peso e a glória de ser descendente direto de Francesco Moretti — capo de uma das máfias mais respeitadas da Europa. Dante já havia se sentado com Francesco algumas vezes, jantares formais, reuniões carregadas de promessas. O velho era astuto, poderoso… mas nunca o suficiente para seduzir Dante a uma parceria definitiva.

A última cartada do patriarca havia sido a mais ousada: oferecer Violet em casamento.

O que Francesco não sabia — ou talvez soubesse — era que essa “proposta” não era dele… era dela. Sempre fora.

Desde o início, Violet o queria. Não por amor, mas por posse. Uma obsessão que Dante, no começo, achava divertida. Agora… estava chegando perigosamente perto do limite.

Ela fechou a porta atrás de si, apoiou-se levemente na moldura e disse com aquela voz macia que escondia lâminas:

— Espero que ainda se lembre de mim, Dante.

O sorriso dele foi lento, carregado de ironia.

— Infelizmente, Violet… eu nunca consigo esquecer problemas,com alguns passos ela já estava na frente dele sentando na cadeira.

Ela cruzou as pernas, apoiando o corpo para frente sobre a cadeira, o perfume ainda mais forte, e disse num tom carregado de falsa doçura:

— Eu fiquei muito chateada, Dante, com as últimas notícias… seu noivado com aquela russa. Não esperava por isso, querido. Eu… achei que estava na frente.

Dante a olhou, a paciência no fio, a expressão de quem estava a segundos de perder o controle.

— Só nessa sua cabeça, né? — respondeu, seco.

Ela manteve o sorriso, mas os olhos brilhavam de irritação.

— É uma pena que ela tenha fugido antes de receber o anel… Se você quiser, eu posso substituir essa situação. E te garanto… eu não vou fugir.

Dante gargalhou. Não foi uma risada comum, mas uma gargalhada cruel, fria, de quem saboreia a própria repulsa. Violet estreitou os olhos, mas ele continuou:

— Cansei, sua maluca. Vou te dizer uma única vez… escuta bem: nunca. Escutou? Nunca que eu vou me casar com você. Irina é tudo que você não é.

O rosto dela começou a perder cor, depois ficou vermelho, como se cada palavra fosse um soco.

Dante se inclinou para frente, o olhar afiado como uma lâmina.

— Pensa comigo… por que eu me casaria com uma mulher manipuladora, que não sabe ouvir um “não”, que não tem lealdade nem à própria máfia? Você nunca vai chegar perto de substituir ela.

Violet estava respirando pesado, os dedos cravados no braço da cadeira.

— Você não pode falar assim comigo… eu te amo! — ela soltou, quase gritando.

Dante bateu a palma da mão na mesa com força, o som ecoando pelo escritório.

— Porra, mulher! Você não vê que isso já tá feio? Eu ainda tenho sido educado com você. Mas não chega perto de mim… e nem da minha noiva. Tá escutando?

Ela se levantou bruscamente, o salto batendo no piso como estocadas.

— Você vai rastejar pelo meu perdão, Dante! Vai beijar os meus pés! — gritou, apontando o dedo para ele.

Os seguranças já estavam entrando quando ela passou por eles batendo a porta com força, deixando o eco e o cheiro de perfume caro no ar. Do corredor, ainda se ouviu a voz dela:

— Não encostem em mim!

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Comments

Júlia Caires

Júlia Caires

eita que já prevejo vários embates entre Irina e Violet

2025-09-01

1

Fatima Gonçalves

Fatima Gonçalves

TAMBÉM JÁ VEJO ISSO SIM

2025-09-02

0

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