Capítulo 3

Cristóbal, fixa os olhos nas simples linhas que estão escritas naquele pedaço de papel, são breves. Não há explicações, apenas algumas frases que deixam claro que "Não pode casar-se com ele".

Por um momento, o mundo parece deter-se para Cristóbal. Seu rosto, que normalmente reflete um controle absoluto, congela. Seus olhos percorrem as palavras uma e outra vez, como se ao lê-las de novo pudessem mudar o significado. Mas não há escape: alguém, pela primeira vez em sua vida, o rejeitou, e não o fez em privado, mas sim diante de centenas de pessoas.

A sala se submerge em um incômodo silêncio, enquanto os rumores começam a se espalhar entre os convidados. Cristóbal permanece imóvel, ainda segurando a folha entre suas mãos, como se sua mente tivesse bloqueado ao tentar processar o ocorrido. Seu ego, tão grande quanto sua fortuna, começa a cambalear sob o peso desta humilhação pública.

No entanto, não é um homem que aceite a derrota facilmente. Depois de alguns minutos de silêncio, levanta a cabeça, endireita sua postura, e com voz firme e autoritária, anuncia que a cerimônia não se realizará. Não dá mais explicações. Não mostra emoção, apenas um controle frio que oculta o caos interior que deve estar sentindo nesses momentos. Ordena aos organizadores que continuem com a recepção como se nada tivesse acontecido. Se vai ser humilhado, ao menos o será em seus próprios termos.

A recepção continua, como se o casamento tivesse sido realizado com sucesso, os convidados desfrutam do champanhe mais caro, a comida do chef de renome, e a música de uma orquestra que parece alheia ao drama que se desencadeou. Cristóbal se mistura entre os convidados, oferecendo sorrisos forçados e conversas triviais. Mas seus olhos, sempre tão calculadores, agora refletem algo que nunca havia mostrado antes: vulnerabilidade.

Quando finalmente a noite chega ao fim, e os últimos convidados se vão, ele fica sozinho na enorme sala da recepção, rodeado de flores murchas e taças vazias. Pela primeira vez em muito tempo, o silêncio o envolve, e com ele, a realidade do ocorrido. Já não há máscaras, nem público, nem aparências a manter. Apenas um homem. Com todo o dinheiro do mundo, enfrentando um vazio que nenhuma quantidade de riqueza pode preencher.

Depois daquele dia, não voltou a ser o mesmo. A rejeição pública na igreja, o escândalo entre a elite que o observava com olhos expectantes, e a cruel verdade de ter sido abandonado pela mulher que pensou ter sob seu controle, o marcaram de uma maneira irreversível. O que restou daquele homem foi uma versão endurecida, fria e carente de qualquer sentimento, como se essa humilhação tivesse congelado para sempre seu coração, e qualquer emoção que pudesse experimentar. Se antes podia ter um meio sorriso arrogante, agora não há. Apenas os reflexos e seu rosto emolduram uma emoção dura, e com desprezo para com os demais.

Nos seguintes dias desapareceu da vista pública. Refugiou-se em uma de suas múltiplas propriedades, um ático de cristal que domina a cidade desde as alturas. Ali, rodeado de luxo, mas isolado de tudo, começou a transformar seu orgulho ferido em uma couraça impenetrável. Eliminou qualquer rastro de vulnerabilidade de sua vida. Se antes se mostrava prepotente e seguro, agora parece uma máquina que funciona unicamente com lógica, objetivos e resultados.

As pessoas que trabalham para ele, logo notaram a mudança. Seu olhar, antes arrogante, mas vivo, agora é glacial, vazio. Seu tom de voz se tornou monótono, como se cada palavra fosse calculada para causar o maior impacto com o menor esforço emocional. As reuniões com os sócios se converteram em sessões tensas onde ninguém se atreve a contradizê-lo. Já que não se interessa mais pelas brincadeiras, pelos elogios nem pelos jogos de poder. Tudo se reduziu a negócios: cifras, contratos e expansões.

Cortou qualquer laço que pudesse conectá-lo emocionalmente com o mundo. Suas amizades, se é que alguma vez teve, foram descartadas como peças inservíveis. A família: Sua mãe, seu único familiar, que sempre havia estado em segundo plano, desapareceu completamente de sua vida. Inclusive essas relações que mantinha com algumas amantes, que antes costumavam ser uma sucessão de conquistas para alimentar seu ego, se converteram em encontros transacionais, carentes de afeto ou interesse genuíno. Para ele, as emoções eram um luxo desnecessário, um risco que não estava disposto a tomar de novo.

Sua mansão, que antes havia sido um símbolo de ostentação e vida social, se converteu em um lugar frio e silencioso, quase como um museu. As festas e os eventos ficaram para trás, foram substituídos por longos períodos de solidão em seu escritório, com a única companhia de seus pensamentos e as luzes da cidade que piscavam na distância. Inclusive os objetos mais pessoais, como as fotografias de sua relação falhada, foram eliminados. Não queria recordar nada daquele dia, nem do que alguma vez significou para ele.

Focou toda sua energia em construir seu império. Se antes trabalhava por ambição e desejo de poder, agora o fazia com um propósito quase vingativo. Cada decisão que tomava parecia ser uma declaração silenciosa ao mundo: ninguém poderia voltar a humilhá-lo, ninguém voltaria a danificá-lo. Sua fortuna, já imensa, cresceu exponencialmente mais nos próximos 5 anos, mas com ela também cresceu seu isolamento.

Os poucos que conseguiam interagir com ele, depois do incidente, o descreviam como um homem desumano, alguém incapaz de empatizar ou mostrar a mais mínima emoção. As pessoas que, para ele, já não eram indivíduos, mas sim ferramentas para alcançar seu objetivo. Se alguém falhava, era substituído sem piedade alguma. Se alguém tentava aproximar-se demais dele, era rejeitado com uma frieza inigualável.

Ainda que desde fora parecesse mais poderoso que nunca, os rumores começaram a circular entre aqueles que o conheciam. Alguns diziam que havia perdido a capacidade de amar, outros que vivia atormentado pela lembrança daquele dia na igreja. Mas ninguém podia confirmá-lo. Só diziam que seu "coração havia se tornado uma pedra", porque jamais permitia que alguém se aproximasse o suficiente para conhecê-lo de verdade.

Assim o bilionário Cristóbal Devereaux, que uma vez foi arrogante e prepotente, cheio de vida, se converteu em uma sombra de si mesmo: um homem frio, calculador, cuja única motivação era que jamais voltaria a experimentar dor como a que o havia terminado por destruir. Mas nesse processo havia perdido algo fundamental: a capacidade de sentir-se humano.

O que acontecerá com este bilionário solitário? Aparecerá alguém que possa mudar sua vida por completo?

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