Capítulo 2

Enquanto isso, na outra sala da catedral, está Ana Patricia. Uma mulher de apenas 25 anos de idade. Uma supermodelo de fama mundial, com uma beleza deslumbrante e uma atitude marcante. Alta, esbelta, cabelos negros longos, olhos que são uma fantasia. "Pois use lentes de contato". Com feições esculpidas e um olhar glacial, que reflete sua segurança absoluta, Ana Patricia caminha pela vida como se cada passarela lhe pertencesse.

Desde sua luxuosa cobertura em Paris, até suas escapadas em iates particulares pela Riviera, tudo em sua existência gira em torno do luxo e, sobretudo, de "ela mesma". Não lhe interessa a amizade e muito menos o amor. Ao menos que lhe aportem algo tangível: fama, dinheiro ou influências. Suas relações que teve são meras transações, seu círculo mais próximo é composto por designers que a adoram, fotógrafos que a idolatram e pessoas que se desvivam para cumprir seus caprichos.

Nunca chega a uma sessão de fotos antes do meio-dia e, quando o faz, exige café colombiano na temperatura exata e um camarim cheio de flores brancas. Se algo não lhe agrada, seu mau humor pode surgir em questão de segundos e terminar por arruinar qualquer contrato milionário sem pestanejar. Em seu mundo, a empatia é um luxo desnecessário, não se incomoda em recordar os nomes de seus assistentes, a menos que um deles cometa um erro imperdoável, como esquecer sua água com rodelas de pepino.

O único amor de Ana Patricia é seu próprio reflexo, cuida tanto de sua figura que passa horas na academia e em tratamentos de beleza, exclusivas dietas rigorosas. Para ela, o sucesso é um direito, não um privilégio. E se alguém ousa fazê-la enojar-se, fulmina-o com o olhar e pode acabar com carreiras inteiras.

Para ela, conhecer o famoso bilionário, Cristóbal Devereaux, foi como cair do céu. Pois ele cumpre todas as expectativas que um homem pode oferecer-lhe, desde dar-lhe joias até o último desejo mais caro que ela possa pedir-lhe.

Está terminando de ajustar o véu sobre seus cabelos negros, fica vendo o espelho com uma mistura de nervosismo e determinação. Seu vestido de renda branca é perfeito, feito sob medida por um dos designers mais exclusivos de Paris. Cada prega, cada bordado, cada pérola costurada à mão grita "luxo". Sem dúvida será o casamento do ano.

O casamento está prestes a acontecer, Ana Patricia está cada vez mais convencida de que seu casamento é um erro, pois ao casar-se, deixará definitivamente a carreira de modelo, pois Cristóbal ordenou-o, está entre a espada e a parede, e seu novo contrato exclusivo, que tanto havia estado esperando, finalmente chegou essa grande oportunidade para catapultar sua fama mundial como a melhor modelo do mundo. Mas não tira o olhar do espelho, vendo seu reflexo e pensando na decisão que deve tomar, sair e caminhar por esse amplo corredor que a levará até o altar, até onde Cristóbal está esperando-a, e perder definitivamente sua liberdade e sua fama, para estar atada por toda a vida a um casamento que ainda não sabe se é o correto.

Ana Patricia caminha de um lado para o outro, esfregando as mãos, pensando claramente na decisão que nesse momento deve tomar, mas justo nesses instantes batem à porta. A voz do homem a faz sobressaltar-se.

--Senhora, a esperam. --

Ana Patricia fica em silêncio durante alguns segundos e hesita em responder, toma um longo suspiro e depois responde. -- Já vou. --

Ana Patricia volta ao espelho e começa a tirar o véu, coloca-o sobre a cama, busca entre suas coisas algo de roupa leve, coloca-as sobre a cama e começa a tirar o vestido de noiva. Depois se veste com suas roupas, pega seu telefone e faz uma ligação.

- Espere-me pela parte de trás -

São as palavras de Ana Patricia. Depois, entre suas coisas, busca sua agenda e uma caneta, escreve algumas linhas, dobra a folha e a deixa sobre a cama. Depois sai daquela habitação, recorda muito bem por onde foi que a levaram para não ser vista por ninguém, assim que por aí volta a sair, sem ser vista por absolutamente ninguém. Enquanto dentro da igreja todos os convidados se encontram já reunidos, sentados em seus respectivos lugares, tal e como Cristóbal indicou a seus empregados. Ele está parado frente ao altar esperando a chegada da noiva.

Mas enquanto tudo parece desenvolver-se segundo o planejado, há um ligeiro nervosismo no ar. Ninguém se atreve a mencioná-lo, mas já passaram vários minutos e ainda a noiva não faz ato de presença, torna-se mais evidente conforme passa cada minuto. Ele, no entanto, não parece preocupar-se. Está convencido de que ela logo chegará. Como não fazê-lo? Quem em seu juízo perfeito plantaria um homem como ele? Uma mulher como ela que está acostumada aos luxos, só ele pode dar-lhe todas as comodidades que ela possa pedir, ela é a única mulher que chamou um pouco sua atenção entre milhões de mulheres que conheceu. Por que acredita firmemente que ambos são iguais.

Os minutos passam, e Cristóbal não tem mais que dizer a um de seus assistentes que vá buscar a noiva, quando este regressa aproxima-se com cautela informando-lhe que a noiva escapou. Só se aproxima do seu assistente e diz-lhe:

*** - Encontre-a e traga-a -***

O assistente imediatamente obedece sua ordem, e Cristóbal se dirige aos convidados dizendo.

*** -- Não se preocupem, logo ela estará aqui --***

Diz com um sorriso que não mostra nervosismo, porque para ele, o mundo sempre girou em torno de seus desejos. Tudo o que quis, obteve. E isto não será a exceção.

No entanto, os murmúrios começam a propagar-se entre os convidados. O relógio avança, e a hora de início da cerimónia passa sem sinais da noiva. Na entrada da catedral, alguns dos organizadores do casamento procuram por todos os lados para dar com ela, os presentes começam a trocar olhares incómodos. Enquanto os músicos, já sem instruções, repetem a mesma peça uma e outra vez.

Finalmente, um de seus assistentes regressa, desta vez com o rosto pálido e preocupado, aproxima-se de Cristóbal e entrega-lhe uma folha dobrada. Cristóbal observa-a com curiosidade e, pela primeira vez, uma sombra de dúvida cruza em seu rosto. Desdobra a folha com movimentos lentos, como se o simples ato de ler pudesse resolver qualquer inconveniente.

O que acontecerá? Cristóbal mudará ou este duro golpe torná-lo-á ainda mais arrogante?

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