CASAMENTO E ALGEMAS

HEIDI

Olho para a estrada, optei vir de carro para o casamento, para viajar um pouco com a minha filha, até agora ela não conheceu muitos lugares.

Eu saia de casa apenas para trabalhar, me arrependo tanto desse casamento. Mas a pessoa em luto, faz qualquer coisa para sair do fundo do poço. E eu fiz a besteira de me casar com um homem que nunca amei, ele era o meu amigo de infância, adorava a minha filha, e um dia ela me perguntou onde estava o seu papai, pois os amiguinhos da escolinha, tinham papais e ela não, contei-lhe com o coração em pedaços, que o seu papai havia morrido, foi viver no céu.

Ela saiu correndo para olhar as nuvens e disse que não o viu. Os seus olhos cheios de lágrimas cortaram o meu coração e foi assim que o Henrich nos encontrou abraçadas chorando, ele usou da minha dor, da dor da minha filha para entrar nas nossas vidas.

Convenceu-me a aceitá-lo como marido e principalmente como pai da minha filha.

Entrou na nossa vida, cheio de charme e palavras bonitas, eu estava tão devastada com a morte do Khalid, tão sozinha, criando a minha filha e tentando erguer o meu ateliê, que sinceramente acreditei que ele poderia suprir as nossas necessidades afetivas.

Foi o pior que eu poderia fazer, ele sabia que eu não o amava e de repente começou a exigir esse amor, eu tentei de verdade, tentei esquecer o Khalid, para ser lembrada por ele a cada briga, eu fazia tudo para não discutirmos, não queria que a minha filha fosse criada nesse ambiente.

E no outro dia, ele estava sempre tão amoroso, que nem parecia o mesmo homem rancoroso da noite anterior.

A minha auto confiança e a minha auto estima, foram massacradas dia a dia, criava os meus modelos e não podia me vestir como eu queria.

Ele perdeu o emprego e disse que iria trabalhar comigo, mas tudo o que queria era me vigiar de perto. Na confecção só me permitia trabalhar com mulheres, para mim não importava, desde que fossem profissionais, não importava o sexo. Ele ficou com a administração, como eu gostava de criar, do desenho, de acompanhar a peça sair da minha cabeça para o papel e do papel para a peça, abri mão da administração, o que provou ser só mais um erro da minha parte.

Ele tolhia os meus movimentos na fábrica e tolhia até os meus pensamentos em casa, passei praticamente a viver para ele a minha filha e o meu trabalho.

Quando as brigas se tornaram insuportáveis, eu pedi que ele se fosse e me deixasse em paz, claro que fiz isso num bom dia, em que ele era a perfeição em pessoa.

Ele disse que iria procurar tratamento, que me amava demais, e que acima de tudo, amava a minha filha.

Ela chegou da escolinha com a babá quando estávamos conversando, se atirou nos braços dele, dizendo que estava com saudades. Os dois se amavam muito e eu não podia separá-los. Ele começou o tratamento, primeiro veio o diagnóstico com a psicóloga, dizendo que ele era bipolar.

Tentei lidar com essa realidade, ele ficava bem, eu me sentia triste, mas pelo bem dos dois, aceitava lidar com o diagnóstico.

De qualquer forma eu era uma pessoa triste desde a morte do Khalid, se pelo menos a minha filha fosse feliz, isso já me bastava.

Os anos foram passando, com ele sempre assoprando no meu ouvido como eu era inadequada como mulher, como mãe, como profissional, mas ele me aceitava, pois, ele me amava.

Eu comecei a entrar em depressão, não querer ir trabalhar, tinha dias, que não queria nem sair da cama, nada parecia valer o esforço, estava sempre ansiosa, neurótica, até o vento me incomodava. Ele parecia gostar de me ver assim, ele tinha prazer de cuidar de mim, para parecer prestativo, manipulador e eu não enxergava assim, acreditava que o problema fosse eu.

A psicóloga quis conversar comigo, e ele me levou, ela não deixou que ele ficasse na sala, e ela me abriu os olhos para as manipulações dele, me disse que ele era um psicopata, não violento, mas que eu precisava ficar de olhos abertos com a suas atitudes, que ele achava poder manipulá-la, também.

Então tentei segurar as rédeas da minha vida, nas minhas mãos. Foi uma árdua batalha, alguns dias conseguia, outros não.

Tivemos uma conversa e eu pedi que ele se afastasse por um tempo, pelo menos da fábrica. Ele aceitou, dois dias depois estava de volta. Ele mudava de opinião muito fácil, concordava comigo que o melhor para o nosso casamento é que trabalhasse sozinha, depois o seu ciúme doentio, achava que eu o estava traindo.

E voltava a me vigiar de perto. Entrei com o pedido de divórcio, eu não estava disposta a aguentar isso. Ele aceitou bem.

Uma semana depois eu acordo com ele tentando fazer sexo comigo.

Heidi_ O que está fazendo aqui Henrich? Estamos divorciados.

Henrich _ Eu pensei bastante e agora sei porque o nosso casamento não deu certo. Você precisa ter um filho meu!

Heidi_ O que nós precisamos é de distância um do outro, você precisa se tratar, a psicóloga me ligou, disse que não está comparecendo às sessões.

Henrich _ O meu tratamento é você!

Heidi_ Não, Henrich, eu sou a sua obsessão, precisa ficar longe de mim para achar o seu equilíbrio.

Henrich _ É por causa dele não é?

Heidi_ Ele está morto e enterrado. A doença é sua.

Henrich _ Eu sei que nunca me amou!

Heidi_ Sempre fui sincera com você.

Henrich _ Cada vez que estava aqui nessa cama com você, sentia que você estava pensando nele.

Heidi_ O seu problema é esse, querer controlar tudo, a cada segundo do dia quer saber onde está o meu pensamento.

Henrich _ Vamos fazer amor agora e você não vai fechar os olhos, quero que saiba exatamente quem está aqui.

Heidi_ Eu não quero, isso seria um estupro, vai descer assim tão baixo, Henrich?

Henrich _ Não é estupro se você é a minha mulher.

Heidi_ Quando a vontade da mulher não é respeitada, mesmo se for esposa, o que não é mais o nosso caso, o marido não pode obrigá-la, sim, é estupro.

Ele veio para cima de mim e eu me defendi como pude.

Henrich _ Se fosse o precioso Khalid aqui, você cederia.

Heidi _ Ele nunca desceria tão baixo.

O primeiro tapa aconteceu, eu lutei e consegui me levantar e correr. No topo da escada ele me agarrou pelos cabelos e quebrou o meu braço, só com a força das suas mãos. Eu gritei novamente. Ele me soltou, eu caí no chão e ele me chutou escada abaixo.

Eu tentei me arrastar até a porta, para pedir socorro, ele me segurou pelas pernas sorrindo.

Henrich _ Acha que vai escapar de mim? Hoje vou acabar com a sua raça.

Heidi _ Pensa na Farah, ela ficaria sem pai e nem mãe.

Henrich _ Eu não sou o pai dela esqueceu? Porque eu não esqueci nem por um segundo sequer!

Heidi_ Você me enganou, fez com que me casasse com você dizendo que a amava.

Henrich _ Nunca amei aquela menina, eu odeio a existência dela.

Com o braço bom eu dei um tapa na cara dele, que me devolveu com um soco, o celular dele recebeu uma notificação e ele segurou o meu braço e olhou.

Henrich _ Curioso, você está fazendo uma ligação.

Eu olho para ele incrédula, ele clonou o meu celular. Por isso sabia de todos os meus passos.

Henrich _ Aquela pirralha, está chamando socorro. Você ensinou isso a ela?

Eu nem conseguia responder a minha boca estava cheia de sangue. Ele se levantou e foi atrás dela. Cuspi o sangue com um dente.

Heidi _ Não toque nela, miserável.

Ele riu e eu tentei me levantar, quando ouvi a sua voz gritando por socorro, não sei de onde tirei forças, levantei-me peguei um taco de beisebol e com o braço bom bati nele quando o vi arrastar a minha filha pelo cabelo. Ele caiu e nós corremos para a porta já dando de cara com a polícia.

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Comments

Maria Oliveira Poranga

Maria Oliveira Poranga

Senhor q pavor q eu senti cm esse capítulo, saber q tantas mulheres passando por isso 😭😭

2025-08-30

7

Solaní Rosa

Solaní Rosa

Marli de Deus estou aqui em prantos que pavor esse anjo sentiu vendo ele agredindo a mãe e tentou fazer com ela também, pior que tem muitas que vivem isso

2025-08-31

4

Rosiane Alves

Rosiane Alves

A Heidi tem que dá um basta. Acusá-lo de tentativa de homicídio.
E deixar ele mofar na cadeia.
Esse vagabundo tem que pagar por cada agressão.

2025-09-01

4

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