Valentina – 11 anos
O dia em que minha mãe me contou que iríamos nos mudar pro Brasil começou com panquecas.
Ela entrou no meu quarto com um sorriso leve demais pro tamanho da bomba que vinha.
— Temos uma notícia, Val…
— Boa ou ruim? — perguntei direto, ainda deitada.
— Boa — ela respondeu.
(Ela sempre dizia isso quando a notícia era ruim pra mim e boa pros adultos.)
**
A conversa foi longa.
Nova proposta de trabalho.
Oportunidade única.
Mais perto da família dela.
Uma escola incrível me esperando.
Uma nova fase.
Eu ouvi tudo.
Em silêncio.
Mas no fundo… uma parte de mim começou a latejar.
Eu não queria ir.
Claro, amava minha mãe. Claro, o Brasil parecia legal nas histórias dela. Mas ali era o meu mundo.
Meus fins de semana na mansão.
Minha escola.
Meus quartos.
E… ele.
Jace.
O garoto que eu dizia odiar.
Mas que de algum jeito esquisito…
era meu ponto fixo em meio ao caos.
**
Faltava um mês pra mudança e eu ainda não tinha contado nada a ele.
Fugíamos um do outro naquela casa como sempre. Brigas. Provocações.Tensão.
Mas naquele último final de semana juntos, tudo foi diferente.
Ele não implicou. Não escondeu minha escova.
Não trocou meu shampoo por gel.
E eu… Eu não fiz nada com as meias dele.
Nem coloquei corante no leite.
A gente quase se evitou.
**
No domingo à noite, no final do jantar que minha madrasta insistiu em dar para nós na casa onde ela namorava com Jace e meu pai, minha mãe anunciou:
— Valentina está indo morar no Brasil comigo.
— Amanhã cedo — completou meu padrasto
A mesa ficou em silêncio por dois segundos.
Jace mastigava. Não disse nada. Só continuou comendo.
Nem levantou os olhos.
**
Minha mãe e meu padrasto foram para casa , terminar de arrumar as coisas, eu fiquei na mansão, queria aproveitar um pouco mais meu pai e até minha madrasta que eu gostava muito.
Na manhã seguinte, antes de ir, passei em frente ao quarto de Jace. A porta estava entreaberta.
Ele estava no computador, de fone, com cara de quem não se importava com nada.
— Tchau — falei da porta.
Ele nem se virou.
Só ergueu a mão, como quem acena.
E naquele aceno sem emoção, eu entendi:
ele ia fingir até o fim. Ou estava totalmente errada e ele não se importava mesmo. Talvez estivesse feliz com a minha partida, não teria que aturar a irmã postiça nos finais de semana. Eu só viria uma vez no ano, nas férias da escola.
**
Chorei no carro.
Minha mãe achou que era por saudade do lugar.
E eu deixei ela pensar isso. Por que também era, eu sentiria muita falta do nosso apartamento, da escola, dos amigos, da casa do meu pai, deles.
Mas lá dentro…
Tinha outra coisa.
Era o silêncio dele.
Era o fato de que, pela primeira vez, eu queria que ele tivesse ao menos fingido que ia sentir minha falta.
Ou dito alguma coisa.
Qualquer coisa.
Mas Jace…
Jace só me deu um aceno.
E foi assim que eu deixei a mansão.
Com uma mala cheia de roupas.
E um coração triste, porque por mais que nós nos odiássemos e implicássemos um com o outro, nós vivemos três anos como família.
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Atualizado até capítulo 129
Comments
Pati 🎀
e eu aqui já emocionada porque eles vão se separar 🤭😅😅😓, meu coração bobinho 🤭
2025-09-04
0
Pati 🎀
olha eu aqui sofrendo junto com a Val 🤭🥹
2025-09-04
0
Anália Cristina
tadinha da Val 😪
2025-09-02
1