Amor em Linha de Comando

Amor em Linha de Comando

Capítulo 1 – Entre Olhares e Silêncios

O som constante das teclas preenchia o ar, misturado ao leve zumbido do ar-condicionado. A Pannarai Tech estava em seu ritmo habitual — funcionários apressados com pastas nas mãos, telefones tocando, conversas abafadas nos corredores. No meio daquele caos organizado, Niran Anurak estava concentrado diante do notebook, revisando a agenda do dia.

Ele já estava acostumado com a rotina exata e exigente de Krit Chaisawat. Como secretário pessoal do CEO, seu trabalho não era apenas organizar reuniões e lidar com ligações, mas também antecipar necessidades antes mesmo que fossem ditas. Krit não gostava de repetir pedidos.

Niran ajustou os óculos, conferiu a planilha pela terceira vez e respirou fundo. Eram sete e quarenta e cinco da manhã. Às oito em ponto, Krit entraria na sala — e ele nunca se atrasava.

Como se o pensamento fosse um prenúncio, o som característico dos passos ecoou pelo corredor. Passos firmes, controlados, quase silenciosos, mas que Niran aprenderia reconhecer de longe.

A porta se abriu com um clique preciso. Krit Chaisawat surgiu, vestindo um terno preto impecável, gravata perfeitamente alinhada. O rosto era sério, e o olhar — aquele olhar penetrante que parecia atravessar qualquer barreira — pousou por um segundo em Niran antes de seguir para a mesa.

— Bom dia, senhor Chaisawat — disse Niran, com profissionalismo ensaiado, mas a voz carregava um traço involuntário de calor.

— Bom dia. — A resposta veio curta, quase seca. Krit pousou a pasta de couro sobre a mesa e retirou o notebook, sentando-se.

Silêncio. Sempre havia silêncio no início da manhã. Não que Krit fosse mal-educado, mas parecia acreditar que cada palavra precisava de um propósito. Niran, acostumado, não insistia. Limitava-se a passar os relatórios e atualizar a agenda, enquanto se perguntava, como fazia desde a escola, o que se escondia por trás daquela postura fria.

Eles se conheciam desde adolescentes. E naquela época… bem, naquela época, Krit não sorria muito também, mas havia momentos — raros, preciosos — em que Niran conseguia arrancar uma reação genuína. Hoje, esses momentos pareciam enterrados sob camadas de formalidade e distância.

— Reunião com os acionistas às nove. — Niran entregou o primeiro relatório. — Às onze, conferência com o conselho de desenvolvimento. Almoço com o senhor Sutham, da WestCorp, às treze horas.

Krit assentiu, folheando rapidamente os papéis.

— O Sutham confirmou presença?

— Confirmou ontem à noite. — Niran manteve o tom neutro, embora estivesse plenamente consciente de cada microexpressão do chefe.

Krit ergueu o olhar, e por um instante, houve um silêncio diferente. Não o silêncio impessoal de sempre, mas algo carregado de… atenção. Talvez curiosidade.

— Ótimo. — Ele desviou o olhar de volta ao papel, encerrando a conexão visual como quem fecha uma porta.

Niran engoliu seco. Esse era o problema. Com Krit, cada breve momento de aproximação vinha acompanhado de um recuo ainda maior.

A manhã seguiu o padrão: relatórios, telefonemas, e o constante desafio de lidar com a presença magnética e intimidadora do CEO. Niran sabia que Krit era respeitado — e temido — por todos na empresa. Mas, para ele, havia um peso extra: carregar, em silêncio, um amor que começou anos atrás e nunca teve coragem de confessar.

Na hora do almoço, Krit saiu com Sutham, como programado. Niran aproveitou para organizar alguns documentos pendentes e responder e-mails. Quando o relógio marcava uma e quarenta e cinco, o som da porta se abrindo novamente chamou sua atenção.

Krit entrou com a mesma postura impecável, mas algo no olhar indicava que a reunião não havia sido das mais agradáveis. Ele largou a pasta sobre a mesa com mais força que o normal e soltou um suspiro quase imperceptível.

— Problemas? — Niran perguntou antes de se conter. Não costumava fazer perguntas pessoais, mas às vezes a preocupação escapava.

Krit o fitou por um instante, como se avaliasse se valia a pena responder.

— Nada que eu não resolva.

Era o jeito dele de encerrar o assunto. Niran assentiu e voltou a digitar, mas percebeu, pelo canto do olho, que Krit continuou olhando em sua direção por alguns segundos antes de abrir o notebook.

A tarde trouxe uma surpresa. Pouco depois das três, Krit chamou Niran à sua sala particular. Não era incomum, mas a forma como ele disse o nome — firme, mas baixa — fez o coração de Niran acelerar.

— Preciso que me acompanhe amanhã à filial de Bangkok — disse Krit, sem rodeios. — Vai ser uma reunião longa e quero você lá para registrar tudo.

— Claro. — Niran anotou mentalmente o compromisso. — Quer que eu organize hospedagem?

— Sim. — A resposta veio rápida. — E… reserve uma mesa para jantar amanhã à noite.

Niran piscou, ligeiramente confuso.

— Para a equipe?

Krit ergueu uma sobrancelha.

— Só nós dois.

O estômago de Niran deu um salto, mas ele disfarçou.

— Certo. Alguma preferência?

— Silencioso. Privado. — Krit voltou a digitar, como se aquilo não tivesse nenhuma importância. — Pode voltar ao trabalho.

Niran saiu da sala tentando controlar o próprio ritmo cardíaco. Aquilo não era normal. Krit nunca o chamava para jantares fora do trabalho, muito menos em um ambiente “privado”.

O resto do dia foi um exercício de autocontrole. Niran se concentrava nas tarefas, mas a mente insistia em criar hipóteses. Seria apenas trabalho? Ou…

Do lado de dentro, Krit também não estava tão imperturbável quanto aparentava. Desde que voltou a trabalhar com Niran, anos depois da escola, um conflito interno o acompanhava. O desejo de se aproximar lutava contra o medo de perder o controle — e, pior, a crença de que Niran já tinha alguém. Ele não se permitia perguntar, mas as vezes em que via o secretário sorrindo ao celular, seu peito se contraía num misto de raiva e ciúme.

Às seis da tarde, Niran recolheu os últimos documentos da mesa.

— Boa noite, senhor Chaisawat.

Krit levantou o olhar. Por um instante, parecia que diria algo mais.

— Boa noite, Niran. — A voz saiu mais baixa que o normal, quase suave.

Niran deixou o escritório com aquela frase ecoando na mente. Era pouco, mas para ele, era suficiente para alimentar a esperança.

O dia seguinte prometia mais do que uma simples viagem de negócios.

Capítulos
1 Capítulo 1 – Entre Olhares e Silêncios
2 Capítulo 2 – Viagem sem Escapatória
3 Capítulo 3 – Um Quarto, Dois Silêncios
4 Capítulo 4 – Entre o Instinto e a Máscara
5 Capítulo 5 – A Prioridade Inesperada
6 Capítulo 6 – O Ciúme que Ele Não Admitiria
7 Capítulo 7 – O Jantar e o Incêndio Silencioso
8 Capítulo 8 – A Sombra de Outro
9 Capítulo 9 – Silêncios Entre Linhas
10 Capítulo 10 – Limites Quebrados
11 Capítulo 11 – A Noite que Não Terminou
12 Capítulo 12 – Luzes e Sombras
13 Capítulo 13 – Estrada Molhada
14 Capítulo 14 – Entre Suspiros e Confissões
15 Capítulo 15 – Recuperação Forçada
16 Capítulo 16 – Proximidade Calculada
17 Capítulo 17 – Proximidade Forçada
18 Capítulo 18 – “O Retorno ao Cotidiano”
19 Capítulo 19 – O Retorno
20 Capítulo 20 – Horas Extras
21 Capítulo 21
22 Capítulo 22- primeiro beijo
23 Capítulo 23
24 Capítulo 24
25 Capítulo 25
26 Capítulo 26
27 Capítulo 27 – Entre Desculpas e Provocações
28 Capítulo 28 – Quando a Linha se Rompe
29 Capítulo 29 – A Noite que Mudou Tudo
30 Capítulo 30
31 Capítulo 31
32 Capítulo 32
33 Capítulo 33
34 Capítulo 34
35 Capítulo 35– A Interferência de May
36 Capítulo 36 – O Fogo da Possessão
37 Capítulo 37 – Pedido Irreversível
38 Capítulo 38 – Sob o Mesmo Teto
39 Capítulo 39– Primeiras Manhãs
40 Capítulo 40 – A Visita Inesperada
41 Capítulo 41 – Perguntas Incômodas
42 Capítulo 42 – Só nós dois
43 Capítulo 43 – Segredos à Mostra
44 Capítulo 44 – Fuga a Dois
45 Capítulo 45 – Olhando para o Futuro
46 Capítulo 46– Rotina de Dois
47 Capítulo 47 – Um Brinde à Família
48 Capítulo 48 – O Pedido de Casamento
49 Capítulo 49– Preparativos e Despedida de Solteiro
50 Capítulo Final – O Casamento
Capítulos

Atualizado até capítulo 50

1
Capítulo 1 – Entre Olhares e Silêncios
2
Capítulo 2 – Viagem sem Escapatória
3
Capítulo 3 – Um Quarto, Dois Silêncios
4
Capítulo 4 – Entre o Instinto e a Máscara
5
Capítulo 5 – A Prioridade Inesperada
6
Capítulo 6 – O Ciúme que Ele Não Admitiria
7
Capítulo 7 – O Jantar e o Incêndio Silencioso
8
Capítulo 8 – A Sombra de Outro
9
Capítulo 9 – Silêncios Entre Linhas
10
Capítulo 10 – Limites Quebrados
11
Capítulo 11 – A Noite que Não Terminou
12
Capítulo 12 – Luzes e Sombras
13
Capítulo 13 – Estrada Molhada
14
Capítulo 14 – Entre Suspiros e Confissões
15
Capítulo 15 – Recuperação Forçada
16
Capítulo 16 – Proximidade Calculada
17
Capítulo 17 – Proximidade Forçada
18
Capítulo 18 – “O Retorno ao Cotidiano”
19
Capítulo 19 – O Retorno
20
Capítulo 20 – Horas Extras
21
Capítulo 21
22
Capítulo 22- primeiro beijo
23
Capítulo 23
24
Capítulo 24
25
Capítulo 25
26
Capítulo 26
27
Capítulo 27 – Entre Desculpas e Provocações
28
Capítulo 28 – Quando a Linha se Rompe
29
Capítulo 29 – A Noite que Mudou Tudo
30
Capítulo 30
31
Capítulo 31
32
Capítulo 32
33
Capítulo 33
34
Capítulo 34
35
Capítulo 35– A Interferência de May
36
Capítulo 36 – O Fogo da Possessão
37
Capítulo 37 – Pedido Irreversível
38
Capítulo 38 – Sob o Mesmo Teto
39
Capítulo 39– Primeiras Manhãs
40
Capítulo 40 – A Visita Inesperada
41
Capítulo 41 – Perguntas Incômodas
42
Capítulo 42 – Só nós dois
43
Capítulo 43 – Segredos à Mostra
44
Capítulo 44 – Fuga a Dois
45
Capítulo 45 – Olhando para o Futuro
46
Capítulo 46– Rotina de Dois
47
Capítulo 47 – Um Brinde à Família
48
Capítulo 48 – O Pedido de Casamento
49
Capítulo 49– Preparativos e Despedida de Solteiro
50
Capítulo Final – O Casamento

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