**Em outro lugar da Itália…**
O sol já havia se escondido atrás dos prédios de mármore antigo, tingindo o céu de tons avermelhados e dourados, quando a mansão De Luca iluminou-se com luzes imponentes. Situada em uma colina afastada, com vista privilegiada para o mar, aquela propriedade não era apenas uma casa — era um símbolo de poder, riqueza e medo.
Carros importados desfilavam pela entrada de pedras lisas, enquanto seguranças armados, vestidos de preto da cabeça aos pés, mantinham os olhares atentos para cada detalhe do entorno. Ninguém ousava entrar ou sair dali sem ser notado. Aquele lugar era o coração da família De Luca, a máfia mais respeitada e temida de toda a Itália.
Dentro da mansão, o ambiente era uma mistura de requinte e frieza. Os lustres de cristal refletiam nas paredes adornadas com obras de arte caríssimas, mas o clima de tensão e respeito pairava como uma sombra invisível. Ali, cada palavra pesava, cada gesto era observado.
Na grande sala de reuniões, uma mesa comprida de madeira maciça abrigava os homens mais influentes do conselho. Eles falavam em voz baixa, temerosos, até que o som de passos firmes e pesados ecoou no mármore. O silêncio caiu de imediato.
Lorenzo De Luca havia chegado.
Ele não precisava abrir a boca para ser notado. A sua simples presença bastava para impor silêncio e medo. Alto, de porte firme e olhar afiado como lâmina, usava um terno escuro perfeitamente alinhado. Havia algo nele que misturava charme irresistível e ameaça constante — uma combinação que fazia inimigos tremerem e mulheres suspirarem.
Lorenzo caminhou até a cabeceira da mesa e se sentou com a calma de quem sabe que está no comando. Seus dedos tamborilaram de leve sobre a madeira, e em seguida, ele abriu um sorriso frio, quase divertido.
— Vejo que todos chegaram pontualmente… como deveriam — disse, sua voz grave carregada de ironia. — Sinto o cheiro do medo daqui, mas fiquem tranquilos. Eu só mato quando necessário.
Alguns homens riram nervosos, outros apenas engoliram seco. Era sempre assim: Lorenzo falava como quem brinca, mas ninguém nunca duvidava do peso de suas palavras.
Ao seu lado, entrou Matheo De Luca, o irmão mais novo. Diferente de Lorenzo, seu olhar carregava certa impulsividade, como uma fera jovem pronta para atacar. Embora tivesse a mesma imponência do irmão, havia nele um ar mais provocador, mais explosivo. Se Lorenzo era o gelo mortal, Matheo era o fogo incontrolável.
— Sempre tão dramático, fratello — disse Matheo, jogando-se em uma das cadeiras próximas. — Você assusta esses homens de graça.
Lorenzo virou-se para ele com um sorriso enviesado.
— E você acha que eles só me temem… — inclinou-se levemente para frente. — Eles também temem você, Matheo. Mas diferente de mim, você ainda deixa escapar que sente prazer no sangue. Isso é perigoso.
Matheo riu.
— Melhor sentir prazer do que agir como um demônio sem alma, irmão. Pelo menos eu mostro o que sou.
O conselho permaneceu em silêncio, como se assistisse a uma partida de xadrez entre predadores.
Foi então que a porta do salão se abriu novamente. Antônio De Luca entrou, acompanhado de sua esposa, Isabel. O pai era um homem de presença imponente, cabelos grisalhos bem cuidados, terno impecável e olhar que exalava respeito. Ele era um verdadeiro senhor da máfia, um estrategista nato que havia construído aquele império. Ao seu lado, Isabel, a matriarca, desfilava como uma rainha absoluta. Bela, elegante e com um olhar calculista, ela irradiava poder e delicadeza em igual medida.
Todos se levantaram imediatamente, em sinal de respeito.
— Sentem-se — disse Antônio, com a voz firme, sem necessidade de elevar o tom.
Quando ocuparam seus lugares, ele lançou um olhar de aprovação para os filhos.
— Vejo que mantêm a casa em ordem. — fez uma pausa, servindo-se de um vinho tinto. — Mas há problemas. Dívidas antigas que precisam ser cobradas.
Lorenzo arqueou a sobrancelha, seu sorriso frio retornando.
— Problemas… sempre existem. — ele apoiou o cotovelo na mesa e levou a taça de vinho aos lábios. — Quem são os devedores desta vez?
Um dos homens do conselho se remexeu desconfortável antes de responder.
— A família Moretti, signore. Eles devem uma quantia considerável… e já não têm mais de onde tirar.
Um silêncio denso pairou no ar. O olhar de Lorenzo se estreitou, sua mente trabalhando rapidamente.
— Moretti… — ele repetiu devagar, como quem saboreia uma palavra amarga. — Nome pequeno demais para carregar uma dívida tão grande.
Matheo inclinou-se para frente, os olhos brilhando com curiosidade.
— Deixe comigo, Lorenzo. Posso fazer eles cantarem rapidinho.
Lorenzo deu uma risada baixa, seca.
— Sempre tão precipitado, fratello. — ele ergueu a mão, como se cortasse o ar. — Calma. Primeiro, quero detalhes. Quem exatamente está no comando dessa dívida?
O conselheiro pigarreou.
— Alberto Moretti, senhor. O patriarca.
Lorenzo recostou-se na cadeira, observando o teto por um instante, pensativo. Em seguida, voltou o olhar para todos, seu sorriso sarcástico reaparecendo.
— Então… o senhor Moretti terá a honra de conhecer os De Luca mais de perto. — bateu de leve a taça na mesa. — Ninguém escapa das minhas cobranças.
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De repente, a cena mudou de foco. O narrador invisível desapareceu, e era a própria voz de Lorenzo que tomava conta, firme e fria, quase como se ele falasse diretamente com o leitor.
*"Eu sou Lorenzo De Luca. Muitos me chamam de o Demônio da Itália… e eu não ligo. Demônios não precisam de piedade, apenas de poder. Eu comando com punho de ferro, e quem ousa me desafiar… termina enterrado seis palmos abaixo. Não existe meio-termo comigo. Ou você é leal, ou você é inimigo. E inimigos… não respiram por muito tempo."*
Ele se levantou, caminhando devagar pela sala, como um predador que exibe sua força.
*"A minha família é meu sangue. Meu pai, Antônio, é a mente que construiu tudo isso. Minha mãe, Isabel, é a rainha que governa ao nosso lado. E meu irmão, Matheo… ah, Matheo… ele é o fogo que eu mantenho sob controle. Ele quer o mundo nas mãos, e eu não culpo ele. O mundo é nosso por direito."*
Lorenzo parou diante da janela, observando o jardim iluminado pela lua.
*"Quanto às dívidas… todos pagam. Sempre. Se não for com dinheiro… é com sangue. E se os Moretti não aprenderem isso rápido… vão conhecer de perto o inferno que carrego nos olhos."*
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De volta à narrativa em terceira pessoa, a reunião prosseguiu até tarde da noite. Os De Luca discutiram estratégias, traçaram caminhos, falaram de negócios sujos e guerras iminentes contra famílias rivais. O clima era pesado, mas ao mesmo tempo fascinante. Aquele era o coração pulsante da máfia.
No fim, quando os conselheiros se retiraram, apenas os quatro permaneceram na sala: Antônio, Isabel, Lorenzo e Matheo.
— Lembrem-se, meus filhos — disse Antônio, erguendo sua taça. — O poder se mantém com respeito, mas também com medo. Nunca deixem ninguém esquecer de quem somos.
— Nunca — respondeu Lorenzo, sua voz carregada de promessa.
Isabel sorriu de forma orgulhosa, mas seus olhos revelavam algo mais. Ela desejava que seus filhos, além de governarem, encontrassem suas rainhas. Queria vê-los casados, protegidos por mulheres fortes ao lado deles. Era um sonho silencioso que guardava no coração.
Naquela noite, enquanto Lorenzo e Matheo deixavam a sala, uma sensação estranha percorreu o ar. Algo estava prestes a mudar. Algo que conectaria o destino da família De Luca a pessoas que, até então, eles jamais haviam considerado importantes.
E esse algo… tinha nome.
Isabella.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Rita DE Cassia Gomes
muito boa a estória parabéns
2025-09-02
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