O ATENTADO

HEIDI

Cinco horas para ir a Munique e cinco para voltar, estou exausta, ainda mais pela tensão que foi dirigir na volta, com a cabeça a mil, olho pelo espelho e a Farah já dormiu, coitada, prometi a ela uma viagem de emoção e foi no mínimo desgastante.

A emoção só foi por conta do encontro, ver aquele homem vivo na minha frente. Como isso é possível? Eu o vi levar o tiro.

Lembro de tudo daquele dia, como estávamos felizes, apesar dos cuidados que tivemos. Eu descobri que estava grávida, fiquei com medo da reação dele, mas não precisava me preocupar, ele ficou radiante, feliz que íamos ter um bebê e feliz, pois a sua família, diante da gravidez não poderia se opor ao nosso relacionamento.

Heidi_ E, porquê eles se oporiam?

Khalid _ Nós precisamos conversar, aquela conversa que você não quis ter. Agora chegou o momento, você saberá quem eu sou de verdade.

Heidi_ Agora me deixou curiosa, é algum príncipe ou algo assim?

Khalid_ Estamos no hospital, vamos para o nosso apartamento e conversamos.

Heidi_ Seu apartamento, eu não moro lá.

Khalid _ Passa mais tempo lá, do que no Campus. Por mim, você já moraria lá, mas não quero as pessoas falando mal de você.

Heidi_ Eu não me importo com comentários.

Khalid _ Mas os nossos três meses estão acabando e você ainda precisa terminar o curso, mas agora com um bebê a caminho, tudo mudou. A minha família vai aceitar.

Heidi_ Eu não sei nada da sua família, a não ser o nome da sua mãe, que sei que morreu e você sente a falta dela.

Khalid_ Mas hoje irá saber tudo habibi.

Ela pega a minha mão e beija enquanto dirige. Depois duas motos se aproximam do carro e o inferno se abate sobre nós dois. Tudo que me lembro é fechar os olhos e rezar para sairmos vivos dali, ouço os sons dos tiros e o seu corpo cobrindo o meu me protegendo das balas.

Acordei sendo tirada do carro para a ambulância, vi o ferimento de bala e o sangue na sua cabeça. Escutei gritos de dor e depois uma picada no meu braço.

Quando acordei novamente, ele não estava ao meu lado, vi a Wendy sentada na cadeira ao lado da minha cama.

Heidi_ Khalid!

Wendy_ Que bom que acordou!

Heidi_ Onde está o Khalid, ele se feriu gravemente, preciso encontrá-lo.

Wendy _ Não faça esforço, você também se feriu gravemente, fizeram uma cirurgia para tirar a bala em você, quase perdemos você.

Heidi_ Oh Meu Deus! O bebê?

Wendy _ Que bebê? Você dormiu por uma semana, acho que está delirando. Vou chamar o médico.

Ela sai e eu olho dos lados se o Khalid estivesse bem, ele estaria aqui comigo, ou ele está em coma, ou morreu, o desespero volta a bater fundo, eu preciso achá-lo, tento me levantar mais sem sucesso, parece que tem um peso no meu peito.

A Wendy entra acompanhada do médico e de uma enfermeira.

Heidi _ O Khalid morreu não foi?

A Wendy balança a cabeça que sim, o médico abaixa a cabeça. Eu choro em desespero.

Wendy _ Calma amiga, isso vai passar, mas me conta essa novidade, eu falei com o médico que você estava delirando, falando de um bebê e ele me disse que está grávida mesmo.

Heidi _ O que vou fazer sem ele?

Wendy _ Criar o fruto do amor de vocês. Vamos, sei que se ele estivesse aqui, com certeza, estaria falando a mesma coisa, você precisa se cuidar, para o filho de vocês nascer forte e saudável.

Heidi _ Ele estava vivo na ambulância, eu ouvi os gritos de dor.

Enfermeira _ Quem gritava era você. Mas ele chegou aqui com vida e fizeram uma cirurgia de crânio, mas ele não voltou. O pai dele veio buscar o corpo e o levaram embora para o seu país.

Médico _ Agora deixe-me examiná-la, achei que perderíamos você também.

De uma certa forma, uma parte de mim, morreu aquele dia. No dia que tive alta no hospital, perguntei ao médico se contou ao pai do Khalid que eu estava grávida e ele respondeu que sim, contou a esposa dele, e ela disse que ia providenciar o que eu precisasse.

Claro que nunca providenciou nada, mas como tudo o que eu queria era o meu Khalid de volta e isso não poderia ter. Não me importei com o resto. Terminei o meu curso e tive a minha filha.

Voltei para casa e abri o meu ateliê e fiz a maior besteira de todas, casei com aquele maluco.

Depois da surra que ele me deu, foi preso, mas antes mesmo que o meu braço sarasse já estava na rua. Sinceramente eu não entendo essa lei, mandei trocar as fechaduras de casa, mas não adiantou muito, apesar da ordem de restrição, fui atacada novamente, dessa vez na fábrica. Se o Austin não chega para me ajudar, provavelmente teria me matado.

Chego finalmente em casa, pego a minha filha no colo e entro em casa, tranco tudo, ligo o alarme e a levo para a cama, mas ela acorda.

Farah_ Mamãe, estou com fome, não tive nem tempo de comer o bolo do casamento.

Heidi_ Verdade habibi.

Droga, agora preciso me policiar para não chamá-la mais assim. Era uma forma de manter ele conosco, a tratar do modo que ele me tratava. Mas nunca significou amor.

Farah_ Mamãe?

Heidi _ Estava aqui pensando no quê podemos fazer para comer agora.

Farah _ Babaganoush, agora ele não está mais aqui podemos comer isso.

Eu me acostumei a tomar o tradicional café da manhã árabe quando estava com ele, e a minha filha adora, nem sempre podíamos comer, por causa do ciúme do Henrich, mas eu tenho na geladeira agora que ele se foi.

Pego a pasta de berinjela, a coalhada, pepino, tomates e o pão sírio.

Heidi _ Só não podemos tomar o café, mocinha, precisamos dormir.

Farah_ Você nunca me deixa tomar. Vou pegar o suco de laranja.

Eu corto os tomates, pepinos, e penso em quantas tradições árabes aprendi para passar a ela, para venerar a memória de alguém que não morreu.

Comemos e ela me pergunta

Farah_ Quem era o homem bonito que você bateu mamãe?

Heidi _ Alguém que mentiu para mim e você sabe que odeio mentiras. Terminou? Precisamos dormir.

Farah_ Você também mentiu para mim, disse que iríamos ficar em Munique e passear por lá.

Heidi _ Não foi uma mentira, a minha intenção era essa, mas fiquei nervosa e só queria vir para casa. Você me perdoa? Amanhã poderemos fazer um passeio, por aqui mesmo.

Farah_ Você prometeu me levar no Englischer Garten.

Heidi_ Você tem razão! Vamos fazer assim, já que não dormimos lá podemos pegar o trem amanhã bem cedo e passear por lá, não vou deixar ninguém estragar os nossos planos. Quem manda na nossa vida, somos nós!

Farah_ Você manda na minha, eu sou criança.

Heidi _ Ainda bem que sabe disso! Vá já para cima, coloque o pijama e escove os dentes, vou arrumar aqui e já vou te dar o beijo de boa noite.

Ela está tão linda e esperta, aquele babaca, não sabe o que perdeu.

(Foto tirada da Internet)

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Comments

Solaní Rosa

Solaní Rosa

agora eu descobri quem é a Heidi ela teve participação na história Som do Amor
a menina parece uma boneca muito linda

2025-08-31

6

Diane Fariass

Diane Fariass

acho que esse atentado foi armação da família dele

2025-09-03

2

Rosiane Alves

Rosiane Alves

Agora veremos o desenrolar dessa mentira toda por parte dele.

2025-09-01

4

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