O carro parou diante do hotel pouco antes das dez da noite.
O edifício era imponente, com a fachada iluminada refletindo nas vidraças polidas. Um porteiro abriu a porta para Krit, que saiu primeiro, seguido por Niran.
No saguão, o ar-condicionado oferecia um alívio bem-vindo ao calor úmido de Bangkok. O atendimento foi rápido — Krit havia feito a reserva com antecedência.
Foi então que Niran percebeu algo estranho. O atendente entregou apenas uma chave eletrônica.
— Senhor Chaisawat… — Niran começou, confuso. — Só uma chave?
Krit nem sequer hesitou.
— O hotel está lotado. A reserva que fizeram para você foi cancelada. — Ele disse isso como se fosse um detalhe irrelevante. — Vamos compartilhar o quarto.
O coração de Niran deu um salto, mas ele manteve a expressão neutra.
— Certo…
Subiram no elevador em silêncio, mas não era um silêncio comum. Era denso, carregado. Niran podia sentir a presença de Krit ao seu lado, cada respiração medida, cada movimento controlado.
O quarto era amplo, com vista panorâmica da cidade iluminada. Uma cama king size ocupava o centro, ladeada por duas poltronas e uma pequena mesa. O aroma suave de jasmim pairava no ar.
Niran pousou a mala perto da parede, tentando disfarçar o nervosismo.
— Posso dormir no sofá — ofereceu, apontando para uma das poltronas.
— Não seja ridículo. — A voz de Krit era firme, mas não rude. — A cama é grande o suficiente.
— Eu não quero incomodar…
— Não vai incomodar. — Ele disse isso olhando diretamente para Niran, como se quisesse encerrar qualquer possibilidade de discussão.
Enquanto Niran se refugiava no banheiro para trocar de roupa, apoiou as mãos na pia e respirou fundo. O reflexo no espelho mostrava suas bochechas levemente coradas.
É só uma noite. Não significa nada.
Mas o coração não parecia disposto a aceitar essa lógica.
Quando saiu, encontrou Krit sentado na poltrona, já sem o paletó, com a gravata afrouxada. A camisa branca deixava ver o contorno definido dos ombros, e Niran precisou desviar o olhar rapidamente.
— Pode usar o banheiro. — Ele se apressou a dizer, para ocupar o silêncio.
Krit levantou-se, passando perto dele — perto o suficiente para que Niran sentisse o calor que emanava do corpo do outro, junto ao leve aroma amadeirado de seu perfume.
Quando Krit voltou, a tensão parecia ter se intensificado. Ele desligou a luz principal, deixando apenas o abajur aceso, e deitou-se de um lado da cama. Niran hesitou por alguns segundos antes de se deitar no outro lado, o mais afastado possível.
O silêncio se prolongou. A cidade brilhava através da janela, e o som distante do trânsito parecia vir de outro mundo.
— Niran… — A voz de Krit rompeu a calma.
— Sim? — respondeu, sem virar o rosto.
— Você confia em mim?
A pergunta o pegou desprevenido.
— Confio.
Krit não disse nada por alguns instantes.
— Então não precisa ter medo de mim.
As palavras ecoaram na mente de Niran muito depois que o silêncio voltou. Ele fechou os olhos, sentindo o peso do não-dito.
No meio da madrugada, acordou com um movimento ao seu lado. Krit estava sentado na beira da cama, olhando para a janela. A luz da cidade iluminava o contorno de seu rosto, revelando uma expressão rara: vulnerabilidade.
— Não consegue dormir? — Niran perguntou, a voz baixa.
Krit virou-se lentamente, como se tivesse sido surpreendido.
— Só… pensando.
— Em quê?
Ele hesitou, depois deu um leve sorriso — um sorriso triste.
— Em coisas que não digo.
Niran sentiu que aquela frase carregava muito mais do que parecia. Mas, antes que pudesse perguntar, Krit voltou a se deitar, de costas para ele.
E, no escuro, Niran percebeu que o silêncio entre eles já não era o mesmo.
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Atualizado até capítulo 50
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