Capítulo 5. Um livro não se julga pela capa, mais é a que primeiro se vê.

Penélope tem uma noite conturbada, entre seus sonhos, aparece sua mãe, a olhando com aquele rosto que raramente via com um sorriso, mais triste ainda do que se lembrava, Mendes, Marcelo, Isabele e até Derick que mal conheceu a julgando e em um momento, eles e todos na faculdade lhe apontando e rindo. Acorda suando, irritada, se levanta, pega o seu álbum com fotos antigas, poucas, começa a o folhear, não encontra nenhuma foto do pai, vê uma com a sua tia e o primo Enrico com os quais morou por mais de uma década, não tem boas lembranças desse tempo, sempre soube ser um fardo para eles e Enrico a humilhava demais, indo morar sozinha assim que completou maior idade. Mandou-lhes o convite de casamento, mais por obrigação e por ser os únicos parentes vivos. Agora com a desconfiança que nasce em seu coração da traição de Marcelo e o desejo de descobrir a verdadeira intenção da família Medeiros, talvez nem tenha casamento. Olha para as sacolas com tudo que comprou, a empolgação que sentia desapareceu. Se lembra que pediu a Marcelo para levar algumas de suas coisas para o apartamento, ele lhe deu a cópia da chave mais sempre arrumando uma desculpa para que ela não vá até lá. " Está semana estão reformando a cozinha… Estão pintando… Amanhã irão dedetizar…" E assim faltando poucos dias para o casamento Penélope mal conhece o lugar onde passará a morar.

A advogada em si, começa a trabalhar. " O apartamento, Marcelo deve estar levando Isabele para lá! Quem sabe se eu… -pensa- … poderei ter provas!"

Penélope se levanta bem cedo, vai até o shopping e compra uma mini câmera e tudo que precisa para conseguir o que quer. Marcelo disse que iria para empresa logo cedo. Aguarda do lado de fora, Marcelo sai, não tão cedo, ela não diz na portaria que é noiva dele, apenas que marcou de se encontrar com ele, o porteiro parece a reconhecer, dá um risinho cínico e a manda subir.

Ela abre a porta e entra, o lugar parece tão frio, não é como o dela, cheio de plantas e bibelôs, a sala ampla, enormes poltronas, tudo em cores pastéis, sem vida, vai à cozinha, não há sinal de reforma, nem de uso, tudo em seu lugar. Respira fundo e vai até o quarto, a cama gigantesca está desfeita, novamente tudo muito sem cor ou vida, olha para cima e um imenso espelho sobre a cama, não se sente bem, uma repulsa se apossa de seu corpo, o instinto a faz se aproximar da cama, pega o travesseiro e o cheira, o perfume doce… o joga longe, olha pelo quarto e banheiro a procura de algo que não sabe se quer encontrar.

"Penélope faça o que veio fazer!" — pensa e agi, procura o melhor lugar para instalar o que precisa, faz tudo com cuidado e vai embora.

Pensa em contar a amiga Eliana o que pretende, mais não o faz, a amiga já está passando por um momento difícil, se apaixonou por outro, o marido não quer a separação, tem os filhos…

Depois dos puxões de orelha de seu pai e conselhos do tio de dar mais atenção a noiva Marcelo decide tomar mais cuidado, liga para Isabele lhe pedindo para não o procurar por uns dias.

📱Isabele, até o casamento, vamos ter um pouco mais de cuidado.

📱Você sabe que eu gosto é do perigo, e a sua noivinha nem desconfia, então…

📱Ela pode não desconfiar, mais o meu pai e tio Mendes estão de olho em mim, o casamento tem que acontecer.

📱Me promete que não demora em me procurar, caso contrário eu te procuro com ou sem noiva…

Marcelo começa a se arrepender de ter dado confiança a Isabele, não quer que ela lhe cause problemas, agora que falta pouco para ter a empresa em suas mãos. Na hora marcada com o tio vai até o apartamento de Penélope a buscar.

Penélope volta ao seu apartamento, toma um banho demorado, observa o seu reflexo no espelho, não se reconhece." Onde está a garota forte, lutadora que jurou não mais se deixar ser humilhada? Que prometeu a si mesma que venceria por seus próprios méritos? Como pôde se deixar enganar assim? Porque querem me fazer de boba? Me julgam uma idiota? Mostrarei-lhes quem é essa mulher! Que ninguém brinca com Penélope Oliveira!"

Penélope pega as bolsas com as roupas que comprou, as joga sobre a cama, separa as que Eliana lhe fez comprar, sexys, ousadas, se veste com um vestido curto, que valoriza as suas pernas e possui um decote em v generoso, prende os cabelos em um coque deixando alguns fios soltos sutilmente, saltos e um batom mais forte "Se é de mulher assim que os homens gostam… Vou usar todas as armas! Mudar minha capa! O conteúdo, não vão decifrar!"

Marcelo avisa que está a esperando na portaria, nada romântico ou cavalheiro, está mais preocupado com o seu tio, não quer o deixar nervoso por esperar, olha no relógio esperando por ela "Penélope não é de se atrasar, será que vai começar logo agora?"

Penélope respira fundo e desce, sorri satisfeita ao observar o olhar de espanto e admiração de Marcelo ao vê-la se aproximar.

Marcelo: — Você está… está…

Penélope sorri fingindo ingenuidade: — Estou?!

Marcelo toca o seu rosto: — … Diferente!

Penélope se desvia dele, joga charme: — Vamos?!

Marcelo a olha de cima a baixo com cobiça: — Onde?! Onde vamos?

Penélope sorri: — Seu bobo, para empresa, não disse que Mendes já está nos esperando?!

Marcelo volta a si e disfarça: — Ah sim! Vamos, não gosto de me atrasar para meus compromissos…

Penélope entra no carro, cruza as pernas toda ‘sexy’. Marcelo não consegue desviar os olhos dela, parece que a vê pela primeira vez, sempre a viu de roupas da faculdade ou do dia a dia e agora lhe aparece mostrando o corpo curvilíneo e delicado com umas pernas bem torneadas… "Onde ela escondia tudo isso?" — pensa enquanto se dirige até a empresa com um sorriso maroto no rosto.

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