A brisa fria da noite sussurrava entre as ruas estreitas de Eldrath, trazendo consigo o cheiro da umidade e do mistério. As luzes fracas das lamparinas mal iluminavam os paralelepípedos, criando um jogo de sombras que dançava ao redor de Isadora enquanto ela caminhava. Seu coração batia acelerado, não apenas pela ansiedade, mas pela sensação de que algo estava prestes a acontecer.
Isadora sempre se sentiu deslocada naquela cidade sombria, como se as paredes de pedra e os telhados góticos escondessem segredos que nunca seriam revelados a ela. Mas naquela noite, havia uma eletricidade no ar, uma promessa de mudança.
Ao virar uma esquina, ela quase esbarrou em um homem alto e imponente que emergiu das sombras. Seus olhos eram como abismos profundos, refletindo a luz da lua com um brilho hipnotizante. Victor. Ela não sabia seu nome ainda, mas sentiu uma conexão instantânea – um ímã invisível puxando-a para mais perto dele.
"Desculpe", murmurou Isadora, tentando desviar o olhar, mas algo em sua presença a mantinha cativada.
"Não há necessidade de se desculpar", respondeu Victor, sua voz suave como um sussurro. "A cidade tem seus próprios caminhos para nos guiar."
Isadora sentiu um frio na espinha. Havia algo em suas palavras que parecia mais do que um simples encontro casual. Era como se ele soubesse exatamente quem ela era e o que buscava.
"Você mora aqui?" perguntou ela, buscando quebrar o silêncio tenso.
"Sim", ele respondeu, dando um passo à frente. "Mas não sou como os outros moradores deste lugar."
Ela franziu a testa, intrigada e ao mesmo tempo assustada. "Como assim?"
"Eu carrego uma história antiga", disse Victor, com um sorriso enigmático nos lábios. "Uma história que envolve sombras e segredos."
Isadora sentiu seu coração acelerar novamente. A curiosidade superou o medo, e ela deu um passo à frente. "Eu também tenho meus segredos."
A atmosfera entre eles mudou instantaneamente; havia uma tensão palpável no ar. O tempo parecia parar enquanto eles se encaravam, cada segundo preenchido por promessas não ditas e desejos ocultos.
"Talvez devêssemos compartilhar nossos segredos", sugeriu Victor, inclinando-se levemente para mais perto.
Ela hesitou por um momento antes de responder: "Talvez sim."
E assim começou a dança entre luz e escuridão, onde cada palavra trocada era como uma faísca em meio à escuridão crescente. Isadora sabia que aquele encontro mudaria sua vida para sempre; mal podia imaginar até onde essa conexão a levaria.
O ar ao redor deles parecia vibrar com uma energia palpável, como se o próprio universo estivesse atento ao que estava prestes a acontecer. Isadora não conseguia desviar o olhar dos olhos de Victor; havia um mistério ali que a atraía de maneira irresistível.
"Você acredita em destinos?" perguntou ele, sua voz ecoando suavemente na noite.
"Destinos?" repetiu Isadora, refletindo sobre a pergunta. "Eu sempre pensei que era apenas uma forma de dar sentido às coisas que acontecem."
Victor sorriu, mas havia uma tristeza em seu olhar. "Às vezes, o destino nos encontra quando menos esperamos. Ele pode ser tanto um guia quanto um fardo."
As palavras dele ressoavam dentro dela, como se ele estivesse falando de algo que transcende o tempo e o espaço. Ela se sentia imersa em um mar de emoções, lutando para entender a profundidade daquela conexão.
"Você não parece ser da cidade," Victor continuou, observando-a atentamente. "O que trouxe você para Eldrath?"
Isadora hesitou, lembrando-se das razões que a levaram a deixar sua antiga vida para trás. "Eu... precisava de um novo começo," confessou ela. "Eldrat é diferente, misteriosa. Senti que aqui poderia encontrar algo que me faltava."
"Às vezes, o que nos falta está mais próximo do que imaginamos," respondeu Victor com um ar de sabedoria. "A cidade tem seus próprios segredos, e talvez você esteja destinada a descobri-los."
Ele fez uma pausa, como se estivesse ponderando suas próximas palavras. "Mas cuidado. Nem todas as sombras são benignas."
A advertência o deixou intrigada e assustada ao mesmo tempo. O desejo de saber mais sobre ele e os segredos da cidade era forte, mas o medo do desconhecido também se fazia presente.
"Você... você sabe algo sobre mim?" perguntou Isadora, tentando desvendar as camadas daquela conversa.
Victor inclinou a cabeça levemente, seus olhos brilhando na luz da lua. "Eu sinto coisas... e você tem uma luz interior que brilha intensamente, mesmo nas sombras."
Isadora sentiu um calor subir por seu rosto ao ouvir isso. As palavras dele eram como um bálsamo para sua alma inquieta.
"Vamos caminhar," sugeriu Victor, estendendo a mão como se quisesse guiá-la através das ruas escuras de Eldrath.
Ela hesitou apenas por um instante antes de aceitar sua mão. Assim que seus dedos se tocaram, uma onda de energia percorreu seu corpo, fazendo com que seus medos se dissipassem momentaneamente.
Enquanto caminhavam juntos pelas ruas iluminadas apenas pelo brilho das lamparinas, Isadora percebeu que estava prestes a cruzar uma linha invisível entre o familiar e o desconhecido. Cada passo era como uma promessa silenciosa de aventuras por vir.
"Existem lugares aqui onde as sombras guardam segredos antigos," Victor disse enquanto eles passavam por uma velha biblioteca coberta de trepadeiras. "Lugares onde histórias esquecidas aguardam aqueles corajosos o suficiente para encontrá-las."
Isadora olhou para ele com os olhos brilhando de curiosidade. "Como posso chegar até esses lugares?"
Victor sorriu novamente, seus lábios curvando-se em um sorriso enigmático. "A primeira chave está em ouvir as histórias contadas pelo vento e nas sombras dançantes."
Com isso, eles continuaram sua jornada pela noite enigmática de Eldrath, cada passo os levando mais fundo na escuridão — e mais perto das verdades ocultas que aguardavam ser reveladas.
E assim começou não apenas o encontro entre Isadora e Victor, mas também a descoberta de mundos além da compreensão — onde as sombras dançavam e os segredos aguardavam por aqueles dispostos a desvendá-los.
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Atualizado até capítulo 31
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