Capítulo 4. Abrindo os olhos.

Derick segura em sua cintura, suas mãos são firmes, fortes: — Desculpe minha irmã, às vezes ela extrapola…

Penélope olha para ele, sua voz é suave, sente o perfume da loção pós barba, um perfume másculo, ao mesmo tempo se lembra do cheiro de Isabele em Marcelo, olha para os dois: — Parece que Marcelo está gostando…

Derick: — Ele é o seu noivo… Não fica com ciúmes?

Penélope encosta a cabeça em seu peito, ouvindo as batidas de seu coração: — E, porque ficaria? Como disse Marcelo é meu noivo… Vai se casar comigo…

Derick provoca: — Por isso mesmo, ele não deveria estar dançando com você? Sua noiva!

Penélope sente a reprovação em sua voz: — Deveria?! Sou noiva dele, não dona! E eu também estou dançando com você… Está querendo me dizer algo?

Derick balança a cabeça: — Você deve conhecer com quem vai se casar…

Penélope olha para eles, os vê voltando a mesa, senhor Mendes diz algo a Marcelo e ele olha para pista, deixando Isabele e indo em direção dos dois, toca o ombro de Derick.

Marcelo: — Será que eu poderia dançar com minha noiva? (sorri para ela, o mesmo sorriso que ela sempre achou ‘sexy’, agora lhe parece falso).

Derick olha para Penélope e depois para Marcelo, um sorriso enigmatístico aparece em seu rosto mostrando seus dentes brancos e perfeitos, solta a cintura de Penélope e vai até sua irmã.

Penélope não sabe porque não consegue desviar o olhar dele, que pega no braço de Isabele, lhe diz algo ao ouvido e saem do restaurante, antes de ir embora ainda se vira e olha para ela, o mesmo olhar de reprovação.

Marcelo faz um carinho nas costas de Penélope e ela sente repulsa.

Marcelo: — O que foi? Está muito calada…

Penélope o olha nos olhos, sente uma vontade imensa de lhe dizer umas boas, questionar sobre o que ouviu, mais quer provas concretas do que ouviu, ele se aproxima para dar-lhe um beijo, ela vira o rosto: — Estou muito cansada, não parei o dia todo, gostaria de ir embora!

Marcelo: — Vou te levar para casa então. Tio Mendes quer que você conheça nossa empresa, marquei com ele amanhã a tarde.

Penélope: — Porquê não me disse antes? Tinha outros planos…

Marcelo ri e diz cínico: — Outros planos? Ir ao ‘shopping’ fazer mais compras com sua amiga Eliana?

Penélope se finge de desentendida " Ah Marcelo, você está me subestimando! Não sou a idiota que você pensa, me aguarde!" Penélope sente como se um véu escuro fosse tirado de seus olhos e começa a perceber a verdadeira face de seu noivo, seu caráter.

Não foi por ingenuidade que deixou chegar a esse ponto, Penélope, até dois meses atrás estava com a atenção toda voltada a faculdade, a formatura, como foi sempre responsável por resolver tudo sozinha, trabalhando como assistente em um escritório de advocacia durante o dia todo e estudando a noite, os encontros com Marcelo eram poucos e na maioria das vezes curtos. Estranhou quando ele lhe pediu em casamento, Marcelo sabe ser convincente quando quer, se sentiu pela primeira vez especial, um homem como ele, lindo, rico, lhe dando atenção, deixou o orgulho lhe cegar. O mesmo orgulho que agora está ferido, e como toda mulher de orgulho ferido, descobrindo que está sendo traída, ela não vai deixar barato.

Derick entra no carro com Isabele, nada contente com o seu comportamento, na verdade, eles são meio irmãos, Isabele é filha de seu pai com sua madrasta, conhece a vida que ela leva, irresponsável e fútil.

Derick: — Isabele, você não muda não é? Com tanto homem por aí porque escolheu um que já está noivo? Quando é que vai criar juízo?

Isabele ri: — Irmãozinho, você é muito certinho! Eu gosto da emoção, do desafio!

Derick: — Não quero que me meta mais em suas aventuras, pensei querer jantar com seu irmão e você me coloca numa situação constrangedora. Todos perceberam que você e Marcelo…

Isabele: — Perceberam nada! A noiva dele é uma sonsa, o casamento vai ser de fachada! Marcelo gosta é disso aqui!

Derick olha para irmã, não entende como ela pode ser tão diferente dele, sem moral ou respeito, balança a cabeça desanimado: — Vou te levar para casa, qualquer hora você vai se dar mal e não vou te ajudar.

Isabele: — Você me ama maninho! E não se preocupe, sei o que faço!

Derick se sente responsável por Isabele desde que perderam seus pais num acidente a alguns anos, dez anos mais velho que ela, sempre cuidou dela, tem se cansado de tentar colocar um pouco de juízo em sua cabeça, não entendendo como ela se tornou tão frívola. Trabalha desde muito jovem, formando-se em medicina e se especializando em cirurgia plástica tem ganhado fama e prestígio entre celebridades com cirurgias modeladoras, além de seu consultório atende em um hospital público, lá faz o que gosta atendendo os que realmente precisam de uma reparação e não de estética.

Sofreu uma decepção amorosa com uma mulher com o comportamento igual ao de sua irmã, o que o deixa ainda mais triste com ela. Durante o jantar chegou a sentir pena de Penélope, pois já esteve em situação semelhante, estava apaixonado e pensava ser correspondido, estava cego e sofreu quando descobriu a verdade. Não deseja o que passou a ninguém, por esse motivo ficou irritado com a situação, desejando que ela percebesse o que estava acontecendo.

Penélope, em casa, sozinha fica repassando em sua mente mil vezes o que ouviu, tentando entender o porquê. Toma um banho para limpar o corpo e as ideias, como todo advogado tem um pouco de detetive começa a estudar maneiras de descobrir tudo com provas. O que mais a deixa irritada é ter ouvido Marcelo a chamar de ingênua, é como se ele a chamasse de burra, e isso ela não é nem nunca foi.

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