Capítulo 2: Sombras do Passado

A manhã seguinte chegou com um céu cinzento, refletindo o estado de espírito de Isadora. Sentada à mesa da cozinha, ela mexia distraidamente seu café, perdida em pensamentos sobre a noite anterior. O olhar intenso de Victor ainda estava gravado em sua mente, e a sensação do toque dele em sua pele parecia tão real quanto o aroma do café que preenchia o ar.

"Isadora! Você está bem?" A voz de Lara a tirou de sua reverie. A amiga se aproximou, com uma expressão preocupada no rosto. "Você parece distante."

"Eu... só estou pensando," Isadora respondeu, forçando um sorriso. "Sobre o que aconteceu ontem."

Lara arqueou uma sobrancelha, claramente interessada. "Você se referindo ao misterioso homem que fez seu coração disparar? O tal Victor?"

Isadora assentiu, mordendo o lábio. "É complicado. Ele é diferente, Lara. Há algo nele que me atrai e me assusta ao mesmo tempo."

A expressão de Lara mudou para uma mistura de empolgação e preocupação. "Você sabe que isso pode ser perigoso, certo? Ele é um completo desconhecido!"

"Eu sei," Isadora suspirou. "Mas eu não consigo ignorar o que sinto."

Enquanto conversavam, a mente de Isadora vagava para as memórias que sempre a assombraram: a perda de seus pais em um acidente trágico e a sensação constante de solidão que a acompanhava desde então. Ela nunca teve muitos amigos e sempre se sentiu como uma estranha no mundo.

Decidida a entender melhor seus sentimentos por Victor, Isadora decidiu sair para explorar as ruas da cidade naquela tarde. As sombras dançavam ao seu redor enquanto ela caminhava, cada esquina revelando um novo mistério.

Foi então que ouviu um sussurro familiar atrás dela. "Isadora!" Era Victor, surgindo como um fantasma das sombras. Seu olhar penetrante fez seu coração acelerar novamente.

"Oi," ela disse, tentando manter a calma enquanto sentia o calor subir à sua face.

Victor sorriu suavemente, mas havia uma tensão no ar. "Eu pensei que poderia te encontrar aqui."

O clima entre eles era carregado de eletricidade e promessas não ditas. Enquanto conversavam sobre trivialidades, Isadora percebeu que havia mais entre eles do que apenas atração física; havia uma conexão profunda que desafiava a lógica.

Mas logo os sussurros das sombras começaram a se intensificar. Isadora não sabia que Sebastian estava observando à distância, seus olhos frios como gelo enquanto ele planejava seu próximo movimento.

A cidade estava prestes a se tornar um campo de batalha entre luz e escuridão, e Isadora estava no centro dessa tempestade.

O sol tentava romper as nuvens, mas a luz que conseguia penetrar era fraca, quase como se a cidade estivesse presa em um estado de limbo. Isadora e Victor caminhavam lado a lado, mas a atmosfera ao redor deles parecia carregada de presságios.

"Você já explorou o bairro antigo?" Victor perguntou, quebrando o silêncio que se instalara entre eles.

"Não muito," Isadora respondeu, sentindo uma mistura de excitação e nervosismo. "O que tem lá?"

"Histórias. Muitas histórias," ele disse, seu olhar se perdendo nas sombras que cercavam as ruas. "Algumas são sobre amor e esperança, outras sobre traição e dor. Todas têm algo a ensinar."

Isadora sentiu seu coração apertar ao pensar em suas próprias histórias não contadas. "E você? Que história você carrega?" perguntou ela, curiosa.

Victor hesitou por um momento, como se estivesse pesando suas palavras. "Uma história que atravessa gerações," ele finalmente disse, sua voz baixa e grave. "Uma que envolve sombras... e escolhas."

Ela queria perguntar mais, mas antes que pudesse formular uma pergunta, um movimento nos arbustos próximos chamou sua atenção. A figura de Sebastian surgiu das sombras, com um sorriso sombrio nos lábios.

"Ah, Victor! Que prazer vê-lo aqui," disse Sebastian, sua voz suave como seda, mas com um tom de ameaça subjacente.

Isadora sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Havia algo inquietante em Sebastian; ele exalava uma confiança que a deixava desconfortável.

"Sebastian," Victor respondeu com um tom neutro, mas Isadora pôde perceber a tensão entre os dois homens.

"Você está bem?" Sebastian perguntou a Isadora com um olhar penetrante. "Parece que você encontrou alguém interessante para te fazer companhia."

Isadora tentou ignorar o desconforto que sentia ao estar na presença dele. "Sim, estou bem," respondeu ela secamente.

Victor se posicionou levemente à frente dela, como se estivesse protegendo-a de algo que ela ainda não entendia completamente. "Estamos apenas conversando sobre a cidade."

"Claro," disse Sebastian, seus olhos brilhando com malícia. "E qual é exatamente o seu interesse nessa cidade sombria, Isadora? Você sabe que alguns segredos podem ser perigosos."

A provocação nas palavras dele fez o coração de Isadora acelerar novamente. Ela não queria se deixar intimidar. "Eu não tenho medo dos segredos," respondeu ela com firmeza.

Victor lançou um olhar significativo para ela, como se estivesse avaliando suas palavras e sua coragem. Ele sabia que ela estava mais envolvida do que imaginava.

Sebastian inclinou-se levemente para frente, seu sorriso se ampliando de maneira sinistra. "Apenas tenha cuidado onde pisa, querida Isadora. Nem todas as sombras são tão benignas quanto parecem."

Com isso, ele se afastou lentamente, desaparecendo nas trevas da cidade enquanto a tensão pairava no ar.

Isadora virou-se para Victor, seu coração pulsando forte no peito. "Quem é ele?"

"Alguém com quem eu tenho um passado complicado," Victor respondeu com uma expressão grave nos olhos. "Ele é perigoso."

A revelação fez o estômago de Isadora revirar-se. A conexão entre eles estava se aprofundando rapidamente em meio a mistérios e perigos desconhecidos.

"Eu não quero me envolver em algo perigoso," disse ela hesitante.

"Nem eu," Victor admitiu suavemente. "Mas sinto que há algo maior em jogo aqui — algo que nos conecta."

Enquanto as sombras continuavam a dançar ao seu redor e o céu cinzento pairava sobre Eldrath como um manto pesado, Isadora sabia que precisava descobrir mais sobre aquele mundo obscuro e sobre si mesma.

A cidade estava prestes a revelar seus segredos — e Isadora estava determinada a enfrentá-los de frente.

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